Testemunha diz que mãe de empresário tirou bebida alcoólica de Porsche
Testemunha que mora em frente ao local da colisão afirmou ter visto mãe do empresário que dirigia o Porsche tirar garrafas azuis do veículo
atualizado
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São Paulo – Uma testemunha do acidente provocado pelo empresário Fernando Sastre Filho, de 24 anos, acusado de dirigir embriagado, bater um Porsche na traseira de outro veículo e matar um motorista de aplicativo no dia 31 de março, na zona leste de São Paulo, afirmou ter visto a mãe de Fernando retirar garrafas de bebida alcoólica do veículo importado momentos após a colisão.
Monique Libânia de Souza, que mora em frente ao local do acidente, depôs em audiência no dia 28 de junho (assista abaixo).
Segundo informações da coluna True Crime, de Ullisses Campbell, no jornal O Globo, Monique afirmou que estava na sala assistindo à TV quando se assustou com o barulho da batida. Ao sair, a testemunha viu o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, agonizando dentro do Renault Sandero e Fernando em pé, “com sinais claros de embriaguez”.
“Ele estava completamente embriagado. Logo depois, chegaram a mãe, toda vestida de rosa, e o tio dele [Marcelo Sastre Andrade], um senhor grisalho. Eles chegaram em um Jeep Compass. A mãe foi até o carro do Fernando, retirou algumas garrafas azuis e as colocou no carro desse senhor”, disse Monique em juízo.
Veja o depoimento:
Quando questionada sobre o que Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos, fez exatamente, Monique descreveu o momento em que a mãe de Fernando retira as bebidas do carro do filho e as coloca no carro do tio. “Ela estava agachada, conversando com o Fernando, enquanto a porta do Porsche, do lado do passageiro, estava aberta. Então ela levantou, pegou uma garrafa de bebida. Quando o tio chegou, ela colocou [no carro dele]”, relatou.
De acordo com Monique, havia dois policiais nesse momento no local do crime, um homem e uma mulher. Quando questionada sobre a possibilidade de os policiais terem visto a cena, ela explicou que eles “estavam mais próximos ao carro do senhor Ornaldo, e a mãe do lado direito do Porsche”.
Fraude processual
Por determinação da Justiça de São Paulo, a Polícia Civil abriu um inquérito no caso para apurar se houve crime de fraude processual envolvendo familiares de Fernando.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, a suspeita é justamente o que Monique afirma ter testemunhado: que eles tenham retirado garrafas de bebida alcoólica do veículo antes da chegada da perícia.
Após o acidente, Daniela foi até o local. Imagem da câmera corporal acoplada à farda de uma policial que atendeu à ocorrência mostra eles tentando sair sem serem percebidos.
A policial militar Dayse Aparecida Cardoso Romão afirma que a mãe de Fernando prontificou-se a levar o filho ao hospital, como foi registrado pela câmera corporal da policial no local do acidente. Daniela, porém, não fez o combinado. O empresário não compareceu a nenhuma unidade de saúde e só se apresentou à Polícia Civil mais de 36 horas após o crime.
Outros depoimentos
Como mostrou o Metrópoles, após reportagem da coluna True Crime, do jornal O Globo, no mesmo dia do depoimento de Monique, também depuseram Giovanna Pinheiro Silva, de 23 anos, a namorada de Fernando Filho; o amigo do empresário, que estava no banco do carona no momento do acidente, Marcus Vinícius Machado Rocha, de 22 anos, e a namorada dele, Juliana de Toledo Simões, também de 22 anos.
A audiência de instrução é a etapa do processo penal feita para colher todas as provas das partes e todos os depoimentos das testemunhas, a fim de instruir o caminho do acusado ao Tribunal do Júri. Ela é feita em uma sessão pública e é comandada por um juiz. Fernando Filho é réu pelos crimes de homicídio doloso qualificado e lesão corporal gravíssima.