Teatro Oficina: terreno de Silvio Santos tem estacionamento irregular
Terreno do Grupo Silvio Santos, ao lado do Teatro Oficina, abriga estacionamento irregular; até veículos do “rapa” da prefeitura param lá
atualizado
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São Paulo — Nem parque, prédio ou espaço para rituais e contemplação. O terreno que é alvo de polêmica entre o Grupo Silvio Santos e o Teatro Oficina, no Bixiga, na região central de São Paulo, abriga atualmente um estacionamento irregular, sem licença prévia para funcionamento, segundo a própria Prefeitura de São Paulo. E, apesar disso, até mesmo veículos vinculados à administração municipal param lá.
Na segunda, pouco antes das 17h, ao menos três veículos identificados como sendo de Apoio à Remoção, o chamado “rapa” da prefeitura, estavam no terreno convertido em estacionamento irregular, ao lado de uma série de caminhões de mudança e outros carros particulares.
O terreno tem 10.823,06 metros quadrados, pouco mais que um campo de futebol, com entrada pela Rua Jaceguai, cercado por muros também nas ruas Abolição, Japurá e Santo Amaro. A topografia é irregular, com partes mais altas na laterais e uma depressão ao centro. Imagens antigas do Google mostram que o local é usado como estacionamento ao menos desde 2010.
Área de grande valor para o mercado imobiliário, o terreno fica a 2 km da Avenida Paulista e a 1 km da Praça da Sé, no coração da capital paulista. No local, o grupo empresarial que leva o nome do apresentador já chegou a cogitar a construção de prédios com mais de 100 metros de altura.
Por outro lado, o diretor José Celso Martinez sonhava em ver ao lado de seu Teatro Oficina o Parque do Rio Bixiga, desenterrando o veio d’água que corre sob aquilo que hoje é o chão estéril, cheio de pedras, por cima do qual param carros e caminhões. Zé Celso morreu em julho de 2023, depois de um incêndio na própria casa.
Acordo entre Ministério Público de São Paulo (MPSP) e prefeitura conseguiu a destinação de R$ 51 milhões de acordo judicial com a Uninove para serem usados na desapropriação, o que seria visto como insuficientes pelos atuais proprietários do terreno — estima-se que desejariam receber ao menos o dobro do valor.
Na segunda-feira (5/2), dois arcos que davam acesso do fundo do teatro ao terreno foram emparedados pelo Grupo Silvio Santos. O Oficina foi projetado por Lina Bo Bardi e é tombado em nível municipal, estadual e federal.
A Justiça autorizou em setembro a remoção de uma escada que havia no lugar, mas disse que qualquer modificação dos arcos dependeria de aprovação dos órgãos de proteção, o que não aconteceu.
O que dizem os responsáveis
A Subprefeitura da Sé diz que vistoriou o endereço nesta terça (6/2) e a empresa responsável pelo estacionamento não apresentou prévia licença de funcionamento. “Foi notificada a regularizar a situação no prazo de um mês. As solicitações para fiscalização podem ser feitas através da Central SP156”, afirma, em nota.
Sobre o carros do “rapa” parados no local, a Subprefeitura da Sé afirma que o estacionamento foi utilizado por uma empresa terceirizada de fiscalização. “A prestadora foi orientada a buscar outras opções”.
Questionado sobre o estacionamento irregular em seu terreno, o Grupo Silvio Santos não se manifestou até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.
A reportagem não conseguiu contato com a empresa que cuida do estacionamento. O espaço segue aberto para manifestação.