Teatro Oficina: artistas protestam contra emparedamento dos arcos
Artistas do Teatro Oficina realizaram protesto nesta terça (6/2) contra o emparedamento dos arcos do imóvel, feito pelo Grupo Silvio Santos
atualizado
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São Paulo — Artistas do Teatro Oficina e pessoas em geral participaram no início da tarde desta terça-feira (6/2) de manifestação contra o emparedamento dos arcos, feito pelo Grupo Silvio Santos, em São Paulo. Dezenas foram ao local e protestaram pacificamente, em meio a canto e dança, com um ritual em frente às aberturas que foram fechadas pelo grupo empresarial do apresentador na segunda.
Em setembro do ano passado, a Justiça concedeu ao Grupo Silvio Santos o direito de remover uma escada azul que dava acesso ao seu terreno, a partir de duas aberturas nos fundos do teatro.
As aberturas são arcos escavados pelo próprio diretor José Celso Martinez, criador do Teatro Oficina e morto em julho de 2023, após um incêndio em sua casa.
O terreno onde estava a escada é alvo de polêmica há décadas. Zé Celso sempre manifestou o interesse de transformar o local no Parque do Rio Bixiga. Prefeitura e Ministério Público de São Paulo (MPSP) propuseram que R$ 51 milhões, dos mais de R$ 1 bilhão a serem pagos em um acordo judicial pela Uninove, seriam destinados à desapropriação do local. Entretanto, ainda não há uma definição a respeito.
O Oficina é tombado em instâncias federal, estadual e municipal. Embora tenha concedido ao Grupo Silvio Santos o direito de remover a escada, a juíza Daniela Dejuste de Paula acolheu pedido do MPSP para que os órgãos de proteção do patrimônio fossem informados sobre eventual obra nos arcos.
Questionados na segunda (5/2), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) afirmaram que não houve o pedido por parte do Grupo Silvio Santos.
O Iphan disse que faria uma vistoria no imóvel já nesta terça.
O que diz o Grupo Silvio Santos
O Grupo Silvio Santos disse que “só buscou reparar o estado original de nosso imóvel após longa e exaustiva discussão jurídica que reconheceu, nos autos do processo, que a referida escada nunca havia sido parte do tombamento do Teatro Oficina”.
Segundo o grupo empresarial, foi comprovado o direito, obteve-se a decisão favorável e foi cumprida a decisão judicial. “O correto teria sido a outra parte ter executado o reparo, mas, pela incapacidade financeira alegada, o Juízo entendeu que o GSS poderia fazê-lo”, afirmou, em nota. “Reforçamos que temos muito respeito pelo Teatro Oficina e esperamos que compreendam”, disse.