Tribunal de Contas de SP diz que serviços da Enel têm “graves falhas”
TCMSP apontou falhas na qualidade do serviço e aumento no tempo do atendimento. Recomendações rigorosas foram enviadas à Aneel
atualizado
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São Paulo — Mais de 400 mil imóveis continuam sem energia em São Paulo nesta segunda-feira (14/10), após o forte temporal da noite a última sexta-feira (11/10). Diante do cenário, um grupo de estudos criado pelo Tribunal de Contas do Município (TCMSP) identificou graves falhas e encaminhou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma nota técnica com recomendações rigorosas para aprimorar a prestação dos serviços de distribuição de energia da Enel.
Dentre os problemas observados pelo TCM, foram apontadas falhas graves no cumprimento de metas de investimento e na qualidade do atendimento da Enel, aumento no tempo médio de atendimento a emergências e baixo desempenho em indicadores de satisfação do consumidor. Segundo nota do tribunal, estes pontos resultam na aplicação de penalidades por descumprimento de obrigações regulatórias.
O TCMSP sugere, ainda, a implementação de auditorias externas, maior transparência nos indicadores de desempenho e criação de um plano de contingência eficaz para situações de emergência, especialmente em episódios de interrupção prolongada no fornecimento de energia elétrica.
Temporal
Além da falta de luz, houve um rastro de mortes e destruição no estado. De acordo com a Defesa Civil, sete pessoas morreram em consequência das chuvas: três em Bauru, no interior, duas em Cotia e uma em Diadema, na Grande São Paulo, e uma na capital paulista.
O apagão chegou a deixar mais de 2 milhões de clientes da Enel sem energia elétrica. Na manhã desta segunda-feira (14/10), ainda havia 430 imóveis sem energia na região metropolitana.
Desde sexta-feira, a retomada do serviço tem ocorrido de forma lenta. Uma das regiões mais afetadas da capital é a zona sul: nesse domingo (13/10), os bairros Jabaquara, Campo Limpo, Pedreira e Jardim São Luís ainda enfrentavam o apagão.
Muitos semáforos foram desligados durante o temporal e em vários cruzamentos da capital a situação se arrasta. Em nota ao Metrópoles, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que o apagão provocou o desligamento de 187 faróis. Às 6h desta segunda-feira, ainda havia 116 equipamentos apagados. “Todas as equipes estão em campo para auxiliar na fluidez do trânsito”, disse o órgão.
Abastecimento de água
A falta de energia acabou afetando também o abastecimento de água na região metropolitana. Segundo a Sabesp, o funcionamento de estações elevatórias e boosters, equipamentos que transportam a água para locais mais altos, está prejudicado.
De acordo com nota da Sabesp enviada nesta segunda-feira, trechos da capital e dos municípios de Cotia, Santo André, Embu das Artes, Cajamar e Mauá enfrentam o desabastecimento.
Na cidade de São Paulo, os bairros afetados são Americanópolis, Vila do Encontro, Vila Clara e Ipiranga. Na nota, a Sabesp pediu o “uso consciente” da água armazenada nas caixas residenciais.
Previsão do tempo
Após o forte temporal que provocou um apagão em São Paulo na sexta-feira, há previsão para novas pancadas de chuva ao longo desta semana. Na capital paulista, é possível que o fenômeno aconteça a partir de quarta-feira (16/10).
Segundo a Climatempo, a semana começa com o tempo encoberto, mas sem a probabilidade de chuva na Grande São Paulo. Na terça-feira (15/10), a temperatura deve subir também no litoral.
Até sexta-feira (18/10), as pancadas de chuva devem atingir diversas regiões. O final de semana terá chuva mais frequente, mais generalizada e com alto potencial de temporais na capital, no centro-norte, nordeste e oeste do estado de São Paulo.
Os mapas da Defesa Civil também apontam o tempo nublado em São Paulo durante a semana.
Veja:
Restabelecimento de energia
Após reunião na manhã desta segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu prazo de três dias para que a concessionária Enel restabeleça o fornecimento de energia em todo o estado. Mais de 500 mil imóveis continuam sem luz desde sexta-feira (11), quando um temporal provocou um apagão que afetou principalmente a região metropolitana.
“Eu disse para a Enel que ela tem os próximos três dias para resolver os problemas de maior volume, ou seja, ela só vai poder, ao final desses três dias, apresentar, se necessário, questões pontuais de locais onde ela não consegue ter acesso com um fato superveniente”, afirmou Silveira.
O ministro afirmou, ainda, que a Enel vai ampliar o número de eletricistas e passará a contar com uma força-tarefa formada por distribuidoras de energia de todo o país para ajudar no restabelecimento do serviço em São Paulo. Entre as concessionárias citadas estão CPFL, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light e Energiza.