Tarcísio reúne deputados e age para reorganizar base política na Alesp
Tarcísio de Freitas reuniu cerca de 50 deputados no Palácio dos Bandeirantes, prometeu liberar verbas e pediu apoio a projetos do governo
atualizado
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São Paulo – Em uma reunião de cerca de duas horas na noite desta segunda-feira (4/9) no Palácio dos Bandeirantes, realizada em meio a uma série de derrotas do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se envolveu diretamente na articulação política, fez promessas e cobranças ao deputados e agiu para reorganizar sua base e destravar projetos de lei emperrados no Legislativo.
Tarcísio reuniu seu secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD), e seu chefe da Casa Civil, Arthur Lima (PP), os encarregados de dialogar com deputados, e cerca de 50 parlamentares, como os deputados estaduais Barros Munhoz (PSDB), Milton Leite Filho (União) e Léo Oliveira (MDB) – integrantes dos partidos “rebelados”, que vêm deixando de votar os projetos do governo em meio a cobranças por liberação de verbas para seus redutos e pelo direito de indicar aliados para cargos de gestão na administração estadual.
O governador endereçou seu discurso ao ataque destas demandas. Tarcísio citou expressamente ações para agilizar a liberação do repasse de recursos para investimentos em obras nos municípios. Por outro lado, falou também da importância do alinhamento dos deputados da base nas votações do governo.
Preocupado em não parecer que fazia uma cobrança, Tarcísio também abordou a disputa pela indicação de um novo conselheiro para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ele lembrou os deputados que, até o fim de seu mandato, serão feitas três novas indicações ao órgão.
O presidente da Alesp, André do Prado (PL), e o líder do governo, Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos), também fizeram discursos. Ambos vêm sendo alvo de crítica dos aliados por causa das derrotas do governo. O deputado Carlão Pignatari (PSDB), que foi sondado por emissários do governador para migrar para seu partido e cuidar da articulação política, não compareceu.
Resistência a projetos simples
A gestão Tarcísio vem passando por uma série de problemas na Alesp. O governo não vem conseguindo quórum para votar projetos tidos como simples, como a adesão de São Paulo ao Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) e o texto que reajusta as tarifas judiciais do Estado.
Por outro lado, os deputados estaduais vêm aprovando projetos de lei populares, como gratuidades no transporte público para grupos específicos, que são tidos como inconstitucionais e que, por isso, forçarão Tarcísio a passar pelo constrangimento de vetá-los.
No quadro atual, auxiliares mais próximos do governo não escondem o receio de enviar os projetos mais robustos da gestão. Tarcísio pretende privatizar a Sabesp e quer mudar a Constituição estadual para poder retirar recursos da Educação para custear melhor a Saúde. Sem uma base aliada ampla na Alesp, tais projetos, polêmicos, não têm chance de aprovação.
Por causa dos percalços na Alesp, tanto deputados quanto aliados do governador no próprio Executivo criticam a atuação de Kassab e Arthur Lima na condução da articulação.
Apesar disso, os aliados mais próximos de Tarcísio ressaltam que o governador não vai autorizar o loteamento de cargos no governo para conter as insatisfações da base – a ferramenta oferecida pelo governador é a liberação de emendas para obras nos redutos eleitorais dos deputados.
Embora nenhum grande compromisso tenha vindo como resposta dos deputados diante do movimento do governador, os parlamentares aproveitaram o encontro para tirar selfies e gravar vídeos da reunião e postá-los em suas redes sociais.