Balanço: Tarcísio retoma obras do PSDB e mira PAC para tocar promessas
No 1º ano de Tarcísio em SP, governo deu sequência a projetos iniciados pelos antecessores tucanos e fez novas promessas de infraestrutura
atualizado
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São Paulo – A fama de tocador de obras adquirida quando foi ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL), que rendeu até o apelido de “Tarcisão do asfalto”, foi amplamente explorada pela campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2022. Neste primeiro ano de mandato, porém, as principais ações concretas de infraestrutura no estado foram marcadas pela retomada ou continuidade de obras deixadas pelas gestões do PSDB.
Dando sequência à série especial de balanço do primeiro ano do governo Tarcísio, iniciada no último domingo (24/12), o Metrópoles traz, nesta quinta-feira (28/12), uma retrospectiva sobre as principais obras e ações de infraestrutura tocadas pelo governador em 2023.
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O governo estruturou novos projetos, com destaque para o do Trem Intercidades, ligando a capital paulista a Campinas, e centrou esforços para retomar obras herdadas das gastões tucanas que estavam paralisadas, como o Trecho Norte do Rodoanel e o monotrilho da Linha 17-Ouro. Confira os destaques:
Trecho Norte do Rodoanel
O leilão do Trecho Norte do Rodoanel, uma obra paralisada desde 2018, terminou em março com a imagem que mais marcou Tarcísio neste ano: uma sequência de marteladas no púlpito da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, ao anunciar a conclusão do processo.
O projeto, vencido por um fundo de investimentos, foi todo estruturado pela gestão anterior, de Rodrigo Garcia (PSDB), mas simboliza a marca voltada a parcerias com o setor privado e a desestatizações que Tarcísio quer imprimir no seu governo. O contrato para a retomada das obras do Rodoanel, de R$ 3,4 bilhões, foi assinado em agosto. A promessa é que a última alça do anel viário fique pronta no segundo semestre de 2026.
Monotrilho da Linha 17-Ouro
Em outubro, o governo anunciou ainda a retomada de outra obra paralisada nas gestões passadas, a Linha 17-Ouro, monotrilho da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da capital.
A obra havia sido prometida para 2014 e é um símbolo do atraso e dos gastos elevados. Os contratos para execução do projeto eram da Coesa, empresa oriunda da OAS, uma das construtoras denunciadas na Operação Lava Jato, e segundo o governo, havia abandonado o projeto. Em maio, a gestão Tarcísio rescindiu os contratos.
Em setembro, o governador anunciou a assinatura de novos contratos, com a empresa Agis Construção SA, por cerca de R$ 900 milhões. Mas apenas no fim de outubro os primeiros operários retornaram aos canteiros. Os trens estão sendo feitos pela empresa de carros elétricos chinesa BYD.
A promessa, agora, é terminar as obras no segundo trimestre de 2025 e inaugurar a operação comercial do monotrilho em 2026. A Linha 17-Ouro será operada pela ViaMobilidade, empresa do Grupo CCR que já controla a Linha 5-Lilás de metrô.
Trem Intercidades
Em março, o governo lançou um edital para a construção, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), da tão prometida conexão ferroviária entre São Paulo e Campinas, com expectativa de que o leilão ocorresse em novembro. Mas, um mês antes, o leilão foi adiado para fevereiro de 2024.
A ligação entre as duas cidades deve ter um preço médio de R$ 50 (e máximo de R$ 64) e a viagem será feita em 64 minutos. Ao todo, os investimentos estão estimados em R$ 13,5 bilhões, com R$ 8,5 bilhões aportados pelo governo do Estado.
Obras do metrô
São Paulo passou o ano com duas escavações de túneis de metrô ocorrendo simultaneamente. A atuação de Tarcísio, que fez uma série de visitas aos canteiros de obras, foi dar prosseguimentos aos contratos, assinados pelo ex-governador João Doria.
A principal obra é a Linha 6-Laranja, a cargo da Acciona, grupo espanhol contratado em 2020 que, no momento, usa duas máquinas tuneladoras, os chamados “tatuzões”, para abrir caminho por baixo da terra.
A obra ligará a região central, na Estação São Joaquim da Linha 1-Azul, à Brasilândia, na zona norte, em um percurso de cerca de 15 quilômetros que deve durar 23 minutos. A promessa é entregar a linha ao longo de 2026.
Outra construção é o prolongamento da Linha 2-Verde, que passa na Avenida Paulista, no trecho da zona leste, entre a Estação Vila Prudente, atual parada final do ramal, até a Penha, onde ela se encontrará com a Linha 3-Vermelha, em um traçado de 8,2 quilômetros e oito estações.
No caso da Linha 2, a construção é uma obra tradicional, feita por empreiteiras contratadas diretamente pelo Metrô, e não há previsão de privatização apenas desse ramal. As obras tiveram início em janeiro de 2020, também no governo Doria, ao custo de R$ 3,4 bilhões.
Ajuda do PAC
De todos os projetos citados, Tarcísio fez acordos com o governo federal para obter empréstimos do BNDES, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para o Trem Intercidades e para a Linha 2-Verde do Metrô, em uma linha de crédito de R$ 10 bilhões.
Agora, o governador negocia uma nova parceria com o governo Lula para viabilizar outra obra prometida há décadas por quem já passou pelo Palácio dos Bandeirantes: a ligação seca entre Santos e Guarujá, no litoral sul.
Tarcísio vem prometendo lançar um leilão para construir um túnel entre as duas cidades até o início do segundo semestre de 2024 e pode incluir um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) percorrendo a ligação, de cerca de 900 metros, cuja previsão de demanda é de 150 mil viagens por dia.