Tarcísio inicia transição pressionado por aumentos de salário e emenda
Eleito governador há 17 dias, Tarcísio de Freitas também enfrenta assédio de partidos que o apoiaram na eleição por cargos no novo governo
atualizado
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São Paulo – Dezessete dias após ter vencido a eleição em São Paulo, o governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dá o pontapé inicial na transição de governo nesta quarta-feira (16/11), pressionado por dois projetos que já tramitam na Assembleia Legislativa de Sâo Paulo (Alesp) que provocam impacto direto no Orçamento do estado.
Um prevê aumento de 50% nos salários do próprio governador, de seu vice, e dos futuros secretários que irão compor o novo governo a partir de janeiro de 2023. Outro propõe dobrar o valor das emendas parlamentares impositivas, que os deputados podem indicar para obras e projetos em seus redutos eleitorais. Ambos foram revelados pelo Metrópoles.
O primeiro projeto, que eleva de R$ 23 mil para R$ 34,5 mil o salário do governador, considerado o teto do funcionalismo paulista, provocará um efeito cascata nas demais carreiras públicas do estado. O lobby pela aprovação da proposta, apresentada pela Mesa Diretora da Alesp, é mais forte entre os auditores fiscais e os delegados de polícia. O impacto estimado nos cofres do estado é de R$ 1,5 bilhão. Os deputados tentaram aprovar o texto duas vezes na semana passada, mas não houve quórum na votação em plenário.
Já o segundo projeto, uma uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), é de interesse de praticamente todos os 94 deputados. Ele aumenta de R$ 6,6 milhões para R$ 13,2 milhões o valor das chamadas emendas impositivas, que são indicações de obras e ações feitas pelos parlamentares que o governo é obrigado a pagar. Caso seja aprovada, a PEC eleveria de R$ 622 milhões para R$ 1,2 bilhão os gastos com emendas.
Ainda durante a campanha eleitoral, partidos da coligação de Tarcísio, principalmente o PL e o Republicanos, articularam para adiar a votação da PEC das Emendas para depois do segundo turno. Agora, o governador eleito irá negociar a aprovação da medida com os parlamentares durante a transição, e espera contar com a força do cargo que irá ocupar a partir de janeiro para negociar contrapartidas, como apoio aos projetos do governo na Alesp.
Transição
Coordenada pelo ex-ministro Guilherme Afif, que foi coordenador do programa de governo de Tarcísio na campanha, a equipe de transição se reúne pela primeira vez com o governador eleito nesta quarta-feira, no mesmo hotel na zona sul de São Paulo onde o governador eleito comemorou a vitória sobre o petista Fernando Haddad, no dia 30 de outubro.
Após o triunfo nas urnas, Tarcísio fez uma viagem de descanso com a família para Miami, nos Estados Unidos, e depois foi para Brasília resolver seu afastamento do cargo de consultor legislativo da Câmara dos Deputados, onde ingressou em 2015 por meio de concurso, para poder assumir o Palácio dos Bandeirantes. A reunião desta quarta-feira será fechada e a expectativa é de que Tarcísio só comece a anunciar seu secretariado na próxima semana.
Loteamento
Antes mesmo de iniciar a transição, Tarcísio já tem sido pressionado por partidos que o apoiaram no primeiro ou segundo turnos para lotear espaço no governo, formado por 23 secretarias e com mais de 23 mil cargos comissionados, de livre indicação.
Como mostrou o Metrópoles, o governador eleito pretende montar um núcleo duro no secretariado com nomes de sua confiança que trabalharam no governo de Jair Bolsonaro (PL), mas também entregará cargos a partidos que o apoiaram na campanha para formar maioria confortável na Alesp.
Partido do govervador eleito, o Republicanos pleiteia até três secretarias, com destaque para a pasta de Desenvolvimento Regional, que articula os convênios com as prefeituras. Já o PL está de olho na pasta da Segurança Pública, enquanto o PSD do vice Felício Ramuth pretende dominar o setor de transporte sobre trilhos. O União Brasil, por sua vez, tenta manter influência nas áreas da Habitação e Transportes.