Tarcísio estuda fechar secretaria pivô de crise com ucranianos
Governo Tarcísio de Freitas avalia mudança na pasta de Negócios Internacionais, mas evita relacionar movimento com crise com empresa Antonov
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) avalia extinguir a Secretaria de Negócios Internacionais, pasta encarregada de atrair investimentos estrangeiros e promover o comércio exterior no governo paulista.
O órgão esteve no centro de uma recente crise envolvendo os governos Tarcísio e Luiz Inácio Lula da Silva com a empresa de aviões ucraniana Antonov (relembre o caso abaixo).
Interlocutores do governador, no entanto, preferem afastar a decisão em análise da crise com os ucranianos, embora o sumiço do atual titular da pasta, Lucas Ferraz, seja assunto recorrente nos corredores do Palácio dos Bandeirantes.
Desde que esteve no centro da crise, em abril, o secretário foi escanteado por Tarcísio. Ele não foi mais fotografado com o governador e não tem comparecido a eventos de estado com autoridades estrangeiras – função básica de sua pasta.
Nesta segunda-feira (5/7), por exemplo, Ferraz não esteve na agenda que Tarcísio teve com representantes da Suíça. Além disso, ele também não tem acompanhado o governador em viagens ao exterior, como na ida de Tarcísio a Portugal, na semana passada, e na viagem a Nova York, no início de maio.
Tarcísio avalia opções em aberto
O destino da pasta ainda está em aberto. Além da extinção, as opções incluem a reestruturação da pasta para um órgão sob o guarda-chuva de outra pasta, como Casa Civil, Desenvolvimento Econômico ou mesmo Parcerias e Investimentos. Ferraz está ciente da movimentação.
Assessores próximos do governador dizem que a decisão de mudar a estrutura se deve, em parte, à constatação de que outras pastas têm feito interlocuções com entidades e empresas internacionais de forma direta, sem a participação de Negócios Internacionais.
A gestão tem buscado enxugar a máquina estatal com o intuito de desburocratizar os trabalhos dos servidores. Embora uma eventual extinção da pasta não esteja diretamente relacionada à reforma administrativa, os mesmos argumentos têm sido repetidos internamente para justificar mudanças na secretaria.
Crise institucional
Ferraz chegou ao governo por indicação do ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, de quem foi secretário de comércio exterior. O secretário fez carreira trabalhando em bancos de desenvolvimento multilaterais, como New Development Bank (Banco dos BRICS), CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Em abril, o secretário se envolveu no que foi avaliado pela gestão Tarcísio como “uma série de erros” relacionados a conversas sobre um suposto investimento de US$ 50 bilhões que a empresa ucraniana de aviões Antonov faria em São Paulo.
Ferraz disse à CNN ter recebido representantes da empresa para tratar do investimento, mas que a injeção de recursos foi adiada pela Antonov após falas de Lula sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia – na época, o presidente brasileiro declarou que ambos os países eram responsáveis pelo conflito, o que gerou críticas porque o posicionamento foi visto como pró-Rússia.
A Antonov, entretanto, em um primeiro momento negou que houvesse negociação. Petistas passaram a fazer acusações contra o governo Tarcísio e o governador teve de ligar diretamente para o presidente para reduzir a temperatura da situação. Depois, a empresa desmentiu seu desmentido original, mas os atritos já estavam colocados.