Tarcísio diz que, sem intervenção na Enel, SP “terá apagão até 2028”
Governador defende intervenção na Enel e volta a enfatizar que a responsabilidade pelo contrato de concessão da Aneel é do governo federal
atualizado
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São Paulo — O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, voltou a defender nesta segunda-feira (21/10) uma intervenção na Enel e disse que, se a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não fizer nada, os clientes da empresa vão conviver com apagões até o fim do contrato de concessão, em 2028.
Tarcísio evitou fazer ataques diretos à agência reguladora, mas enfatizou que a responsabilidade pelo contrato de concessão da Aneel é do governo federal e que é preciso agir.
“O Estado de São Paulo não é dono do contrato. A prefeitura não é dona do contrato. O dono do contrato é o governo federal. O poder concedente é o Ministério das Minas e Energia, que é representado pela agência. Se a agência não fizer nada, se nada acontecer, nós vamos ter o quarto apagão, o quinto apagão, o sexto apagão, e vai ser assim até 2028. E olhe lá se, lá na frente, os caras não quiserem prorrogar esse contrato”, afirmou o governador.
O governador criticou a empresa ao dizer que a Enel pensa apenas no próprio lucro: “Está muito clara a incapacidade da empresa de tocar o seu negócio. Ela não faz o que tem que fazer porque não quer. Está olhando o resultado financeiro. Você tem uma empresa que deixa de investir. Porque é muito fácil atingir os indicadores regulatórios previstos hoje em cima de um contrato que é muito antigo”.
Sabesp
Tarcísio também fez um paralelo da concessão da Enel com o contrato de privatização da Sabesp. Ele garantiu que são modelos diferentes.
“Eu falo aqui como autoridade que defende a presença do capital privado na economia. Agora, olha o cuidado que nós tivemos na privatização da Sabesp, em termos regulatórios, em termos contratuais, em termos de acordo de investimento, em termos de acordo de acionista. Completamente diferente. E aí eu te garanto, o que aconteceu na Enel não vai acontecer na Sabesp”.
Na sexta-feira (18/10), a Aneel divulgou nota afirmando que iria intimar a Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia em São Paulo, para iniciar um processo que avaliará “eventual recomendação de caducidade”, a ser apreciado pela diretoria da agência e, em última instância, pelo Ministério de Minas e Energia.
O apagão que atingiu parte da capital paulista deixou dois milhões de moradores sem luz após uma forte chuva na última sexta (11/10). Em algumas regiões da cidade, a concessionária Enel só retomou o fornecimento seis dias depois.
A demora para o reestabelecimento da luz levou a uma série de questionamentos contra a Enel, acusada de graves falhas no fornecimento do serviço e de demora no atendimento de clientes. Um levantamento realizado pelo Metrópoles verificou que a concessionária reduziu em mais de R$ 100 milhões dos seus investimentos em manutenção no primeiro semestre deste ano em São Paulo