Tarcísio desmente Nunes e diz que já havia avisado sobre subir tarifa

São Paulo — O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou, na tarde desta quinta-feira (14/12), que havia comunicado o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), há três dias sobre o reajuste das tarifas de metrô, trens e ônibus intermunicipais. A fala desmente o prefeito, que havia declarado que Estado e Prefeitura ainda estudariam reajustes tarifários.

“Quando ele [Nunes] me comunicou a tarifa zero dos finais de semana [aos domingos], naquele mesmo dia eu falei: ‘Olha, eu vou reajustar metrô, CPTM e EMTU, porque eu preciso fazer'”, disse Tarcísio. “Eu falei: ‘Olha, vamos fazer. É inescapável, não tem mais como segurar”, complementou.

O reajuste das tarifas de trens e metrô de R$ 4,40 para R$ 5 foi anunciado pelo governo do Estado nesta quinta. Auxiliares de Nunes disseram que ele havia sido surpreendido pela medida. A Prefeitura divulgou uma nota afirmando que o valor da tarifa dos ônibus municipais não vai subir.

Na última segunda-feira, quando anunciou um programa que prevê tarifa zero nos ônibus aos domingos, Nunes afirmou que havia conversado com o governador sobre o programa. Mas, questionado se haveria aumento da passagem ou não, havia dado uma versão diferente do que foi dito hoje pelo governador.

“A partir de agora, os técnicos da SPTrans, junto com os técnicos do governo do estado, vão fazer as analise com relação à tarifa. A gente não tem hoje uma definição se terá aumento ou não”, disse Nunes. Na versão de Tarcísio, a fala foi feita após o governador já ter avisado o prefeito que haveria aumento.

Tarcísio falou com jornalistas após um evento da Defesa Civil no Palácio dos Bandeirantes. Nunes foi chamado para o evento e posou para fotos com o governador (na imagem em destaque), mas saiu sem falar com a imprensa.

Questionado sobre o descompasso com o prefeito da capital, porém, o governador negou que haja conflito. A decisão pelo aumento apenas do transporte sobre trilhos, segundo Tarcísio, foi tomada em conjunto com a Prefeitura. “[A decisão] foi conjunta. Só que a gente vai reajustar e a Prefeitura, não”.

O governador já havia defendido a necessidade de aumentar as tarifas do transporte público paulista, diante do aumento de custos e da queda de passageiros observada desde a pandemia de Covid. O Metrô, de lá para cá, acumula um prejuízo operacional de mais de R$ 3 bilhões e o governador fala em “risco de solvência” da empresa.

Nesta quinta, ele reforçou esses argumentos ao justificar o aumento. “Os subsídios para as empresas, sobretudo Metrô e CPTM, estão chegando na casa do insuportável. A gente tem que tomar cuidado com a solvência dessas empresas”, disse. “São três anos sem reajuste. A gente precisava fazer isso, a prefeitura tem uma outra situação. Ela opera o transporte sobre pneus e percebeu que consegue suportar mais tempo a atual estrutura de custo e o atual nível de subsídio”, disse.

Tarcísio afirmou ainda que deve anunciar mais medidas para melhorar a arrecadação das empresas de transporte público em breve, citando ações para a antecipação de recebíveis, melhora das receitas não tarifárias e até um programa de demissão voluntária.