Tarcísio defende subir tarifa do transporte: “Não tem almoço de graça”
Governador Tarcísio de Freitas disse, porém, que “deve caminhar junto” com Prefeitura, que defende congelamento de tarifa por mais um ano
atualizado
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São Paulo – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defendeu, nesta quarta-feira (28/11), o aumento das tarifas de transporte público em São Paulo a partir do ano que vem — o preço das passagens de ônibus, trem e metrô está congelado em R$ 4,40 desde 2020.
Tarcísio afirmou que há risco de insolvência do Metrô e CPTM, que são estatais do governo estadual, diante da falta de recursos, e que o aumento dos subsídios para custear a manutenção da tarifa no mesmo patamar por mais um ano poderia comprometer verbas de outras áreas.
“A tarifa está congelada há muito tempo. A gente tem que começar a fazer conta. Porque ou eu repasso alguma coisa para a tarifa ou a gente permanece com ela congelada e eu aumento subsídio”, disse Tarcísio.
O governador enfatizou que se tiver de aumentar o subsídio para as estatais terá de tirar dinheiro de outras áreas, “porque o Orçamento é finito”.
“Não tem almoço de graça. Se a tarifa não subiu, o custo subiu. Eu tenho uma responsabilidade contratual, tenho que manter o sistema operando. Até porque as empresas públicas, CPTM e Metrô não vão ter solvência financeira se não houver repasse, e o fato de a tarifa estar congelada há muito tempo vai prejudicando a saúde financeira das empresas”, complementou.
As falas ocorreu durante uma entrevista coletiva na Secretaria Estadual da Saúde que, inicialmente, deveria contar com a presença do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB). Aliado de Tarcísio, Nunes vem defendendo que as tarifas permaneçam congeladas em 2024, ano em que ele tentará a reeleição. O prefeito, porém, não participou da coletiva.
Apesar da defesa do aumento, Tarcísio afirmou que a sua intenção é buscar um consenso com a gestão do prefeito Ricardo Nunes para manter o mesmo preço de tarifa tanto do metrô quanto dos trens e dos ônibus municipais. Ele descartou que as tarifas tenham valores diferentes. “A gente deve caminhar junto.”
Tarifa zero
Ao atender os jornalistas, Tarcísio disse ainda que não vê “viabilidade financeira” para a implementação tanto da tarifa zero quanto da tarifa zero à noite ou nos fins de semana, propostas defendidas por Nunes.
Segundo Tarcísio, cada dia de domingo de tarifa zero poderia gerar um custo extra ao Estado de R$ 10 milhões, o que daria mais de R$ 500 milhões por ano.
“Quando você faz as contas, a gente vê que a conta é explosiva. E aí, você vai sangrar muito as contas do Estado e as contas do município. Então, vale a pena você paralisar uma série de políticas públicas só por causa da tarifa zero? Eu acho que não”, disse Tarcísio.
Mudanças no repasse de recursos
O governador fez também novas críticas aos contratos para gestão da conta sistema, o caixa único que recebe todas as verbas das vendas de passagens de ônibus, metrô e trem, que depois são repartidos pelas empresas públicas e privadas de transporte.
Ele ressaltou que a CPTM é a empresa que tem mais custos operacionais, mas é a que fica com a menor fatia de recursos desse bolo. Por isso, diz o governador, é a que mais precisa de subsídios.
“Não fui eu que inventei esse sistema. Ele está assim. Então, hoje, o que nos cabe? Cumprir o contrato. O que a gente está fazendo agora? Estudando o futuro”. Na última segunda-feira, Tarcísio disse que a conta sistema do transporte público “carece de transparência”.