Tarcísio cassa aposentadoria de delegado envolvido com jogos de azar
Delegado de Piracicaba foi denunciado pelo MPSP por envolvimento com organização criminosa que explorava máquinas caça-níqueis na cidade
atualizado
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São Paulo — O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) oficializou, nesta quinta-feira (9/5), a cassação da aposentadoria do delegado de polícia Fernando Heitor Gião (foto de destaque), que atuava em Piracicaba, interior de São Paulo. No ano passado, Gião foi condenado e preso pelo crime de lavagem de dinheiro em um processo que o ligou a um grupo que explorava jogos de azar na cidade.
A cassação foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira. Na publicação, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, julga “procedentes as acusações” imputadas ao delegado, “aplicando-lhe a pena de cassação da aposentadoria”.
De acordo com as investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gião era integrante de uma organização criminosa que atuava no ramo de máquinas caça-níqueis e outros jogos de azar em Piracicaba, liderada pelos irmãos Carlos Alberto Toti Júnior e Marco Aurélio Toti.
Apreensão de dinheiro
As investigações do MPSP apontam que, em um episódio ocorrido em 2015, o delegado Gião devolveu integralmente aos irmãos Toti a quantia de R$ 62 mil que tinham sido apreendidos um dia antes pela Polícia Militar por suspeita de procedência ilícita.
Segundo o MPSP, o delegado liberou a quantia “sem uma única medida de precaução, sem uma única diligência voltada à identificação da origem do dinheiro, sem a mínima demonstração de que aqueles valores tinham procedência lícita”.
A conduta, para os promotores, ” já apontava para a existência de relacionamento espúrio entre Fernando Gião e os irmãos Toti”.
Tabela da propina
Em outra ocorrência, de 2016, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em um dos imóveis dos irmãos Toti, vários objetos e equipamentos relacionados à atividade ilícita de exploração de jogo de azar, além de um caderno com anotações de pagamento de propina, foram confiscados.
No caderno, segundo o MPSP, foi encontrada uma menção ao delegado em uma tabela com valores. O nome dele aparece ao lado do número 1.500 (veja abaixo).
A anotação, para os promotores, indicava que o delegado vinha “recebendo valores a título de vantagens ilícitas em decorrência de sua participação na organização criminosa”. O MP também destaca, no processo, o fato de o policial aposentado ter morado por muitos anos em um imóvel alugado da família Totti.
Fernando Gião foi preso em agosto do ano passado pela Corregedoria da Polícia Civil, após ser condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro. Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o delegado continua preso.
O Metrópoles busca a defesa de Fernando Gião. O espaço está aberto para manifestação.