Tarcísio admite crise com violência policial e fala em redesenhar a PM
Governador de SP ainda defendeu uso de câmeras corporais por PMs diante de série de abusos: “Estava completamente errado nessa questão”
atualizado
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São Paulo — O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) admitiu, pela primeira vez, que há uma crise na Polícia Militar (PM) do estado diante de uma série de episódios de violência envolvendo integrantes da corporação nas últimas semanas.
Em agenda na manhã desta quinta-feira (5/12), Tarcísio afirmou que é preciso ter “humildade” e reconhecer que “alguma coisa não está funcionando”. Segundo o governador, há “falta de treinamento”.
“Quando a gente começa a ver reiterados descumprimentos desses procedimentos, a gente vê que há de fato transgressão disciplinar, falta de treinamento. São coisas que chocam todo mundo, chocam a gente também. A gente fica extremamente chateado, triste”, disse Tarcísio a jornalistas.
“Quando tem esses casos, isso mancha demais a instituição, agride a gente. Aí é hora de ter humildade: tem alguma coisa que não está funcionando”, acrescentou o governador.
Questionado sobre a possibilidade de fazer mudanças no comando da Polícia Militar, Tarcísio defendeu o comandante Cássio Araújo de Freitas e disse que “no momento de crise, não é hora de fazer trocas”.
“Vamos redesenhar isso aqui. O que a gente precisa fazer em termos de comparação com outras polícias do mundo. O que a gente tem que intensificar em termos de treinamento. O que a gente tem que fazer em termos de incorporação de novos equipamentos”, disse.
A fala ocorre após uma sequência de episódios de violência policial.
No mês passado, um soldado deu 11 tiros pelas costas em um jovem que havia roubado embalagens de sabonete no Jardim Prudência. No último dia 2, um policial jogou um suspeito rendido de cima de uma ponte em Cidade Ademar. Na última terça-feira (3/12), um major da PM de folga invadiu uma adega e espancou um funcionário com pauladas.
Câmeras corporais
Diante da sequência de casos, Tarcísio defendeu a importância do uso das câmeras corporais pelos PMs e disse que tinha uma opinião “equivocada” sobre o tema.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive. Hoje estou plenamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial. Vamos não só manter o programa, como também ampliar o programa”, disse ele.
Durante a campanha eleitoral de 2022, o governador chegou a dizer que “acabaria” com o equipamento acoplado às fardas dos policiais.
Tarcísio disse que não deve substituir as câmeras corporais usadas atualmente pela PM, que gravam de forma ininterrupta, sem a necessidade de acionamento. As 12 mil novas câmeras compradas pelo governo, que devem entrar em operação em 2025, vão permitir que os agentes decidam quando gravar.
A ideia, segundo o govenador, é que as câmeras antigas continuem a ser utilizadas.
“Não é nossa ideia, de maneira nenhuma, fazer com que a gente afrouxe a política. A gente começa um período de testes. Enquanto a gente não estiver seguro em relação à tecnologia, a gente não descontinua as câmeras que estão funcionando”, disse.
“A ideia é fazer com que o policial acione a câmera quando entre em operação. Além disso, você tem os mecanismos de acionamento remoto. Por exemplo, via Copom. Houve uma ocorrência o próprio Copom vai poder fazer o acionamento. Você vai ter o acionamento por Bluetooth, em que você pega profissionais na mesma área de ocorrência e faz o acionamento automático.”