Tabata promete criar escolas temáticas para alunos do ensino integral
Projeto é inspirado no modelo das escolas americanas, com a oferta de disciplinas eletivas de acordo com os interesses dos alunos
atualizado
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São Paulo – A candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) quer criar escolas de tempo integral “temáticas” para os alunos do ensino fundamental. A ideia é que as crianças tenham atividades no contraturno escolar ligadas a assuntos específicos, de acordo com a área de interesse dos estudantes.
“Não é para direcionar para o vestibular. É ‘essa é uma escola que se especializa em Olimpíadas do Conhecimento’. ‘Essa é uma escola que tem uma vocação para o esporte’. ‘Essa é uma escola que tem uma vocação para o teatro’”, afirma a deputada federal.
O projeto se inspira no formato das escolas norte-americanas e deve criar as chamadas “disciplinas eletivas”, em que o aluno tem liberdade de escolher qual matéria vai cursar no contraturno dentro da gama de opções ofertada pela escola.
Tabata afirma que a proposta é diferente do Novo Ensino Médio porque a base curricular com disciplinas tradicionais, como matemática e português, será mantida e não haverá redução no tempo destinado a nenhuma matéria.
“Não tem nenhuma alteração no currículo base. Mas é você trazer um balé, um clube de judô, um clube de damas, por exemplo. É o que a gente vê na escola americana, que é essa formação complementar”, diz a candidata.
As declarações foram feitas durante uma entrevista exclusiva de Tabata ao Metrópoles nesta segunda-feira (9/8).
Tabata foi a primeira a participar da série de sabatinas do Metrópoles com os cinco candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Além dela, foram convidados Guilherme Boulos (PSol), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB). As entrevistas vão ao ar entre os dias 10 e 20 deste mês. O primeiro turno ocorre em 6 de outubro.
Na sabatina, Tabata afirma que sua gestão terá como meta levar o ensino integral para 50% das escolas municipais em até quatro anos.
“[O modelo em tempo integral] é um consenso entre pais, entre professores. Crianças pequenas vão ter desde muito novinhas o que o filho do rico sempre teve. É sobre a mãe e o pai poderem trabalhar e saber que seu filho não tá na rua vendo droga, não está na rua exposto ao crime, mas tá fazendo o que? Balé, judô, natação, inglês”, disse a candidata.
Tabata também prometeu dobrar a carga horária de inglês para os estudantes e disse que o melhor aluno de cada escola terá um intercâmbio pago pela Prefeitura. “É um projeto barato, custa R$ 50 milhões. E é mais barato você pagar o intercâmbio do que pagar uma criança na Fundação Casa, por exemplo”, afirmou.
Na sabatina, a candidata também ataca os adversários na disputa, principalmente o influencer Pablo Marçal (PRTB), e fala sobre temas como segurança pública, propondo um sistema integrado para combater a criminalidade; mobilidade, defendendo o redesenho das linhas de ônibus; e combate a enchentes.
Confira abaixo os principais assuntos da sabatina e a íntegra da entrevista no canal do Metrópoles no YouTube:
Cracolândia
Tabata prevê acabar com as 72 cracolândias que existem na cidade até o fim do mandato. “Isso está comendo a cidade por dentro”, afirmou a candidata. A deputada disse que atuará em três frentes para lidar com o problema: o combate ao crime organizado, o tratamento para os dependentes químicos e a assistência social voltada ao futuro dos usuários depois de deixarem as clínicas.
“Vai dar um trabalho do cão. Provavelmente é a coisa mais difícil que a gente tem diante da gente. É trabalhar com o Ministério Público, com liderança religiosa, com a imprensa. Mas eu não consigo pensar numa cidade que olhe com orgulho para cima e [esteja] entregue às 72 cracolândias”, afirmou Tabata.
Segurança Pública
A candidata disse que vai criar um sistema integrado de gestão de dados para combater a criminalidade. O projeto prevê reunir informações de áreas como zeladoria, segurança pública e até dados meteorológicos para pensar soluções para as diferentes regiões da cidade.
“Esse trabalho de dados, gestão, tecnologia, é para você saber: ‘olha, nessa rua teve um estupro, o que aconteceu? Tem uma pessoa ali, vamos atrás dela. O poste está queimado? É uma questão de zeladoria’”, explicou Tabata sobre a proposta.
O projeto é inspirado em um programa criado em Nova York para lidar com a segurança, ainda nos anos 1990. Chamada de “Compstat”, sigla para “Compare Stats”, ou comparar estatísticas em tradução livre, a iniciativa norte-americana já foi copiada em 2019 pela gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB), que anunciou na época o “Compstat Paulistano”. Tabata diz que o projeto de Covas nunca saiu do papel de fato.
“O que o Bruno colocou do Compstat Paulistano, na prática, não saiu do papel. Primeiro porque houve um atraso gigantesco na aquisição das câmeras [de monitoramento]. Segundo, que a gente nunca foi pra uma fase que é essencial, que é você ter um trabalho conjunto das polícias, ter isso na agenda do prefeito e fazer um trabalho territorializado”, afirma Tabata.
A candidata diz que irá fazer reuniões mensais com as polícias e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) para debater os dados. Questionada sobre a dificuldade de trabalhar de forma conjunta com o governo estadual, sob quem está a responsabilidade da segurança, Tabata disse que dialoga tanto com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) quanto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mobilidade
Apesar de prometer em agendas de campanha que vai fazer a maior expansão da rede cicloviária da cidade, Tabata não detalhou quantos quilômetros vai construir e onde eles estarão, afirmando apenas que “o foco é a periferia”.
Segundo a candidata, o desenho final da nova malha cicloviária vai depender de outro projeto seu: o de redesenhar as linhas de ônibus da cidade.
“Não dá pra falar de transporte público, o que envolve ciclovia e ciclofaixa, sem um grande redesenho das linhas de ônibus. Para que elas sejam mais diretas, mais eficientes, para que a gente tenha menos perda de dinheiro no processo, mas para que o trabalhador da periferia possa ir para o seu trabalho o mais rápido possível”, disse Tabata.
A candidata disse que lugares que tiveram grande crescimento populacional nos últimos anos, por exemplo, devem receber novas linhas de ônibus, e que o redesenho levará em consideração os trajetos já atendidos pelo metrô e pelo trem.
Enchentes
Tabata disse que uma de suas principais preocupações para a cidade neste momento são as enchentes que acontecem todos os anos no verão. “Essa é uma das coisas que mais me angustiam, até como candidata, porque eu sei que eu vou chegar em janeiro, a gente vai ter chuva forte e uma Prefeitura que não se planejou para isso”, afirmou.
A deputada federal disse que, para diminuir os impactos do período na vida das pessoas, pretende começar a trabalhar no problema assim que for eleita. A ideia é terminar ainda neste ano o Plano Municipal de Redução de Riscos, que traz alternativas para lidar com os pontos críticos para desastres ligados a fatores ambientais na cidade.
“A prefeitura mapeou 800 pontos muito críticos que, na primeira chuva, já dá merda, tem desmoronamento, tem alguma área que alaga. Dos 800 pontos críticos, o prefeito Ricardo Nunes fez planos apenas para 100. Ou seja, tem 700 pontos mapeados que não têm plano nenhum. Essa é a primeira coisa que eu espero fazer antes de assumir a Prefeitura”, disse Tabata.
Depois de criar um plano em curto prazo para reduzir os riscos para a população desses locais, a candidata afirma que vai se debruçar para desenvolver o Plano Municipal de Adaptação às Mudanças Climáticas, que trará soluções de longo prazo que devem ser buscadas pela capital, como o aumento de áreas verdes para melhorar a drenagem do solo.