Tabata aposta em jovens para não ser espremida pela polarização em SP
Com 8% de intenção de votos no último Datafolha, Tabata avalia como furar a polarização entre Boulos e Nunes na disputa à Prefeitura de SP
atualizado
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São Paulo – O resultado da última pesquisa Datafolha sobre a eleição à Prefeitura da capital paulista acendeu o sinal de alerta na pré-campanha de Tabata Amaral (PSB) e reforçou o entendimento de que a deputada federal deve apostar no eleitorado jovem para sobreviver à crescente polarização na disputa municipal.
O levantamento, divulgado na última segunda-feira (11/3), mostrou Tabata em terceiro lugar, com 8%, atrás do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), com 30%, e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 29% – os dois estão tecnicamente empatados. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Embora a pesquisa não possa ser diretamente comparada com o levantamento anterior, de agosto de 2023, por não incluir os mesmos pré-candidatos, Tabata apresentou um resultado pior ao daquela ocasião, quando teve 11% das intenções de voto.
Se por um lado as pesquisas indicam que o cenário paulistano consolidou a polarização entre Boulos e Nunes, apoiados respectivamente por Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), por outro, mostram que Tabata apresenta baixa rejeição e ainda é desconhecida por 47% do eleitorado.
Tabata e os jovens
Entre os entrevistados, apenas 19% disseram que não votariam “de jeito nenhum” em Tabata, percentual que só não foi menor que o da economista Marina Helena (Novo). A deputada também possui a menor rejeição entre os eleitores que são estudantes, de apenas 5%.
Na faixa mais jovem do eleitorado, entre 16 e 24 anos, Tabata possui 8% de intenção de votos. Num cenário testado sem a candidatura de Kim Kataguiri (União), cujo partido já sinalizou que pretende apoiar a reeleição de Nunes, o percentual de Tabata dobra e ela surge com 16%.
Para a pré-campanha, o eleitorado mais jovem é o mais descontente com a política tradicional. Por isso, na visão da equipe da pessebista, uma candidata mulher, de 30 anos, que foge à polarização nacional, é vista como atrativa para este público.
Exemplo de Milei
Responsável pelo marketing político de Tabata nestas eleições, a PLTK, agência do publicitário Pablo Nobel, vê na eleição do direitista Javier Milei à presidência da Argentina, em 2023, um dos exemplos a serem considerados pela pré-campanha.
Nobel foi acionado para alavancar a campanha de Milei após ele ter terminado o primeiro turno atrás do candidato do peronismo, o ex-ministro da Economia Sergio Massa. Passado o segundo turno, a disputa se encerrou com Milei eleito o presidente mais votado da história do país, com 55,6% dos votos.
Um dos maiores diferenciais da eleição de Milei foi o voto dos argentinos mais jovens que, assim como os brasileiros mais novos, demonstraram exaustão com a dita política tradicional.
Segundo integrantes da equipe, o fato de Tabata apresentar o discurso de combater a realidade de uma cidade polarizada, dividida entre a prosperidade e a miséria, dialoga com a juventude que busca uma perspectiva para o seu futuro.
Vinda da periferia da zona sul de São Paulo, a deputada também tem uma história de vida que é vista com potencial para cativar os eleitores descontentes. Além disso, até pela idade, ela apresenta maior domínio do linguajar das redes sociais e transita com maior facilidade entre esta fatia do eleitorado que se informa, em sua maioria, pelas próprias redes.
Embora a expectativa seja a de que Tabata fique mais conhecida pela população nas propagandas televisivas e debates eleitorais, a partir de agosto deste ano, a ideia é que, pelo menos entre eleitores jovens, ela já esteja consolidada como uma opção viável à Prefeitura.