Suspeito de elo com PCC tem mansão nos EUA e dá bolsa cara a Deolane
Sócio da produtora de funk GR6 é investigado por suposto envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro do PCC; ele nega de forma veemente
atualizado
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São Paulo — Investigado por suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC), o sócio da produtora de funk GR6 Eventos Rodrigo Inácio de Lima Oliveira, de 34 anos, ostenta uma vida de luxo em suas redes sociais.
Entre os itens exibidos por Rodrigo aos seus seguidores, estão uma mansão (imagem em destaque) avaliada em R$ 7 milhões, que ele comprou em Orlando, no estado da Flórida (EUA), e uma bolsa Prada, de R$ 15 mil, que ele deu de presente de aniversário para a advogada, cantora e influenciadora digital Deolane Bezerra, em 2021.
Por meio de seus advogados, Rodrigo nega de forma veemente ter vínculo com a facção criminosa e diz que seus bens, suas viagens e os presentes que compra “são provenientes dos rendimentos lícitos que recebe da sua empresa”.
Recentemente, Deolane virou alvo de investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro após compartilhar vídeos em suas redes sociais nos quais aparece com o cordão de ouro do chefe do tráfico do Complexo da Maré, Thiago da Silva Follu, o TH. No caso do produtor de funk que seria ligado ao PCC em São Paulo, ela não é investigada.
Apesar do luxo e da ostentação, consta dos registros do governo federal que o produtor se cadastrou e recebeu, de forma irregular, uma parcela de R$ 600 do auxílio emergencial durante a pandemia, em 2020. Após a descoberta de que ele não se enquadrava no programa destinado à população mais vulnerável, o benefício foi cancelado.
As informações estão em um inquérito, obtido pelo Metrópoles, que foi aberto pelo grupo especial que investiga facções criminosas dentro da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal (PF), em São Paulo. No fim de 2022, por decisão de uma juíza federal, a apuração foi transferida para a Justiça paulista.
Movimentações suspeitas
Como mostrou o Metrópoles nesta terça-feira (20/2), relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados à PF indicam movimentações financeiras milionárias e suspeitas nas contas das produtoras GR6 Eventos e Love Funk, que possuem milhões de seguidores nas redes sociais.
A produtora de Rodrigo é mencionada em uma investigação sobre suposta lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas feito pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
A GR6 Eventos foi alvo de 120 comunicações de operações suspeitas, tendo movimentado R$ 9,6 milhões em dinheiro vivo, entre 2017 e 2021. Metade desse valor girou no período de pandemia, quando os eventos públicos tiveram de ser cancelados.
Luxo e ostentação
Além da mansão e da bolsa Prada para Deolane, Rodrigo ostenta nas redes sociais viagens internacionais e de helicóptero, conforme destacado pela PF.
Em outubro de 2021, por exemplo, ele compartilhou uma postagem feita por sua esposa, Denise Macedo de Oliveira, de 37 anos, na qual ela escreveu: “O Uber chegou”, mostrando um helicóptero fretado pelo casal.
A aeronave os buscou no Fasano Boa Vista, luxuoso hotel na cidade de Porto Feliz, no interior paulista, onde a diária custa cerca de R$ 3 mil. Aproximadamente três meses depois, em janeiro de 2022, a mesma aeronave foi fotografada por Rodrigo, antes de uma viagem para Angra dos Reis, no litoral do Rio, para a gravação de um videoclipe.
Em novembro de 2021, Rodrigo e Denise foram a Lisboa, em Portugal, para comemorar o aniversário dela. No mesmo ano, entre março e abril, eles também viajaram para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O que diz a defesa
Em nota enviada ao Metrópoles, os advogados José Luís Oliveira Lima e Bruno Dallari Oliveira Lima, que defendem a GR6, afirmam que desconhecem a investigação da Polícia Federal e que “a GR6 é uma das maiores empresas do ramo musical, contando com mais de 200 artistas, realizando shows no Brasil inteiro”.
“Em seus mais de 10 anos no mercado musical atuando nas áreas de entretenimento, a GR6 segue priorizando seus valores, idoneidade e honrando com as responsabilidades legais, repudiando de forma veemente qualquer ilação ao Grupo GR6”, diz a nota.
Segundo a defesa, Rodrigo “jamais fez uso de auxílio emergencial” e “seu nome foi usado de maneira ilegal”.
“Os bens do seu sócio, suas viagens e os presentes que compra são provenientes dos rendimentos lícitos que recebe da sua empresa”, afirma a nota.
A GR6 diz estar “à disposição para quaisquer esclarecimentos” e afirma que “não tem nenhuma ligação com as informações trazidas pela reportagem”.
Investigação começou na padaria
A investigação que levou a PF até o suposto esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio das produtoras de funk teve início a partir de uma conversa testemunhada por um policial federal em uma padaria em Alto de Pinheiros, bairro nobre da da zona oeste paulistana, em agosto de 2021.
Na ocasião, segundo o agente da PF, Bruno Amorim de Souza, de 34 anos, que já havia sido preso por tráfico de drogas, conta para um homem não identificado que estava “ganhando muito dinheiro” com “fitas de progresso”, gíria usada pelo PCC para atividade envolvendo o tráfico
Para isso, de acordo com a PF, ele estaria usando veículos que, durante a semana, faziam o transporte de mercadorias lícitas para, aos fins de semana, realizar “as fitas” para a facção.
Segundo o relato do policial, Bruno continuou contando ao interlocutor que havia comprado um caminhão por R$ 500 mil, pagos em dinheiro vivo, e que “estaria sendo financiado pelos indivíduos conhecidos por Rodrigo da GR6 e Rato da Love Funk”.