Suspeito de ser agiota do PCC foi preso quando levava ajuda a gaúchos
PRF prendeu Sedemir Fagundes, suspeito de ser agiota do PCC, quando seguia com amigos levando motosaquáticas e água para ajudar gaúchos
atualizado
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São Paulo — Um dos presos na Operação Khalifa, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), sobre agiotagem praticada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), estava a caminho do Rio Grande do Sul quando foi detido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Santa Catarina.
Em vídeo nas redes sociais, publicado horas antes da prisão, Sedemir Fagundes, 41 anos, e amigos mostraram duas motosaquáticas e uma van carregada com garrafas de água mineral que seriam levadas para o território gaúcho, assolado pelas enchentes.
“Que Deus abençoe essa viagem! Vamos embora, mano! Vamos levar esperança para a turma lá”, disse Fagundes, em vídeo no seu perfil no Facebook. “Tem muita coisa boa para acontecer nessa viagem, acredita”, afirmou. Um dos integrantes do grupo diz que eles estavam em São José, cidade próxima à capital catarinense, Florianópolis.
Segundo a PRF, Fagundes foi preso na manhã desta terça, quando já estava na cidade catarinense de Tubarão. O suspeito de integrar o esquema de agiotagem do PCC seguia viagem acompanhado por dois amigos e, de acordo com a polícia, alegou que ajudaria as vítimas das enchentes. Estava com a van e um reboque levando as duas motosaquáticas.
A PRF afirma que o suspeito foi levado ao presídio regional de Tubarão, onde segue à disposição da Justiça.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados de Fagundes. O espaço segue aberto para manifestação.
Ameaças e extorsão
Segundo as investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Fagundes era um dos líderes do esquema de agiotagem que cobrava de 10% a 300% de juros ao mês de quem decidia tomar dinheiro com o grupo.
A operação desencadeada pelo MPSP, com apoio do Comando de Policiamento de Choque, prendeu nove indivíduos suspeitos de participação no esquema de agiotagem que, só no ano passado, movimentou cerca de R$ 20 milhões em empréstimos. Dois investigados estariam foragidos, entre os 11 que tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça.
Segundo o MPSP, as vítimas da agiotagem eram empresários de médio porte da região do Alto Tietê. Eles são donos de supermercados, lojas de roupas, entre outros tipos de comércio. Para os promotores, não há dúvida de que todos sabiam da origem do dinheiro dos empréstimos.
Havia também a cobrança de taxa por inadimplência. Quando ocorria algum atraso nas parcelas, os bandidos promoviam ameaças, extorsão, sequestro de bens e até restrição de liberdade dos devedores.