Suspeito de atrair jovens para roubo por meio de app gay é preso em SP
Polícia Civil cumpriu mandado de prisão no Sacomã, onde os crimes eram cometidos; suspeito é investigado por roubo e associação criminosa
atualizado
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São Paulo – A Polícia Civil prendeu na noite desta quinta-feira (27/6) um suspeito de atrair jovens por meio de aplicativos de relacionamento gay para praticar crimes.
Agentes do 95º Distrito Policial (Heliópolis) cumpriram um mandado de prisão temporária, no Sacomã, zona sul de São Paulo, região onde supostamente atuava. O suspeito é investigado por roubo e associação criminosa.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as vítimas vão ser ouvidas novamente. Pelo menos cinco delas já reconheceram o suspeito como autor dos crimes.
A investigação está sendo feita por meio de um inquérito policial instaurado para a identificação dos demais envolvidos.
Relatos após morte de jovem
Após a morte do jovem Leonardo Rodrigues Nunes, aos 24 anos, no Sacomã, zona sul de São Paulo, surgiram nas redes sociais relatos de pessoas que também marcaram encontros por meio de um aplicativo de relacionamento gay no bairro e passaram por situações de risco. Leonardo foi encontrado morto no dia 13 de junho após sair para encontrar um homem que havia conhecido no Hornet.
Ele saiu de casa, na região do Cambuci, centro da capital, por volta das 23h da quarta (12/6), Dia dos Namorados. O rapaz chegou a compartilhar a localização com um amigo por precaução, além de ter avisado um possível horário para retorno.
Como Leonardo parou de responder mensagens, os amigos dele começaram a buscar o perfil do homem que havia marcado o encontro com a vítima e perceberam que ele havia sido apagado. O jovem foi encontrado pelos amigos na manhã seguinte no Hospital Ipiranga, já sem vida, e foi reconhecido por meio de fotos.
Na rede social X, um jovem identificado como Bruno Marcelo afirmou ter passado pela mesma situação. O suposto pretendente que conheceu por meio do aplicativo teria inclusive pagado um motorista de aplicativo para que o levasse até o local combinado. Chegando lá, o endereço não existia. Sem dar detalhes, Bruno afirma que foi alvo de um disparo de arma de fogo.
“Cara eu abri pra pouquíssimas pessoas, mas eu passei pelo mesmo a [sic] poucas semanas juro q sensação HORRÍVEL HORRÍVEL o bofe passa wpp, oferece pagar uber e qnd vc chega lá o endereço n existe jamais vai sair da minha cabeça o som da bala na minha direção”, disse o jovem.
“Passei semanas tentando me ‘distrair’ mas td veio a tona dnv. A mesma região, eu travei no chão no dia e só n foi pior pq eu caí qnd escutei o tiro uma moça gritou e me acolheu, se n era pra esse post ser sobre eu”, complementou.
O Metrópoles tentou contato com Bruno Marcelo para ter mais detalhes sobre o ocorrido, mas não obteve retorno.
Farsa
A história é parecida com a relatada pelo publicitário Hilário Júnior. Nesse caso, o pretendente também se ofereceu para pagar uma corrida de aplicativo e também combinou o encontro no Sacomã, na rua Pupo Nogueira, 42. No entanto, Hilário desconfiou do endereço ao fazer uma busca no Google Maps e perceber que ele não existia.
O publicitário divulgou prints das conversas e das fotos do suposto pretendentes no aplicativo. Nas primeiras mensagens trocadas, o homem, que identificava-se como Davi, chama Hilário de “amor” e “vidona”, o que provocou desconfiança.
“Sim, não é longe”, escreve Davi após dizer onde morava. “Se quiser vim (sic) pago Uber, aqui não tem problema”, complementa ele.
Hilário relata ter tido certeza de que se tratava de uma farsa ao ver a foto usada pelo pretendente no WhatsApp. “Eu não salvei a foto do perfil do WhatsApp. Mas basicamente ele tava na frente de uma academia com o logo FITNESS SF! E eu falei pra: essa é a Fitness SF, uma academia de San Francisco, Califórnia”, disse. Confrontado, Davi disse se tratar de uma unidade na Avenida Paulista, que não existe.
Hilário ainda encontrou o perfil no Instagram do verdadeiro homem que aparece nas fotos. Seria o brasileiro Leandro Santos que vive em São Francisco. Em sua bio, ele escreve: “Tem uma pessoa se passando pelo meu perfil, tome cuidado! Eu não moro no Sacomã”.
A reportagem questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e o aplicativo Hornet sobre as ocorrências, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.