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Surto de virose: veja quais praias ficaram mais tempo sujas em SP

Litoral de SP teve 15 praias com bandeira vermelha, impróprias para banho e com mais risco de virose, durante a maior parte de 2024

atualizado

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Divulgação/Prefeitura de Ubatuba
Imagem mostra a praia de Itaguá, em Ubatuba - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra a praia de Itaguá, em Ubatuba - Metrópoles - Foto: Divulgação/Prefeitura de Ubatuba

São Paulo — As medições realizadas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) mostram que 15 praias do litoral paulista passaram mais da metade de 2024 com bandeira vermelha, impróprias para banho. Entre elas, apenas três estão no litoral norte, em Ubatuba. As praias sujas são aquelas com mais riscos de contaminação pela virose, que tem afetado turistas e moradores de cidades próximas ao mar.

O governo de São Paulo orienta as pessoas a não entrarem na água em praias com bandeira vermelha. O banho de mar também deve ser evitado nas 24 horas posteriores à chuva.  A balneabilidade das praias é afetada não apenas pela coleta ou não de esgoto, como também pela poluição difusa, que é a sujeira das ruas levada até córregos — e depois para o mar — nos dias mais chuvosos.

Durante o ano passado, duas praias do litoral de São Paulo tiveram bandeira vermelha em quase a totalidade das medições. Um dos pontos de medição em Itaguá, no município de Ubatuba, e outro em Perequê, no Guarujá, ficaram impróprios para banho em 51 das 52 semanas de 2024.

Entre as cidades, Praia Grande foi aquela com o maior número de pontos de medição com bandeira vermelha na maior parte do ano. O destaque negativo ficou por conta da Vila Tupi, com 44 semanas com o mar impróprio.

Na vizinha São Vicente, a Prainha, Milionários e Gonzaguinha também tiveram bandeira vermelha em quase a totalidade do ano, por mais de 40 semanas.

Vejas quais as praias com mais bandeiras vermelhas

  • Guarujá – Perequê – 51
  • Ubatuba – Itaguá (Leovegildo, 1724) – 51
  • Praia Grande – Vila Tupi – 44
  • São Vicente – Prainha (Av. S. Brito) – 44
  • São Vicente – Gonzaguinha – 42
  • São Vicente – Milionários – 41
  • Ubatuba – Itaguá (Leovegildo, 240) – 39
  • Praia Grande – Vila Mirim – 35
  • Praia Grande – Maracanã – 32
  • Mongaguá – Central – 28
  • Mongaguá – Santa Eugênia – 28
  • Mongaguá – Vera Cruz – 28
  • Praia Grande – Balneário Flórida – 28
  • Praia Grande – Boqueirão – 28
  • Ubatuba – Rio Itamambuca – 27

O ponto positivo no ano passado foi Santos, que teve uma melhora generalizada em suas praias na comparação com 2023, quando ainda teve dois pontos de medição (Gonzaga e Boqueirão) entre os dez piores de São Paulo. Em 2024, quem liderou o ranking de bandeiras vermelhas na principal cidade do litoral paulista foi a Ponta da Praia, imprópria para banho em 21 semanas.

Melhores praias

Se em 15 praias houve bandeira vermelha na maior parte do ano, 63 permaneceram próprias para banho em todas as semanas de 2024.

Cidades desde o litoral norte até o Guarujá e, depois, entre Peruíbe e Ilha Comprida tiveram ao menos uma praia com bandeira verde durante todo o ano passado.

O site da Cetesb traz informações sobre a situação atual de cada uma das praias de São Paulo.

O que dizem as prefeituras

A Prefeitura de Santos diz que o principal fator que determina os níveis de balneabilidade é a rede coletora de esgoto, de responsabilidade da Sabesp, com a qual a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade desenvolve várias ações conjuntas. A administração municipal afirma também que a cidade tem 99% de ligação de esgoto e todo o sistema é interligado ao emissário submarino, que despeja o material, após tratamento, a 4,5 km do litoral.

“No entanto, a pasta entende que há uma relação direta entre a balneabilidade e o volume de tratamento de efluentes lançados por todos os emissários submarinos existentes nos demais municípios da Baixada Santista. No caso de Santos, há ainda questões geográficas a serem consideradas, notadamente o fato de praias estarem inseridas em uma baía, com conexão direta com o canal do porto e municípios vizinhos, dos quais sofrem influência direta, principalmente no que se refere às ligações irregulares e/ou clandestinas nestas cidades”, diz, em nota, citando também uma série de ações para melhorar a balneabilidade.

A Prefeitura de Praia Grande diz que há 85,3% de cobertura de rede de esgoto no município e a meta, de acordo com o contrato vigente com a Sabesp, é atingir 95% até 2028. “Obras para melhorar o sistema de saneamento básico e, consequentemente, a balneabilidade das praias seguem sendo realizadas no município.”

A gestão de Praia Grande diz também que, de acordo com relatório da Cetesb, o regime de chuvas acima da média nos últimos meses e ainda a grande concentração de banhistas nos finais de semana e feriados prolongados contribuíram de forma significativa para estes resultados.

A Prefeitura de São Vicente diz que analisa dados apresentados e, a partir disso, elabora estratégias para combater os problemas de poluição no mar. “A Secretaria do Meio Ambiente destaca que a região é estuarina, toda interligada por braços de rio e canais, apresentando considerável concentração de habitações subnormais, indústrias e atividades portuárias, o que dificulta a identificação das fontes de poluição”, diz, em nota.

A administração municipal de São Vicente diz também que “a Sabesp implementa programas destinados a ampliar as conexões de esgoto no município, enquanto as obras nos canais de drenagem desempenham papel crucial na identificação de fontes poluidoras e contribuem para a redução de poluentes descartados de maneira irregular”. No dia 26, duas das seis praias estavam impróprias.

A Prefeitura de Itanhaém diz que tem promovido uma série de ações, entre elas, a expansão da coletiva seletiva. Também afirma que foi assinado contrato com a DesenvolveSP, com um investimento estadual de R$ 2,3 milhões, em projeto de redução de resíduos recicláveis descartados inadequadamente, evitando que cheguem aos rios.

A Prefeitura de Bertioga disse apenas que, segundo a Cetesb, todas as praias do município estão próprias para banho.

As prefeituras de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e Mongaguá não se manifestaram até a publicação da reportagem.

O Metrópoles ligou para a Prefeitura de Peruíbe, mas não conseguiu contato com a assessoria de imprensa na última quinta-feira (2/1). O espaço segue aberto para manifestação.

O que diz a Sabesp

A Sabesp afirma que diversos fatores influenciam a qualidade das praias, como crescimento urbano desordenado e ocupação de áreas irregulares. A companhia afirma que busca a universalização do saneamento em todos os municípios onde opera até 2029.

“No caso das regiões da Baixada Santista e do Litoral Norte, mantém o programa Onda Limpa. As cidades mais populosas da Baixada Santista — Santos, Guarujá, Praia Grande e São Vicente — possuem serviços de saneamento de alta qualidade, entre os melhores do país, como demonstram os rankings do setor nos últimos anos”, diz, em nota.

A Sabesp diz que o Programa Onda Limpa foi lançado em 2007 e vem expandindo a coleta de esgoto nas cidades litorâneas.

A Cetesb foi questionada, mas não se manifestou até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.

O que diz a Cetesb

A Cetesb afirma que monitora a balneabilidade de 175 pontos em praias situadas no litoral paulista.

“Em 2024, as praias paulistas monitoradas apresentaram melhora em relação ao ano anterior. Não foram observados picos de praias impróprias; nem em janeiro, que normalmente é um período crítico para a qualidade das praias em razão do afluxo de turistas e as chuvas intensas do verão”, afirma, em nota.

Segundo a Cetesb, a classificação anual mostra aumento da porcentagem de praias do litoral de São Paulo que permaneceram próprias, em todas as semanas do ano, passando de 25%, em 2023 para 36%, em 2024, índice superior a 2021, que atingiu 33%.

“Na Baixada Santista, conforme balanço parcial, até o início de dezembro, elas haviam subido de 15% para 21%, e no Litoral Norte, de 28% para 40%”, diz.

Segundo a companhia, o resultado foi influenciado pelos investimentos em saneamento básico nos municípios litorâneos e por um ano mais seco que o normal, com longos períodos de estiagem.

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