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“Superdroga” temida nos EUA, fentanil circula há mais de 10 anos em SP

Polícia de SP registrou no estado ao menos 52 apreensões de fentanil, opioide que provoca parada respiratória e onda de overdose nos EUA

atualizado

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Polícia Civil de SP
"Superdroga" nos EUA, fentanil circula há mais de 10 anos por SP
1 de 1 "Superdroga" nos EUA, fentanil circula há mais de 10 anos por SP - Foto: Polícia Civil de SP

São Paulo – Considerado o maior “culpado” pelo aumento do número de mortes por overdose nos Estados Unidos, o opioide sintético fentanil circula pelo tráfico de drogas no estado de São Paulo há mais de 10 anos, segundo a Polícia Civil paulista.

O alerta nas autoridades brasileiras acendeu no mês passado, quando uma operação realizada pela polícia do Espírito Santo, no dia 10 de fevereiro, apreendeu 31 ampolas do anestésico, que é 100 vezes mais forte do que a morfina.

No entanto, de acordo com o Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc), da Polícia Civil de São Paulo, desde 2012 há registros de apreensões da substância em solo paulista, relacionadas ao tráfico de drogas.

“Localizamos 52 ocorrências de 2012 até aqui, em contexto de tráfico de drogas. Fora as dezenas de ocorrências de extravio e desvio de hospitais. Algumas delas, com toda certeza, estão relacionadas ao tráfico”, afirma o delegado Fernando Santiago, do Denarc.

Somente entre 2020 e 2022, a polícia paulista apreendeu 1.229 frascos de fentanil, totalizando 12.290 ml da substância. Além disso, no dia 8 de fevereiro, dois dias antes da apreensão no Espírito Santo, 810 gramas do fármaco foram apreendidas em Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo.

Mistura com outras drogas

O fentanil é um opioide sintético que tem uso autorizado somente como anestésico em hospitais. De acordo com a agência antidrogas dos EUA, o efeito da substância é 100 vezes mais forte que o da morfina, o que fez o órgão classificar o fentanil como uma “superdroga”.

Por isso, traficantes têm utilizado o fentanil para misturá-lo a entorpecentes – sobretudo cocaína – e potencializar o efeito sobre os usuários.

“O fentanil tem pouco volume. Usa-se uma ampola por cada quilo de cocaína. Então, nessa equalização do volume da droga, ele ocupa pouco espaço. Só que o efeito que provoca é muito grande”, afirma o delegado Fernando Santiago.

Como o opioide tem pouco volume, os traficantes diminuem a quantidade de cocaína pura e compensam o restante com outra substância mais barata, normalmente cafeína, e com o acréscimo de fentanil, o que aumenta a rentabilidade do comércio ilícito.

Desvio de lixo hospitalar

Em 2020, o Denarc descobriu um esquema liderado por um traficante de drogas na Grande São Paulo no qual frascos de fentanil vencido eram desviados de lixos de descarte de um hospital que era controlado por uma Organização Social comandada por um laranja do criminoso.

De acordo com o investigador do Denarc, por ser uma substância cara e de importação controlada, os traficantes buscam o acesso por meio de esquemas de desvios de lixos hospitalares.

Embora a droga já esteja circulando desde 2012 no estado, a Polícia Civil aponta que houve um aumento considerável nos últimos anos. “Dos mais de 50 casos, mais da metade foi depois de 2018”, afirma o delegado.

Efeitos da “superdroga”

O Centro de Controle e Prevenção de doenças dos EUA calcula que, somente em 2021, ano do último levantamento, foram registradas cerca de 106 mil mortes por overdose no país, um número recorde. Desse total, 67% estão associadas ao fentanil.

O médico anestesiologista Jedson Nascimento, da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, explica que a principal causa das mortes pelo opioide é a parada respiratória.

“O fentanil tem um efeito adverso muito grave que é o da parada respiratória. O indivíduo usa, sente a sensação de bem-estar, quer mais, aí a medicação age no sistema respiratório e faz com que o indivíduo pare de respirar”, afirma o especialista.

O médico explica que pacientes que recebem doses de fentanil ou de outros opioides em anestesias ficam acompanhados de um ventilador mecânico ao lado, para caso ocorra uma parada respiratória.

“Quando você entra com medicações que podem levar a parada respiratória, você tem que ter ventilador, para fazer a substituição da função pulmonar, caso tenha necessidade. Porque são drogas que têm certo risco, e as complicações podem acontecer”, diz o especialista.

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