SP: venda de lote clandestino aceita até moto usada como pagamento
Denúncia recebida pela Prefeitura de SP mostra que grupo criminoso anuncia abertamente lote irregular e aceita pagamento com moto usada
atualizado
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São Paulo – Criminosos aceitam carro e até moto usada como forma de pagamento por lote clandestino, aberto em áreas de proteção ambiental na capital paulista, segundo mostram anúncios de venda.
O avanço de loteamentos irregulares motiva uma ofensiva da Prefeitura de São Paulo contra grupos criminosos que desmatam áreas protegidas e constroem condomínios fechados. Segundo investigações, o Primeiro Comando da Capital (PCC) está por trás da maioria dessas invasões.
No fim de abril de 2023, a denúncia contra um desses empreendimentos ilegais chegou ao gabinete do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Era um panfleto com anúncio de um novo condomínio em Parelheiros, no extremo da zona sul, uma das áreas mais cobiçadas pelos grupos criminosos.
“Grande oportunidade! Excelente localização”, diz o panfleto, que oferece terrenos de 125 m² por R$ 25 mil, com “escritura da área total”, água, luz e rua aberta em todo loteamento. “Aceitamos carro e moto como forma de pagamento, sujeito a avaliação, sem consulta ao SPC e Serasa e sem burocracia”.
Loteamento ilegal
Após receber a propaganda, Nunes ordenou uma apuração interna da situação da área ocupada. As equipes da Prefeitura constataram se tratar de loteamento ilegal, construído em região de manancial.
O anúncio não tem marca de empresa, mas disponibiliza dois números de WhatsApp para contato. Apurações da Prefeitura apontaram que um dos telefones é de uma mulher que consta como falecida desde 2020. O Metrópoles ligou para os dois números, mas não foi atendido.
Já o outro número é ligado a um homem com condenações por porte de arma e tráfico de drogas. Ele também chegou a ser denunciado por homicídio, mas foi absolvido.
O empreendimento fica na região com maior concentração de loteamentos irregulares, a zona sul da capital, nas proximidades das represas Billings e Guarapiranga.
Monitoramento da Prefeitura mostra que atualmente há 1.030 ocupações desse tipo em todas as regiões – número que saltou 950% na última década.