SP tem 14 mil pedidos de poda de árvores à espera de atendimento
No debate de segunda (14), Nunes disse que 6 mil podas dependem da Enel. Pedidos aguardam resposta da gestão municipal
atualizado
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São Paulo — A Prefeitura de São Paulo acumula 14,6 mil pedidos de podas ou remoção de árvores não atendidos, de acordo com dados referentes ao primeiro semestre deste ano. As solicitações foram feitas por meio de aplicativo e pelo Disque 156, e aguardam resposta da gestão municipal. Os números foram confirmados pela administração municipal.
A queda de árvores sobre a rede elétrica tem sido apontada como um dos principais fatores para a demora no restabelecimento da energia após o temporal que atingiu a cidade na sexta-feira (11/10). Nesta terça-feira (15/10), cerca de 250 mil imóveis na cidade entraram no seu quarto dia sem luz.
As solicitações de poda são feitas pelos moradores e nem todas as árvores precisam ser podadas. Segundo a prefeitura, é necessário fazer uma avaliação técnica.
De acordo com o sistema de dados abertos, a zona leste é a região com o maior número de pedidos em aberto, com destaque para Itaquera, com 572 solicitações. Em segundo lugar vem Pirituba, na zona norte, com 476 pedidos.
O bairro Cidade Líder, também na zona leste, aparece em terceiro lugar, com 416 pedidos. A zona sul, que foi a mais afetada pelo apagão, concentra cerca de 25% das demandas pendentes.
Ação popular
Na segunda-feira (14/10), a Bancada Feminista do PSol na Câmara dos Vereadores protocolou uma ação popular acusando a Prefeitura de omissão na poda preventiva de árvores, o que teria contribuído para a extensão do apagão. O PSol é partido do deputado Guilherme Boulos, que disputa o segundo turno das eleições municipais com o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
A ação pede que a Prefeitura responda imediatamente às solicitações pendentes e apresente um plano de manutenção. Também responsabiliza diretamente o prefeito, pedindo sua condenação pelos prejuízos causados pelo apagão.
Contactada pelo Metrópoles, a Procuradoria Geral do Município (PGM), que defende a Prefeitura, informou que não foi notificada da ação judicial.
A questão da poda das árvres na capital tem sido utilizada politicamente contra Nunes nas eleições. Nesta terça-feira, Boulos aproveitou seu espaço na propaganda eleitoral obrigatória para criticar o prefeito, alegando que ele falhou na zeladoria da cidade.
Durante o primeiro debate do segundo turno, promovido pela TV Bandeirantes nessa segunda-feira (14/10), Ricardo Nunes se defendeu das acusações de omissão em relação à poda de árvores, e disse que a Prefeitura tem 6 mil podas pendentes que dependem de trabalho da Enel para remoção de fios.
Em nota enviada ao Metrópoles a respeito do número de pedidos de poda em aberto, a Prefeitura de São Paulo apontou que “o número de chamados em aberto é 89% menor que em 2017, caindo de 507 para 54 dias” e que as 14,6 mil ordens pendentes “representa uma redução de mais de 80% em relação ao estoque que havia em 2017 de 81 mil pedidos”.
A Prefeitura ainda destacou que “diversos chamados podem corresponder à mesma árvore” e que “a legislação permite a remoção de uma árvore apenas nos casos em que o exemplar está com a saúde condenada ou quando há dano estrutural ao imóvel, atestado por um engenheiro civil contratado”. E acrescentou que o serviço é feito “em conformidade com as solicitações recebidas pela Central SP156 e pela busca ativa através de sistemas de inteligência artificial como o Gaia”.
A respeito da situação da relação com a Enel, a gestão municipal escreveu que a comunicação entre as duas instituições passou por um processo de informatização, “o que acelerou o processo para que a concessionária tivesse conhecimento dos casos a serem atendidos. Antes, essa comunicação era feita via ofício”.