SP: relatório defende cassação do vereador Camilo Cristófaro por racismo
Alvo de processo de cassação, vereador paulistano Camilo Cristófaro (Avante) usou a expressão “coisa de preto” durante sessão de CPI em 2022
atualizado
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São Paulo — O vereador Marlon Luz (MDB) recomendou, nesta segunda-feira (21/8), a cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante), por fala de cunho racista, no plenário da Câmara de São Paulo.
O relatório concluído por Luz será votado na Corregedoria da Câmara na próxima quinta-feira (24/8). Caso seja aprovado, o processo de cassação de Cristófaro vai a votação em plenário. Para aprovar a perda de mandato do parlamentar, basta maioria simples — 28 votos entre os 55 vereadores.
Durante uma sessão virtual da CPI dos Aplicativos em maio de 2022, vazou ao fundo o áudio de Cristófaro dizendo a seguinte frase: “Eles lavaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”.
Em um primeiro momento, Cristófaro afirmou que, ao dizer “coisa de preto”, estava se referindo a um Fusca preto que pertence à sua coleção de carros antigos. Depois, mudou a versão e contou que, no momento do áudio vazado, estava conversando com um amigo negro e fez uma brincadeira.
O vereador foi alvo de quatro pedidos de cassação por quebra de decoro parlamentar e, no mesmo mês, o relatório da vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSol) pela admissibilidade do processo contra ele foi aprovado por 51 vereadores, dando início ao procedimento de cassação na Corregedoria.
Inquérito conclui que Camilo Cristófaro cometeu injúria racial em 2020
O vereador do Avante conseguiu uma decisão da Justiça paulista para paralisar o processo, mas, em setembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) derrubou liminar que impedia o prosseguimento do processo de cassação.
Em seu relatório, o vereador Marlon Luz afirmou que a declaração feita pelo vereador “reforçou a percepção socialmente abominável de que as pessoas negras são necessariamente encarregadas de executar trabalhos manuais e que sua suposta ineficiência está relacionada à sua etnia”.
“Embora a perda de mandato por quebra de decoro parlamentar seja uma medida extrema, ela se mostra completamente necessária para preservar a integridade da Câmara Municipal, instituição democrática, bem como para garantir a responsabilidade ética dos representantes do povo”, conclui o relator.
O Metrópoles procurou o vereador Camilo Cristófaro, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.