SP veta até sulfite na cadeia contra droga que PCC já proibiu nas ruas
Governo de SP barrou folhas de sulfite em presídios por causa da droga que provoca o “efeito zumbi”, proibida pelo PCC na Cracolândia
atualizado
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São Paulo – O acesso dos presos paulistas a folhas de papel sulfite foi barrado pelo governo por causa do aumento das apreensões da chamada maconha sintética, droga que provoca o “efeito zumbi” nos usuários e já foi proibida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) na região da Cracolândia, no centro de São Paulo.
O número de fotos e outros itens impressos enviados por correspondência aos detentos do sistema prisional paulista também foi restringido pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), responsável por 181 unidades prisionais no estado.
A medida foi tomada ainda no ano passado por causa do aumento nas apreensões do canabinoide sintético conhecido como k4 na cadeia, onde ele chega borrifado em folhas de papel. Nas ruas, o entorpecente é chamado de k9, k2, spice, ou space, e é misturado em uma espécie de tabaco, enrolado e fumado como cigarro.
Cem vezes mais potente que a maconha natural, a droga teve a venda proibida na Cracolândia pelo PCC neste ano, por causa do prejuízo causado ao tráfico pelos efeitos que a substância provoca nos usuários, chamado de “efeito zumbi”.
Em outros pontos de venda controlados pelo PCC na cidade, a comercialização da droga é permitida, mas o consumo no local está vetado.
Nos presídios
A pandemia da Covid-19 contribuiu para a disseminação da droga no sistema carcerário, porque as visitas presenciais foram proibidas e, consequentemente, o envio de correspondência cresceu exponencialmente.
A primeira apreensão da droga nas cadeias paulistas ocorreu na véspera do Natal de 2017. No ano seguinte, foram 72 apreensões. Já em 2020, ano de início da pandemia, foram 1.256.
Mesmo com a proibição ou restrição para a entrada de folhas de papel, as apreensões nas cadeias aumentaram de 1.414 em 2021 para 4.091 no ano passado, o equivalente a uma apreensão a cada duas horas, como revelou o Metrópoles. No primeiro trimestre deste ano, já foram 528 apreensões.
Como o monitoramento das correspondências ficou mais rigoroso, o envio da droga também passou a ser feito por visitas ou escondido em alimentos.
No último dia 8, a mãe de um detento foi flagrada tentando entrar no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, com 23 gramas de k4 escondidos em sua calça.
Em junho do ano passado, agentes apreenderam 190 micropontos de k4 escondidos em um pote de margarina. O caso ocorreu no CDP de Pinheiros, na capital paulista.
Com a popularização no sistema carcerário e o aumento da produção – feita em laboratórios clandestinos e assessorada por químicos profissionais –, a droga começou a se tornar mais presente em apreensões feitas pela polícia fora da cadeia.
Apesar de não representarem a totalidade do volume da droga sintética tirada das mãos de traficantes, os dados policiais servem de termômetro para o aumento do consumo do entorpecente nas ruas de São Paulo.
Em 2021, por exemplo, foram apreendidos 5,6 quilos da droga. Já no ano passado, o volume de spice ou K9 apreendido chegou a 51 quilos, aumento de 810%. Neste ano, até o momento, já foram apreendidos 17,4 quilos da droga, segundo a polícia.