SP: policiais são investigados por suposta propina para liberar drogas
Equipe que estava de plantão no 49º DP, na zona leste de SP, foi levada para prestar esclarecimentos à Corregedoria da Polícia Civil
atualizado
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São Paulo – Cinco policiais do 49º DP (São Mateus) foram levados à Corregedoria da Polícia Civil para prestar esclarecimentos após serem denunciados anonimamente por supostamente pedir dinheiro em troca da liberação de droga apreendida com traficantes.
Além dos policiais, ao menos outras cinco pessoas também foram encaminhadas para a sede do órgão fiscalizador policial. Durante a operação, no último sábado (27/5), também foram apreendidos R$ 40 mil em dinheiro.
Uma fonte que acompanha o caso afirmou nesta segunda (29) ao Metrópoles, em condição de anonimato, que uma denúncia feita às 21h de sexta (25) indicou que policiais da delegacia de São Mateus teriam prendido traficantes, além de apreender 200 quilos de drogas. Para liberar o entorpecente, segundo o denunciante, os policiais teriam exigido pagamento em dinheiro.
Diante da denúncia, integrantes da Corregedoria foram até o 49º DP, na Avenida Ragueb Chohfi, por volta das 23h.
“Quando entraram, não tinha nada. Não estava sendo nada elaborado. Foram até o primeiro andar e encontraram três policiais . Quando perguntaram sobre o traficante, deram respostas evasivas. Que conduziram algumas pessoas como averiguadas em tráfico de drogas, por causa de uma casa bomba [depósito de drogas]. Disseram que iam começar o registro do BO, o que causou estranhamento”, explicou a fonte ouvida em sigilo.
Enquanto a conversa ocorria, policiais da Corregedoria que estavam do lado de fora da delegacia viram três homens chegando, dos quais um com uma bolsa. Dois fugiram ao perceber a aproximação dos agentes e o que estava com a bolsa foi detido. Ele carregava R$ 40 mil em dinheiro vivo.
Todos para a Corregedoria
O suspeito que estava com o dinheiro teria afirmado que iria entregar o montante para o pagamento de honorários de uma advogada e um advogado que defendem o trio de suspeitos de tráfico. A versão contata pelo homem que carregava o dinheiro não convenceu os corregedores. Por causa disso, toda a equipe de plantão do 49º DP, suspeitos e os dois advogado de defesa foram para a sede da Corregedoria, no centro da capital paulista.
“Os corregedores sabiam que estava tendo um caso de corrupção em curso, um ato preparatório para isso, tentado, ou seja, difícil, sem materialidade para prender todos em flagrante. Além disso, a droga mencionada na denúncia não foi localizada. A delegacia estava vazia de público, sem boletim de ocorrência aberto. Todos os presentes estavam no primeiro andar, batendo papo, tudo muito suspeito, evidenciado, com indícios de que estava sendo negociado o pagamento, uma vantagem, uma propina aos policiais”, disse ainda a fonte ouvida pelo Metrópoles.
A reportagem apurou que todos prestaram depoimento, negando a denúncia. Os celulares dos suspeitos foram aprendidos. A quebra do sigilo dos aparelhos foi solicitada e, caso seja autorizada, irá ajudar a Corregedoria a identificar eventuais negociações entre os policiais denunciados e os traficantes que estavam na delegacia.
A Corregedoria instaurou inquérito policial de concussão (crime praticado por funcionário público contra a administração).
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou em nota, encaminhada ao Metrópoles nesta segunda-feira, que as investigações da Corregedoria “estão em andamento.”
A pasta não deu mais detalhes como: se os suspeitos de tráfico foram presos ou soltos, ou ainda quais medidas foram tomadas contra os policiais do 49º DP enquanto o caso é investigado.
Defesa dos policiais
O advogado Bruno Arcani, que defende os policiais, afirmou ao Metrópoles, no fim da tarde desta segunda-feira, que a questão do dinheiro levado à delegacia “já está esclarecida.”
“O valor foi levado para pagar os advogados de defesa dos suspeitos por tráfico, levados à delegacia para averiguação. O valor segue apreendido e os defensores vão perpetrar um mandado de segurança para reaver o valor, assim como seus celulares, que também foram aprendidos pela Corregedoria.”
Arcani acrescentou que os policiais do 49º DP investigavam uma casa, onde havia suposto tráfico de drogas. Perto do local, avistaram suspeitos e os levaram à delegacia para averiguação.
Sobre a demora para a abertura do boletim de ocorrência, ele afirmou que outros dois registros estavam em andamento anteriormente.
Os policiais investigados pela Corregedoria seguem trabalhando normalmente, mas com os celulares pessoais apreendidos.
Os suspeitos de tráfico também foram liberados, após falarem com os corregedores. Ele voltaram ao 49º DP, onde prestaram depoimento sobre o caso em que são averiguados.