SP: polícia prende 8 da gangue da bicicleta em “escritório do crime”
Foram presos oito adultos e apreendido um adolescente apontados como integrantes da “gangue da bicicleta” e do “quebra vidro”
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Oito homens foram presos e um adolescente apreendido, na noite dessa quinta-feira (10/7), em um apartamento no centro da capital paulista apontado pela polícia como “escritório” de uma quadrilha especializada em roubar e furtar celulares.
As ações criminosas, segundo investigações da Polícia Civil, são feitas com bicicletas ou por meio da quebra dos vidros de carros das vítimas.
Por causa das bikes utilizadas, o grupo é chamado pela polícia de “gangue da bicicleta“. Os bandidos seguem vítimas distraídas, que caminham pelas ruas manuseando seus smartphones.
Numa fração de segundo, as vítimas têm os aparelhos arrancados de suas mãos, em uma prática conhecida como “dar o bote”. Em seguida, os ladrões fogem com os celulares, que são imediatamente vendidos para receptadores.
Como agem os receptadores de celulares roubados no centro de SP
No caso das vítimas que estão ao volante, a quadrilha quebra os vidros dos carros e retira celulares de dentro dos veículos, geralmente fixados nos painéis. Para isso, os criminosos utilizam brocas, originalmente usadas em furadeiras.
Uma das vítimas do bando é uma mulher de 43 anos cujo celular, avaliado em R$ 6 mil, foi roubado no fim da tarde dessa quinta-feira no centro paulistano. No 1º DP (Sé), ela reconheceu João Pedro da Silva dos Santos, de 18 anos, como o criminoso que quebrou o vidro do lado do motorista. Ele teria colocado metade do corpo para dentro do carro e pegou o celular e a bolsa da mulher.
A vítima também reconheceu Vinícius de Moura, 18, como a pessoa que, instantes depois, quebrou o vidro dianteiro, do lado do passageiro, e que a ameaçou com “muita agressividade” ao pedir o celular. Segundo a Polícia Civil, a vítima “avisou que o aparelho já havia sido subtraído”.
Motoristas e passageiros
Prisões
Logo após o roubo, o suspeito João Pedro foi até a Rua Helena Zerrener, também no centro de São Paulo. Policiais civis observaram que, na via, ele e Mateus Santos Silva, 20 anos, pegaram um lanche entregue por um motoqueiro de aplicativo. Em seguida, a dupla conversou com um grupo de oito suspeitos e entrou em um prédio residencial.
Os policiais, então, seguiram o grupo e entraram no prédio. Em frente ao imóvel estava, segundo os policiais, Rennan Rosa da Silva, 24, que teria tentado impedir a entrada dos agentes no apartamento.
Logo depois, chegaram ao local Alexandre Lima da Silva, 27, Wellington Lima Valença, 26, e Vinícius de Moura – o homem reconhecido por ter quebrado o vidro do carro de uma mulher e a ameaçado. Segundo registros oficiais, Vinícius estava com um dos braços ensanguentados, supostamente causados por ferimentos resultantes da prática de “quebrar vidros de veículos em via pública.”
“Escritório do crime”
Dentro do apartamento, policiais prenderam oito homens, com idades entre 18 e 27 anos, e apreendeu um adolescente, de 16 anos, todos apontados como integrantes de uma quadrilha que rouba celulares usando bicicletas ou quebrando vidros de carros.
No imóvel foram localizados e apreendidos duas bicicletas, três máquinas de cartão de crédito e débito, R$ 3,8 mil, três brocas (usadas para quebrar vidros) e 12 celulares, dos quais nove Iphones.
Todos os adultos e o menor foram levados ao 1º DP e, respectivamente, indiciados e sindicado por associação criminosa, receptação, roubo, resistência e furto.
Os presos, segundo a polícia, são Yago da Silva Angeli Machado, 27, Rennan Rosa da Silva, 24, Wellington Lima Valença, 26, Alexandre Lima da Silva, 27, Claudio Santos Mendes, 26, Mateus Santos Silva, 20, Vinícius de Moura e João Pedro da Silva dos Santos, ambos de 18 anos.
“Prisão ilegal”
O Metrópoles conseguiu localizar a defesa de Yago e Mateus. Segundo o advogado Reinalds Klemps, a prisão de seus clientes foi “ilegal.”
“A operação policial inteira foi lastreada em ilegalidade. A equipe invadiu um domicílio no período noturno sem autorização judicial ou entrada franqueada. Os meus clientes estavam dentro do imóvel no momento em que a polícia invadiu e anunciou a prisão, porém não sabiam da fatos anteriores e negam qualquer envolvimento com o roubo.”
Ele acrescentou que a dupla que defende não foi reconhecida pela vítima mencionada nesta reportagem. O defensor espera relaxar a prisão deles ainda nesta sexta-feira (11/8). Para isso, ele aguarda um posicionamento do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Os advogados dos outros presos não foram localizados até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Um roubo a cada 8 minutos
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, foram roubados na capital paulista, entre janeiro e julho deste ano, 36.127 celulares. Isso representa um crime a cada oito minutos.
Os roubos, tipo de crime no qual é empregada violência contra as vítimas, superam o registro de furtos de aparelhos no mesmo período, que foi de 34.004.
Na região central, as estatísticas apontam 1.128 roubos de aparelhos no primeiro semestre, ante 12.5522 furtos no mesmo período.