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Parentes ajudam a achar corpos, e pessoas tentam salvar o que sobrou

No quinto dia de buscas após a tragédia em São Sebastião (SP), parentes ajudam bombeiros a encontrar corpos sob os escombros na Vila do Sahy

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Prefeitura Bombeiros fazem busca em São Sebastião após chuvas em São Paulo - Metrópoles
1 de 1 Prefeitura Bombeiros fazem busca em São Sebastião após chuvas em São Paulo - Metrópoles - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Sebastião – No quinto dia de buscas após a tragédia que devastou a cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, parentes têm ajudado bombeiros e cães farejadores na esperança de encontrarem sobreviventes em meio aos escombros na Vila do Sahy; enquanto isso, moradores correm para salvar o que sobrou em suas casas, atingidas pelo deslizamento de terra provocado pela chuva.

No último boletim divulgado pelo governo paulista, na manhã desta quinta-feira (23/2), a Defesa Civil havia computado 49 mortes ocorridas desde domingo (19/2) – 48 em São Sebastião e uma em Ubatuba –, além de mais de 3,5 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas depois da tempestade que castigou o litoral paulista durante o Carnaval. Estima-se que 37 pessoas ainda estejam desaparecidas.

Na tarde desta quinta-feira, a reportagem do Metrópoles acompanhou a equipe do Corpo de Bombeiros retirando mais corpos que estavam soterrados na Vila Sahy, na costa sul de São Sebastião. Ao menos quatro foram localizados depois do último boletim da Defesa Civil. Em uma das ações, um homem ajudou a encontrar, sem vida, o filho e a nora, que estava grávida, debaixo de um colchão sob os escombros.

Os bombeiros usam retroescavadeiras para retirar a lama em áreas onde a possibilidade de encontrar corpos ou sobreviventes já foi descartada. Homens especializados em resgate correm contra o tempo para revirar pontos onde havia casas. O trabalho deve ser interrompido diante da ameaça de mais chuva na região.

Mutirão para salvar pertences

Em meio à lama e a montanhas de terra, os moradores da Vila do Sahy, bairro precário que cresce há mais de 20 anos nas costas da paradisíaca praia da Barra do Sahy, fazem um mutirão para retirar móveis e eletrodomésticos de casas que foram destruídas pelos deslizamentos de terra ou estão condenadas.

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Sem água há cinco dias, a recepcionista Gabriela Spinelli, de 36 anos, está desde domingo limpando sua casa, invadida pela lama, na expectativa de que poderá continuar morando no local para onde se mudou há um ano e meio. Ela lembra com detalhes como foi o dia da tragédia, iniciada na noite de sábado (18/2).

“Estava chovendo muito forte desde o começo da tarde. Não uma garoa, uma tempestade forte. Muita água. Minha calçada estava com água até a canela. De repente, um estrondo muito forte, e muita gritaria nas ruas”, conta Gabriela, que mora a poucos metros da Rodovia Manuel Hipólito Rego, a SP-055.

Bairro mais devastado pelas chuvas e deslizamentos de terra, a Vila do Sahy tem cinco ruas que saem da rodovia em direção ao morro – a praia fica no lado oposto da estrada. As vielas vão se transformando em um emaranhando de corredores estreitos conforme se aproximam da encosta, onde há duas frentes de trabalho de equipes de resgate com cães farejadores ainda em busca de vítimas.

Foi de uma dessas frentes de busca de vítimas que saiu o penúltimo corpo resgatado pelos bombeiros – uma mulher que, de acordo com vizinhos, havia saído para ajudar a mãe a fugir do deslizamento em outra casa, quando desapareceu, sem saber que seus irmãos já haviam socorrido a senhora.

Do alto do morro, vem um som de motosserras, apitos de tratores e barulhos de metal batendo. Quem teve de sair de casa está alojado no Instituto Verdescola, uma ONG que fica bem ao lado do bairro, ou em uma escola estadual da Barra do Sahy.

Homens do Exército estão recolhendo pertences de moradores da base do bairro, enquanto os que moram no fundo fazem mutirões para retirar os imóveis das casas que foram interditadas.

É na laje de uma dessas casas que mora o pedreiro Jorge Alves da Silva, de 61 anos. Ele nasceu em Ilhéus, na Bahia, e se mudou para São Sebastião há 20 anos, a convite de um amigo, para trabalhar na construção de casas locais; estabeleceu-se no bairro, segundo conta, quando o local tinha apenas três casas.

Silva está dormindo no colégio estadual disponibilizado para os desabrigados, mas passa a manhã na sua casa – cuja janela tem vista para um dos pontos de busca por corpos e sobreviventes. Ele ainda aguarda ajuda para retirar seus móveis e eletrodomésticos.

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