SP: Nunes refaz cálculos após crise entre Tarcísio e Bolsonaro
Ricardo Nunes, crítico da reforma tributária, aproximou-se do ex-presidente mas considera aliança com governador vital para reeleição
atualizado
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São Paulo – A crise entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Jair Bolsonaro (PL) pode ter colocado em campos opostos os dois principais cabos eleitorais que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), planejava ter em seu palanque na campanha pela reeleição no ano que vem e o forçou a esboçar um plano para se equilibrar entre os dois.
Embora já tenha apoio declarado do diretório municipal do PL, partido que controla a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, Nunes vinha investindo no apoio direto de Bolsonaro, especialmente depois que a pré-candidatura de Ricardo Salles à Prefeitura havia sido interrompida.
Na terça-feira (4/7), em Brasília, Nunes esteve com Bolsonaro e tirou fotos com o ex-presidente.
No caso de Tarcísio, o apoio é tido como certo tanto no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, como na Prefeitura e na Câmara Municipal.
Além de parcerias em ações de segurança pública, saúde e habitação, Tarcísio tem dois auxiliares diretos, o vice-governador Felício Ramuth e o secretário especial, Guilherme Afif, destacados para auxiliar em programas de recuperação do centro da cidade, ações que beneficiam o prefeito.
Lados opostos na reforma
Nunes e Tarcísio, porém, estiveram em lados opostos nas discussões da reforma tributária desde o começo da semana.
O prefeito foi um dos nomes mais atuantes da Frente Nacional de Prefeitos, que fez oposição à votação, e afirmou que o texto defendido pelo governo Lula poderia resultar em uma queda de arrecadação de até R$ 17 bilhões a São Paulo.
Entretanto, a posição de Tarcísio de defender a votação do texto sem alterações, em um anúncio feito ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, surpreendeu o prefeito, segundo uma pessoa próxima a Nunes. O prefeito não esperava uma posição tão abertamente favorável ao projeto identificado com os adversários políticos, segundo aliados.
A reação dos bolsonaristas, na reunião em que Tarcísio foi hostilizado por parlamentares do grupo, o surpreendeu mais. Uma eventual ruptura entre Bolsonaro e Tarcísio não estava no radar.
Os primeiros cálculos políticos, porém, deixam Nunes mais perto do governador – e não apenas porque Tarcísio tem a máquina de São Paulo nas mãos.
Nunes tem repassado a interlocutores próximos resultados de pesquisas eleitorais já encomendadas que mostram o governador como um cabo eleitoral muito mais potente do que o ex-presidente.
De acordo com os números em posse de Nunes, a aliança com Tarcísio lhe rende dois eleitores novos e a perda de um eleitor. O apoio de Bolsonaro tem o efeito exatamente oposto: o ganho de um eleitor novo e a perda de dois.
Já um eventual apoio de Lula renderia um eleitor novo, mas também a perda de outro, resultando em ganho zero, ainda de acordo com os números que circulam no gabinete de Nunes.