Todas as 62 vítimas de acidente aéreo em SP são identificadas
Superintendente da Polícia Científica destacou trabalho ininterrupto das equipes; até a manhã desta quinta, 41 corpos tinham sido liberados
atualizado
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São Paulo — A força-tarefa do Instituto Médico Legal (IML) Central de São Paulo identificou os corpos de todas as vítimas do acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo, no interior de São Paulo, na sexta-feira (9/8). O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (15/8) pelo governo do estado em uma entrevista coletiva na sede da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, na zona oeste da cidade.
O IML Centro concentrou os corpos de todas as vítimas da tragédia com o avião da VoePass e ficou fechado para as demais ocorrências. Até esta manhã, 41 corpos tinham sido liberados para familiares.
“Os trabalhos periciais tiveram início na noite de sexta-feira e, mesmo em condições climáticas adversas, foram realizados de forma ininterrupta”, disse Claudinei Salomão, superintendente da Polícia Científica. “No final da tarde de domingo, todos os corpos já tinham sido necropsiados, aguardando apenas identificação.”
Segundo Salomão, todas as vítimas foram identificadas por meio de exames papiloscópicos, odontolegais e antropológicos. “Isso dispensou a necessidade de exame genético, o DNA”, afirmou.
Entre os métodos utilizados estão a comparação de arcadas dentárias dos cadáveres e exames antropológicos, que levam em conta características físicas, como peso, altura, tatuagens e eventuais próteses.
Segundo o diretor do IML, Vladimir Alves dos Reis, 40 corpos foram identificados por meio de exame de papiloscopia, 15 a partir de características físicas e sete usando os dois métodos.
Os familiares dos últimos corpos a serem identificados foram contatados pessoalmente pela equipe da Polícia Científica na noite de quarta-feira (15/8) no hotel em que estão hospedados, no centro da capital.
Crime doloso
A equipe da Polícia Federal (PF) designada para investigar o acidente aéreo aguarda laudos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) e da Força Aérea Brasileira (FAB) para descobrir a causa da tragédia e indiciar eventuais responsáveis.
Pessoas ligadas à investigação, ouvidas pelo Metrópoles, afirmam que ainda é prematuro falar em suspeitos, mas não estão descartadas as hipóteses de crime culposo, por negligência ou imprudência, e até crime doloso com dolo eventual, quando se assume o risco de cometê-lo, mesmo que não tenha tido a intenção.
A PF vai analisar se a aeronave ATR 72 da VoePass, prefixo PS-VPB, estava com manutenção em dia e se todos os equipamentos necessários para o voo estavam funcionando. Ex-funcionários da companhia aérea já relataram uma série de problemas em aeronaves da empresa, como o improviso de um palito de fósforo para resolver um problema no botão que aciona o sistema antigelo.
Clima “caótico”
O avião ATR-72 da VoePass em que estavam as vítimas enfrentou uma zona meteorológica altamente crítica por nove minutos, pouco antes da queda. Essa é a conclusão do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), após combinar imagens de satélites e radar associadas às coordenadas geográficas da rota do voo.
Entre 13h10 e 13h19, a aeronave reduziu a velocidade e atravessou nuvens supercongeladas de até -40°C, de acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Lapis. Segundo ele, a aeronave trafegava sob condições meteorológicas “caóticas”.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro –, a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
O relatório técnico preliminar da FAB sobre o que pode ter causado o acidente aéreo deve ficar pronto em 30 dias.
O Lapis identificou três possíveis cenários meteorológicos que podem ter contribuído para a queda do avião: turbulência, formação de gelo e ciclone extratropical e fumaça de queimadas.