SP: donos da escola Pequiá são indiciados nove vezes por tortura
Casal acusado de maus-tratos contra crianças em escola particular do Cambuci, na zona sul da cidade, está preso desde a semana passada
atualizado
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São Paulo – O delegado Fábio Daré, do 6º DP (Cambuci), informou, na noite desta terça-feira (4/7), que o casal Eduardo Mori Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira foi indiciado nove vezes por tortura. O número se refere ao total de crianças vítimas de maus-tratos na escola Pequiá, na zona sul de São Paulo, da qual os dois são proprietários.
Eduardo e Andrea foram presos na semana passada, após serem acusados por pais de alunos de castigos, humilhações e xingamentos. A prisão aconteceu depois que uma funcionária, indignada com a situação, conseguiu gravar as cenas de maus-tratos e mostrou as imagens aos pais, que então foram à delegacia.
Segundo as denúncias feitas à Polícia Civil, os maus-tratos contra crianças incluíam “castigos” em salas escuras, gritos, humilhações e até falta de comida. Em um dos casos, uma mãe contou ter descoberto que a filha ficou na sala escura por horas, até adormecer.
Professora denunciou maus-tratos em escola infantil de SP em 2016
Depois que o caso veio à tona, uma professora que trabalhou na escola em 2016 disse que já tinha denunciado a instituição para a Secretaria Estadual de Educação, mas a apuração não foi adiante.
donos da escola particular Pequiá, no Cambuci, na Zona Sul de São Paulo, Eduardo Mori Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira, que foram presos na terça-feira (27), foram indiciados nove vezes por tortura.
Criança amarrada
Um dos vídeos feitos pela ex-funcionária mostra a dona da escola e uma funcionária advertindo crianças entre 1 e 2 anos com gritos e xingamentos. Em uma das cenas, um menino aparece amarrado com a própria blusa a uma pilastra.
Outro aluno, que fez xixi na roupa, ouve os gritos de uma funcionária na frente dos colegas. “Hoje você não fez xixi na roupa por qual motivo? Vou começar a conversar com você e gravar as suas respostas. Quando a sua mãe, seu pai ou sei lá quem vier te buscar, eu vou pegar e colocar: ‘Aqui a resposta do seu filho pra mim’”.
Em outro momento, a diretora chama a atenção de uma menina de pouco mais de 1 ano para que ela guarde os brinquedos que estão no chão. “Eram só quatro pecinhas, e já que você quer dar uma de louca, vai guardar tudo”, diz a diretora para a criança, que é vista chorando (veja um trecho abaixo).
Na semana passada, a advogada Sandra Pinheiro, que defende o casal, disse que Eduardo e Andrea alegam que as cenas registradas não passaram de “brincadeira”. Segundo ela, Eduardo não via sua conduta com as crianças como tortura.
“Ele me disse que quando era criança, brincava de amarrar um ao outro pela ponta da blusa. Meu cliente falou que não via o tratamento dado aos alunos como uma questão de tortura, que ele não tinha essa visão”, explicou a advogada ao Metrópoles.