SP: Alckmin defende que desabrigados furem fila da moradia no litoral
Em São Sebastião, Alckmin afirma que tentará destinar moradias construídas para outros públicos a desabrigados pela chuva
atualizado
Compartilhar notícia
São Sebastião – Em visita ao litoral norte de São Paulo uma semana após a chuva que matou 57 pessoas e deixou 4 mil pessoas sem moradia, o vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu que parte dos desabrigados e desalojados da cidade sejam acomodados em 1,5 mil unidades habitacionais que o governo de São Paulo e a Caixa Econômica Federal estão finalizando na cidade vizinha, Bertioga. São residências que seriam destinadas a outras pessoas que também aguardam moradia regular, mas que teriam de continuar na fila.
“É o programa Entidades, designado para famílias de Bertioga. Mas, talvez, nós vamos verificar com a Caixa Econômica Federal e com a Prefeitura (para que) uma parte possa ser liberada (para os desabrigados)”, afirmou Alckmin.
Os apartamentos são fruto de uma parceria assinada pelo governo federal, no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida, e o governo de São Paulo, dentro do programa Casa Paulista, e a Prefeitura de Bertioga. As unidades seriam destinadas para o município, que tem fila própria, e a entidades que indicariam sem-teto ou pessoas que vivem em habitações precárias.
Alckmin disse, porém, que a acomodação das vítimas de São Sebastião nessas unidades vizinhas seria temporária, até que outra solução fosse apresentada. Ele não disse quando as unidades ficarão prontas.
O vice-presidente da República acrescentou que a habitação é uma das prioridades do governo federal e lembrou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumentou o teto dos gastos públicos, no fim do ano passado, subiu as dotações destinadas ao setor para R$ 10,4 bilhões, ante um orçamento original de R$ 82 milhões. “E a maior parte é para a faixa 1 (a população com menor renda, de até três salários mínimos, beneficiada pelo Minha Casa, Minha Vida)”, afirmou.
Os desabrigados e desalojados após os deslizamentos no litoral norte estão vivendo em escolas da região, casas de parentes e em residências onde trabalham como caseiros. Parte dessas família aguarda vistorias da Defesa Civil para tentar retornar aos seus imóveis.
Relações com São Paulo
Alckmin participou de reunião, em uma mesa montada no palco do Teatro Municipal de São Sebastião, com o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o prefeito local, Felipe Augusto (PSDB); e os ministros Anielle Franco (Igualdade Racial) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional); além de prefeitos de cidades vizinhas e secretários estaduais.
O vice-presidente, que governou o estado de São Paulo quatro vezes, chegou a colocar a mão no ombro de Tarcísio ao elogiar o trabalho que o governador vem fazendo na condução da crise.
O ex-governador, porém, fez uma série de elogios ao fato de a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) ser uma empresa estadual, em meio aos planos de Tarcísio de privatizá-la.
“A Sabesp é uma empresa estadual, uma boa empresa, que opera aqui nos quatro municípios do litoral norte e tem investimentos aqui vultosos, sendo tanto na área de água quanto de saneamento básico”, afirmou Alckmin, depois de perguntado sobre ações de saneamento básico para a região, que não é universalizado.
Ainda falando sobre obras de saneamento, Alckmin complementou a frase, dirigindo-se ao governador de São Paulo: “Tudo o que o governo federal puder ajudar, Tarcísio, a ordem do presidente Lula é parceria.”
Nessa sexta-feira (24/2), o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), que foi vice de Alckmin, e, depois, ele mesmo governador de São Paulo, também havia elogiado uma empresa pública – o Porto de Santos – cuja privatização é defendida por Tarcísio.
O governador de São Paulo saiu da reunião sem falar com a imprensa.