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Som de trovão e janela trepidando: moradores relatam tremores em SP

População diz que problema está relacionado à tubulação da Sabesp, mas companhia nega. Abalos têm assustado moradores na zona leste de SP

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1 de 1 Imagem mostra monotrilho - Metrópoles - Foto: William Cardoso/Metrópoles

São Paulo — Moradores de Sapopemba, na zona leste de São Paulo, afirmam que estão sentindo tremores em suas casas há pelo menos duas semanas. A suspeita do grupo é de que os abalos estejam relacionados à tubulação da Sabesp que corta o bairro, mas a companhia nega qualquer problema na região.

Os tremores acontecem durante a madrugada, duram alguns segundos e, de acordo com os moradores, são acompanhados de um barulho alto, que se assemelha ao de um trovão.

“Faz um barulho forte no chão, como se tivesse alguma coisa explodindo debaixo da terra”, afirma Maria do Socorro Santos, de 67 anos. Na madrugada desta sexta-feira (29/11), a moradora foi acordada pelo tremor. “Você fica rezando pra não ter de novo. Até os gatos ficam com medo e começam a miar”.

Maria e outros vizinhos têm compartilhado relatos sobre o problema em um grupo no WhatsApp.

“Acordo com a vibração da janela, todas as noites, por volta das 2h”, comentou um homem no grupo nesta sexta. Pouco tempo depois, uma vizinha contou que se preocupa de deixar os filhos sozinhos em casa por causa dos abalos. “Eu saio para trabalhar todo dia assustada”, disse a mulher.

Problema antigo

O morador Alberto Florêncio, 50, conta que essa não é a primeira vez que o bairro sofre com os tremores. Em 2022, os vizinhos passaram pelo mesmo problema. Na época, os abalos eram maiores e ocorriam várias vezes por dia.

“O nosso medo é que volte a acontecer como antes. Da outra vez, algumas casas tiveram até problema de quebrar vidro”, diz o morador.

Naquela época, a Defesa Civil Municipal acionou empresas que atuavam na região para investigar a causa dos abalos, mas Sabesp, Metrô, Transpetro e Comgás fizeram testes no bairro e descartaram relações com o problema. Uma construtora que fazia uma obra na região também foi consultada, mas informou que não utilizou maquinário de impacto no local.

Com as respostas, “riscos à integridade física” foram descartados pelo órgão municipal. Pouco tempo depois do posicionamento oficial da Defesa Civil, os tremores cessaram, até voltarem agora, dois anos depois.

Os vizinhos acreditam que o problema seja causado por um fenômeno conhecido como golpe de aríete, em que há aumento de pressão na tubulação de água. A região é cortada por uma grande adutora da Sabesp.

“Você imagina se, de repente, um cano desse rompe aqui na rua? Ele pode afetar residências e até levar pessoas a sofrerem um acidente, pode ter morte. Se o cano romper, ele não vai avisar antes”, afirma Alberto.

Para o especialista em hidráulica Jorge Giroldo, a ocorrência de um golpe de aríete na tubulação que corta o bairro é, no entanto, “pouco provável”.

“Um golpe de aríete muito forte pode romper a tubulação, causaria um desastre imenso. Tira cobertura de terra, rompe asfalto. É um choque muito forte e se a tubulação não resiste provoca um vazamento de água muito intenso. Mas se o golpe acontece numa situação que a tubulação resista, ninguém nem percebe, não iria se notar uma coisa dessas”, afirma Giroldo.

O que diz a Sabesp

A Sabesp afirma que fez testes nas instalações de distribuição de água no bairro e não identificou relação entre as tubulações e os tremores que motivaram as reclamações.

“Em inspeção, não foram detectados vazamentos ou qualquer outra ocorrência que possa afetar a operação da adutora que passa pelo local”, afirma a companhia em nota enviada ao Metrópoles. A Sabesp também diz que não há “históricos de tremores que fossem ocasionados pela operacionalidade das tubulações de água”.

A reportagem também acionou a Prefeitura de São Paulo. Em nota, a administração municipal disse que a Subprefeitura de Sapopemba realizou uma vistoria nos imóveis localizados nas ruas Sargento Edson Salles de Oliveira, Arcabuz e Ten. Godofredo Cerqueira Leite no dia 22 de novembro e não constatou danos nos locais.

“Em vistorias anteriores, foi constatado que, abaixo das residências, existe uma adutora de abastecimento da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). Após vistoria feita na última sexta-feira, a concessionária foi acionada”, termina a nota.

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