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Sob pressão, Nunes corre risco de ter trinca aliada como rival em 2024

A um ano da eleição, PL, PSDB e União, principais partidos aliados do prefeito Ricardo Nunes, cogitam lançar candidatos próprios na capital

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Imagem colorida de Ricardo Nunes, homem branco, de barba e cabelo pretos, de jaqueta e camisa azul, durante entrevista - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Ricardo Nunes, homem branco, de barba e cabelo pretos, de jaqueta e camisa azul, durante entrevista - Metrópoles - Foto: Reprodução/YouTube

São Paulo — Os três principais partidos da aliança desenhada pelo prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), para as eleições de 2024 cogitam lançar candidaturas próprias à Prefeitura de São Paulo, ao invés de apoiar a reeleição do emedebista.

PL, PSDB e União Brasil, partidos que agregariam tempo de TV na propaganda eleitoral, capilaridade política na cidade e dinheiro público na campanha, turbinando a coligação do prefeito, vêm externando alternativas ao nome de Nunes diante de entraves com o chefe do Executivo municipal e disputas internas.

Desde o fim das eleições de 2022, Nunes vem costurando um amplo arco de alianças com partidos de centro e de direita, em uma estratégia para tentar isolar o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) na “bolha” da esquerda, com o PT como única legenda com verba e tempo de TV expressivos ao seu lado.

A meta é repetir a coligação de 11 partidos que garantiu a vitória de Bruno Covas na eleição municipal de 2020 — o tucano morreu em maio de 2021, deixando o comando da capital nas mãos de Nunes. Naquele pleito, PSDB, DEM (atual União) e PL encabeçavam a chapa juntamente com o MDB do atual prefeito.

Atrito com bolsonaristas do PL

Os sinais mais agudos de que essa estratégia está em risco vêm do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Nunes tenta uma declaração formal de apoio desde o começo do ano.

O prefeito tem dito que a relação dele com o PL é boa e que o partido tem uma secretaria no seu governo e integra sua base na Câmara Municipal. Além disso, Nunes mantém interlocução com o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto.

Porém, o prefeito não ainda conseguiu obter a mesma simpatia da ala bolsonarista do PL, relevante dentro do partido, que está insatisfeita com a falta de espaço na Prefeitura e com a hesitação de Nunes ao falar sobre o ex-presidente. O próprio Bolsonaro passou a falar nesta semana em uma candidatura própria do PL para prefeito na maior cidade do país.

Para tentar evitar o naufrágio da aliança, Nunes deve se encontrar com Bolsonaro nesta sexta-feira (15/9), no hospital onde o ex-presidente está internado desde o início da semana, para a realização de duas cirurgias.

Racha no ninho tucano

No caso do PSDB, Nunes pode pagar pela série de disputas internas que envolvem a legenda, que vive uma crise de identidade e encolheu consideravelmente nas eleições de 2022, quando perdeu o comando do estado de São Paulo após 28 anos de hegemonia.

Uma ala do PSDB, oriunda da equipe formada pelo ex-prefeito Bruno Covas, de quem Nunes era vice, defende que o único caminho para a sigla é seguir apoiando o prefeito — esse grupo, contudo, quer a vaga de vice como uma retribuição de 2020. O mesmo posto é cobiçado pelo PL e pelo União.

Outra ala tucana sustenta que a “reconstrução do partido” após a tragédia eleitoral de 2022 passa por lançar uma candidatura própria para prefeito de São Paulo no ano que vem, uma vez que o partido venceu as duas últimas eleições na capital — com Bruno Covas, em 2020, e João Doria, em 2016.

Esse grupo tucano passou a cogitar até trazer um nome de fora da política tradicional para concorrer a prefeito em 2024, como o médico Claudio Lottenberg, que é do conselho do Hospital Albert Einstein e foi secretário de Saúde na gestão tucana de José Serra (2005-2006). Contra Nunes, alguns tucanos passaram a considerar até uma aliança com a deputada federal Tabata Amaral, pré-candidata a prefeita pelo PSB.

A decisão municipal do PSDB passa por um acerto do partido no nível nacional, onde há disputa pelo controle da legenda. Nesta semana, a Justiça de Brasília anulou a renovação do mandato do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, na presidência da sigla, e determinou novas eleições em 30 dias, após uma ação proposta pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), aliado de Doria.

União e o deputado do MBL

Já no caso do União, a aliança com Ricardo Nunes é garantida por um único nome: o vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal e cacique do partido no estado.

Leite costuma dizer a aliados que foi ele quem colocou Nunes como vice na chapa de Covas em 2020 e que, por isso, o atual prefeito tem uma dívida de gratidão. O vereador já conta com espaço privilegiado na Prefeitura, controlando a bilionária área de transportes e subprefeituras em seus redutos eleitorais. Nos últimos dias, especulou-se que o próprio presidente da Câmara quer ser o vice na chapa de Nunes.

Enquanto isso, porém, a cúpula nacional do União Brasil tem dado corda para a pré-candidatura a prefeito do deputado federal Kim Kataguiri, que apareceu em quarto lugar na pesquisa do Datafolha, com 8% das intenções de voto — no levantamento, Boulos tem 32%, Nunes, 24% e Tabata, 11%.

Liderança do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim recebeu recentemente uma declaração de apoio do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que é secretário-geral do União e tenta enfraquecer a influência de Milton Leite sobre o partido em São Paulo.

Embora aliados de Nunes e Leite descartem uma ruptura do União com o prefeito, o próprio vereador vem deixando que seu partido cultive a pré-candidatura de Kim para pressionar o atual chefe do Executivo paulistano a atender os seus interesses políticos.

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