Silvio de Almeida é aplaudido em culto evangélico ao falar de aborto
Ministro dos Direitos Humanos Silvio de Almeida citou “ideologia do ódio” ao falar sobre aborto após estupro em culto evangélico em SP
atualizado
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São Paulo — O ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, participou, na noite dessa sexta-feira (21/6), de um evento evangélico na Igreja Batista da Água Branca, na zona oeste de São Paulo. Ele foi aplaudido de pé ao subir no palco e, novamente aplaudido, ao criticar a crimininalização de mulheres vítimas de estupro que praticam o aborto.
“Está envenenado pela ideologia do ódio quem quer que uma mulher que foi estuprada seja presa”, disse Almeida no culto.
A Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 12 de junho, em votação em tempo recorde a urgência do Projeto de Lei (PL) nº 1904/24, que equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio, incluindo casos de estupro. O PL é de autoria do deputado Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), líder evangélico na Assembleia de Deus.
O ministro do governo Lula foi ao evento dessa sexta-feira, chamado “Conversas Pastorais”, à convite do pastor da igreja, Ed René Kivitz.
Camiseta de torturador
No culto religioso, Almeida também criticou a política armamentista: “Pode a religião desse Deus gostar de armas, gostar de violência? Pode a religião que cultua um homem que foi torturado defender camisetas com nome de torturador? Eu acho que não pode”, disse o ministro.
Três filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Eduardo, Carlos e Renan) já foram vistos publicamente vestindo camiseta com a imagem do coronel Carlos Brilhante Ustra, condenado por tortura na Ditadura Militar.
“O cristianismo não pode adorar ditadores, não pode adorar quem não abre espaço para divergência, para as possibilidades, para a construção do comum”, citou o ministro dos Direitos Humanos ao falar sobre a importância da democracia.
Silvio de Almeida também disse que “está envenenado pela ideologia do ódio quem defende que os jovens negros sejam exterminados pela polícia, quem defende que uma política de segurança pública leve os policiais à morte, ao desespero, ao suicídio”.