Servidora acusada de fraudar vale-alimentação ostentava em rede social
Servidora da Educação é suspeita de desviar verba de vale-alimentação; Polícia Civil pediu o afastamento do cargo e a quebra de sigilo
atualizado
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São Paulo — A servidora da Secretaria da Educação de São Paulo Driele da Silva Teixeira foi alvo de mandados de busca e apreensão nessa quarta-feira (29/5) por suspeita de peculato. Ela é investigada por supostamente comandar um esquema de desvio de valores de benefícios de vale-alimentação. A “vida de ostentação” que exibia em uma rede social corroborou com as suspeitas.
Há cerca de dez anos, Driele é responsável pelo gerenciamento de solicitações envolvendo o benefício do cartão-alimentação de servidores. A Controladoria Geral do Estado (CGE) apurou 28 casos em que os cartões receberam créditos mesmo após a desvinculação do funcionário, totalizando mais de R$ 41 mil.
Em um dos casos apurados, mais de R$12 mil foram creditados, em agosto de 2023, no benefício de uma servidora que faleceu em 2022.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) levantou a existência de movimentações atípicas mantidas pela servidora e a possibilidade do uso de empresas de fachada relacionadas à comercialização de tíquetes refeição e assemelhados.
Incompatível com renda
A investigação levantou que “todos estranhavam a vida que a investigada levava, incompatível com sua renda”. O Portal da Transparência revela que, em abril de 2024, o salário bruto da servidora atingiu R$ 3.018,81 – enquanto o líquido ficou em R$2.070,46.
No Instagram, Driele se descreve como modelo, apaixonada por moda e viagem, personal stylist e influenciadora. Ela divulga fotos de viagens e frequenta lugares caros, como cruzeiros.
“É inconteste notar que Driele leva uma vida de ostentação, surgindo em fotos sempre muito bem arrumada, com roupas e bolsas aparentemente caras e na maioria das vezes em restaurantes ou praias”, diz a investigação.
A conta no Instagram da investigada, que foi tornada privada nesta quinta-feira (30/5), traz fotos e vídeos de viagens nacionais para destinos turísticos como Campos do Jordão (SP), Angra dos Reis (RJ), Trancoso (BA), Foz do Iguaçu (PR) e Florianópolis (SC).
Numa foto analisada pela investigação, Driele , aparece no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, portando uma bolsa da marca Christian Dior, “que ela fez questão de focalizar na imagem”.
Descoberta nas férias
Em depoimento à CGE, a coordenadora de Gestão Recursos Humanos da Seduc confirmou que Driele era responsável pela entrega e recebimento dos cartões alimentação, bem como pela formalização dos pedidos de suplementação de valores.
Segundo a depoente, quando Driele entrou em férias, a servidora responsável por substituí-la na função encontrou um armário com grande volume de envelopes lacrados. Dentro, estavam diversos cartões de vale-alimentação em nome de servidores exonerados.
Ainda nas férias da investigada, um servidor exonerado comunicou que estava recebendo mensagens no aplicativo sobre uso indevido do saldo de um cartão de benefícios que ele não chegou a receber em mãos.
Um desvio recente foi identificado no dia 8 de maio, quando Driele solicitou suplementações de auxílio-alimentação para uma lista de servidores, entre eles pessoas com cadastro inativo na secretaria.
Cinco pessoas que tinham irregularidades em seus cartões foram ouvidas pela Controladoria.
O delegado da Polícia Civil Tiago Fernando Correia, responsável pela investigação, pediu o afastamento da servidora pública e a quebra do sigilo telemático (autorização para acessar o conteúdo dos aparelhos celulares, notebooks, CPU’s, pen drives e outros equipamentos eletrônicos).
O Metrópoles mandou mensagem para a investigada e não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para atualizações.
Em nota, a Secretaria da Educação afirmou que atuou em conjunto com a Controladoria Geral do Estado na apuração de uma denúncia de irregularidades, e, após constatar o uso indevido do benefício de alimentação por uma servidora, a Seduc encaminhou os dados à CGE.
Os trabalhos seguem em andamento, diz a secretaria.
A CGE mantém a plataforma Fala.SP para o recebimento de denúncias, que podem ser feitas de forma anônima, completa a nota.