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Senegalês que morreu no centro de SP distribuía pão para imigrantes

Seringe Mbaye morreu após cair do 6° andar durante uma ação policial em prédio no centro de SP; PM diz que ele estava fugindo

atualizado

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Homem negro tira selfie com camisa de time de futebol
1 de 1 Homem negro tira selfie com camisa de time de futebol - Foto: Arquivo pessoal

São Paulo —O senegalês Seringe Mbaye, de 38 anos, se mudou para o Brasil há sete anos, em busca de melhores condições de vida. Ele morreu em São Paulo, nessa terça-feira (23/4) ao supostamente cair do 6º andar de um edifício na região central, durante uma ação da Polícia Militar (PM) no prédio.

Ele era uma figura conhecida, vivia no Edifício Japurá desde que chegou à cidade. “Todo mundo tinha amizade com ele, a rua em si conhecia ele”, disse um funcionário do prédio que preferiu não se identificar. 

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Mulher conhecida como Mama: "Agora, a hora de chorar chegou. Nós todos vamos chorar"
Mara morou com Talla no Senegal: "Ele é meu amigo. Ele tá aqui no meu celular"
Patrulhamento da PM na manhã de quinta-feira (25/4)
Edifício Japurá, na Rua Guaianases
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Talla Mbaye tinha dois filhos brasileiros

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Mulher conhecida como Mama: "Agora, a hora de chorar chegou. Nós todos vamos chorar"

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Mara morou com Talla no Senegal: "Ele é meu amigo. Ele tá aqui no meu celular"

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Patrulhamento da PM na manhã de quinta-feira (25/4)

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Edifício Japurá, na Rua Guaianases

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Chamado pelo apelido de Talla Mbay, o imigrante tinha construído sua vida entorno da comunidade de africanos do centro da capital. Às sextas-feiras, segundo conta Soda Diop, conhecida como Mama, ele ia à Mesquita do Campos Elísios distribuir pães para moradores de rua e outros imigrantes.

Foi no centro de São Paulo que ele conheceu a esposa, uma imigrante de Cabo Verde com quem teve dois filhos, uma menina e um menino, ambos nascidos no Brasil. Há pouco tempo, a família se mudou para os Estados Unidos para onde ele enviava dinheiro.

“Ele era um menino dedicado, calmo. Não queria problemas e tinha medo dos policiais mesmo quando era bem jovem”, conta Mama, que planejava se encontrar com Talla no dia de sua morte. 

Versões divergentes 

Segundo policiais, o imigrante teria caído da janela do 6º andar após tentar fugir da PM, que entrou no local por causa de uma denúncia sobre celulares roubados. Durante a ação, na noite de terça-feira, os agentes teriam encontrado um outro senegalês portando 44 aparelhos celulares, que foi preso. 

A ação policial provocou reação dos moradores locais, que lançaram objetos contra os agentes. Em resposta, os PMs utilizaram gás lacrimogêneo e munição de borracha. Uma pessoa foi ferida durante a confusão.

A versão da polícia é questionada pela comunidade de imigrantes, que suspeita que Talla tenha sido jogado da janela. Amigos do imigrante relataram que os agentes teriam o hábito de cometer abusos contra moradores da região.

Um funcionário do edifício que conversou com o Metrópoles disse que os policiais entraram no local sem mandado. “É a quarta vez que esse grupo de PMs vem aqui nos últimos meses. Da primeira, eu que estava aqui. O policial disse para mim, ‘vou subir’. Quando eu perguntei se ele tinha mandado, ele me disse ‘minha cara é o mandado’ e entrou. Aqui é assim,” contou.

Um morador, que também não quis se identificar, disse que ouviu gritos de “socorro” enquanto pintava a porta do seu apartamento no 7º andar ao fim da tarde de terça-feira (23/4).

Depois da morte de Talla, outros imigrantes africanos que moram na região organizaram um protesto no centro da cidade, nesta quinta-feira (25/4), contra a violência policial.

“Todos nós estamos bravos, não só os senegaleses, mas os africanos e os brasileiros que conheciam ele. Toda gente conhecia o Talla. E não é só ele, tem muitos Tallas, com a mesma história”, disse a mulher conhecida como Mama.

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para questionar sobre a apresentação de mandado na ação realizada no Edifício Japurá na noite de terça-feira e ainda não obteve retorno. O espaço está aberto para atualizações.

O caso da morte do senegalês foi registrado como receptação, desobediência e morte acidental no 2° DP, no Bom Retiro.

 

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