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Vídeo: veja como funcionam os semáforos inteligentes instalados em SP

Semáforos inteligentes devem contar número de carros em cada sentido e estipular tempo de sinal verde em cada travessia em São Paulo

atualizado

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Imagem mostra telas em central de monitoramento de semáforos - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra telas em central de monitoramento de semáforos - Metrópoles - Foto: William Cardoso/Metrópoles

São Paulo — Desde o mês passado, cruzamentos de ruas e avenidas da capital paulista começaram a receber os primeiros semáforos inteligentes, um investimento bilionário para tentar melhorar a fluidez do trânsito de veículos na cidade.

Neste momento, 105 semáforos passam por modernização, entre os quais 51 já estão em plena operação. A previsão é que mais de 2.500 equipamentos recebam a melhoria ao longo dos próximos três anos, a maioria absoluta no chamado minianel viário, na região central de São Paulo.

A expectativa da Prefeitura de São Paulo é reduzir os congestionamentos e encurtar os horários de pico a partir do momento que que todos os semáforos estiverem em funcionamento. Mas para especialistas e até mesmo pessoas envolvidas no processo, uma coisa é certa: não há semáforo inteligente que dê conta de destravar de vez o trânsito paulistano.

O Metrópoles visitou a central de monitoramento de semáforos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para ver como o sistema inteligente funciona (veja vídeo abaixo).

A operação é relativamente simples. Câmeras contam o número de carros em cada direção e, a partir daí, o sistema define o tempo de abertura em cada fase, conforme o fluxo de veículos em cada via. Dentro de uma sub-área, um semáforo é predominante em relação aos demais e influencia o tempo dos outros.

Os semáforos em modernização são identificados hoje com uma moldura amarela, mas nem todos estão em pleno funcionamento. Na Avenida Pompeia, por exemplo, vários já contam com a câmera para contagem de veículos, mas ainda aguardam ajustes para entrarem em operação plena, segundo a CET.

O Metrópoles acompanhou na rua, na semana passada, o funcionamento de parte dos semáforos modernizados, especialmente na Avenida Dr. Arnaldo, na zona oeste de São Paulo. No pico da tarde, houve congestionamento em todos os cruzamentos, que é quando um veículo precisa de mais de um sinal verde para conseguir atravessar.

A variação de tempo de abertura do verde foi mais sensível no cruzamento da Dr. Arnaldo com a Rua Teodoro Sampaio, onde a fase no sentido em direção à Avenida Heitor Penteado oscilou de 46 a 87 segundos em três contagens consecutivas, mais uma realizada à noite.

Também no período noturno, por volta das 21h, houve momentos em que o verde ficou ocioso no cruzamento entre as ruas Cardeal Arcoverde e Arruda Alvim, por exemplo. O sinal chegou a ficar aberto para a Cardeal por até 40 segundos sem a passagem de um veículo sequer, mesmo com carros aguardando na Arruda Alvim para cruzá-la.

A situação causa estranhamento em quem espera uma resposta mais rápida de um semáforo inteligente, mas é no contexto de um conjunto de semáforos que está a justificativa, segundo a CET.

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Semáforo em modernização no cruzamento da Rua Teodoro Sampaio com a Avenida Dr. Arnaldo
Imagem mostra semáforo em modernização na zona oeste de São Paulo
Imagem mostra semáforo em modernização na Avenida Brigadeiro Faria Lima
Imagem mostra central de monitoramento de semáforos
Imagem mostra semáforo em modernização na zona oeste de São Paulo
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Semáforo em modernização na Rua Clélia

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Semáforo em modernização no cruzamento da Rua Teodoro Sampaio com a Avenida Dr. Arnaldo

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Imagem mostra semáforo em modernização na zona oeste de São Paulo

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Imagem mostra semáforo em modernização na Avenida Brigadeiro Faria Lima

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Imagem mostra central de monitoramento de semáforos

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Imagem mostra semáforo em modernização na zona oeste de São Paulo

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Imagem mostra câmera no cruzamento entre as ruas Cardeal Arcoverde e Oscar Freire

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Conjunto de informações

A CET diz que não é possível analisar um ponto isoladamente e que o sistema coleta dados e passa por ajustes, mesmo onde já está em operação.

A inteligência artificial ainda não é capaz de dar conta de todas as complexidades de uma cidade como São Paulo, admite a própria CET. Dessa maneira, a participação do ser humano por trás da máquina é fundamental.

De forma geral, um conjunto de semáforos inteligentes busca o tempo considerado ótimo para toda a sub-área, nunca para um único cruzamento. Se o método inclui reduzir o tempo de verde em algum ponto com menos carros, então é isso que vai acontecer. Mas com parcimônia, segundo a CET.

Os parâmetros de tempos mínimos e máximos de abertura são definidos sempre por alguém da própria companhia, o que impede, por exemplo, que um semáforo tenha uma abertura muito pequena, quase nula, baseada apenas na percepção da inteligência artificial (IA).

Na prática, é uma espécie de “trava de segurança” para evitar que a IA “alucine”e feche uma travessia para beneficiar o sistema todo.

Além disso, os agentes que estão na rua podem e devem entrar em contato com a central sempre que detectarem alguma anormalidade. Ou seja, o ser humano — o agente de rua —, continua relevante no funcionamento do parque semafórico modernizado.

As alterações nos tempos de abertura nem sempre serão imediatas. O sistema vai corrigir a quantidade de segundos somente após alguns ciclos, com intervalo suficiente para detectar as tendências do trânsito local, evitando alterações muito bruscas.

Por enquanto, os semáforos inteligentes já em funcionamento estão sendo “calibrados” e são poucas as áreas em plena operação, por isso ainda não é possível detectar melhorias efetivamente, segundo a CET.

Sem milagre

Mestre em engenharia de transportes e especialista em mobilidade, Sergio Ejzenberg afirma que o novo sistema vai otimizar a espera e diminuir a duração do horário de pico, mas não fará milagre.

“O semáforo inteligente não engole carro”, diz. “No horário de pico, vai continuar tudo travado, tudo congestionado, porque não adianta o fato de o semáforo ser ‘inteligente’. Não deixará de haver fila, espera e congestionamento”, afirma.

“Quem achar com isso que vai chegar na Avenida Paulista, numa quinta-feira, às 17h, 18h, e encontrar livre, pode tirar o cavalinho da chuva. Vai encontrar o tráfego tão parado quanto hoje”, completa.

Segundo Ejzenberg, o trânsito até pode ficar menos ruim — o que considera importante — , mas não sem congestionamentos. “Os corredores vão continuar com aquela aparência de desastre”, diz. “Nosso sistema viário principal, básico, cerca de 800 km, é paupérrimo para dar vazão ao fluxo de tráfego”, afirma.

O especialista diz que o foco e o investimento em melhorias para carros não vão resolver os problemas da cidade. “Para que a mobilidade fique segura e economicamente viável, só transporte público. Essa é a prioridade que a prefeitura abandonou”, diz Ejzenberg.

Custo e adaptação

A modernização dos semáforos faz parte de um aditivo ao contrato da Parceria Pública-Privada (PPP) da iluminação pública, com a concessionária Ilumina SP, assinado no ano passado. A manutenção e modernização do parque semafórico custará R$ 1,1 bilhão por cinco anos.

O diretor da SP Regula, Mauricio Nastari, chama o semáforo inteligente pelo nome técnico, que é “adaptativo”. Segundo ele, conforme mais equipamentos entrarem em funcionamento e o sistema ficar mais robusto, mais perceptível será a melhoria.

Nastari diz que a tendência é o aumento de fluidez nos próximos meses, embora não seja possível ainda definir a partir de quando. “Ainda é muito cedo para colocarmos números nisso”, diz.

Ele também afirma que a realidade da capital paulista é muito diferente das demais cidades onde o sistema foi implementado e que estimativas sobre percentuais de melhoria são especulações.

“São Paulo é gigantesca, o trânsito é absurdo e a quantidade de semáforos que teremos com esse sistema é muito maior do que em qualquer outra cidade. A gente não pode falar em números sem ter um histórico”, diz.

Nastari afirma também que nenhum equipamento é à prova de vandalismo. Entretanto, prevê melhorias em relação a outros pontos. “Como os equipamentos são todos novos, aquelas intercorrências que se tinha em época de chuva, possivelmente não vão ocorrer mais”, diz.

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