Sem verba, secretária da Mulher explora programa alheio para bombar nas redes
Sonaira Fernandes, secretária da Mulher da gestão Tarcísio, vem promovendo como sua uma ação da Desenvolve SP, agência de fomento do governo
atualizado
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São Paulo – Sem dinheiro e estrutura para executar seus próprios projetos, a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes (Republicanos), tem se apropriado de um programa alheio para mostrar serviço nas redes sociais.
Conhecida como “Damares paulista” pelos posicionamentos semelhantes aos da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher no governo Jair Bolsonaro (PL), Sonaira tem divulgado como ação de sua pasta uma linha de crédito específica para mulheres, que é de responsabilidade da Desenvolve SP, agência de fomento do governo paulista.
A linha, chamada Desenvolve Mulher, prevê um limite pré-aprovado de R$ 200 mil para empresas chefiadas por mulheres. Os recursos são para viabilizar investimentos planejados por essas empresas ou para reforçar o capital de giro dos negócios. Lançada neste ano, a linha de crédito vinha sendo desenhada desde o governo anterior.
Sonaira, entretanto, apresenta o programa em sua conta pessoal no Instagram como sendo um programa próprio, o que já causou atritos entre ela e técnicos do Palácio dos Bandeirantes. Em postagem do dia 14 de julho, ela escreveu na rede social: “Conheça o programa Desenvolve Mulher da Secretaria de Políticas para a Mulher de São Paulo”.
Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Políticas para a Mulher disse, em nota, ser uma pasta “de articulação transversal” que atua em conjunto com outros órgãos, seguindo uma diretriz do governo estadual.
“As postagens feitas pela secretária buscam tornar a mensagem mais acessível ao público a que as linhas se destinam”, diz o texto.
Pouca estrutura para Secretaria da Mulher
Próxima do clã Bolsonaro – em especial do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de quem foi assessora parlamentar – Sonaira foi nomeada secretária por Tarcísio de Freitas (Republicanos) para acomodar um nome do “bolsonarismo raiz”, que pleiteava cargos no governo paulista.
Escolha de Tarcísio para Mulher agrada bolsonaristas e Republicanos
No entanto, bolsonaristas têm criticado a pouca estrutura destinada à pasta. Reservadamente, disseram que Sonaira tem, sob seu comando, “de dois a três gatos pingados”.
Os problemas estruturais já surgiram com a criação da secretaria, feita por meio de um decreto que alterou o nome da Secretaria de Logística e Transportes, e não por meio de um projeto de lei, que teria de ser aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Com isso, a maior parte do orçamento destinado à pasta de Sonaira, que seria de R$ 793 milhões, ficou com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), responsável por obras em estradas. Dados da Fazenda mostram que apenas R$ 9,5 milhões ficaram, de fato, com a secretaria da bolsonarista.
Segundo o portal da Transparência, Políticas para a Mulher conta com apenas 24 funcionários. A própria Sonaira não consta na lista de servidores da pasta, assim como seus dois principais assessores: Lucas Malgueiro e Teresinha de Almeida Neves, antigo braço direito de Damares no ministério.
De acordo com os dados oficiais do governo paulista, os três foram alocados na Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência.