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Sem luz, moradores esgotam estoque de velas e carregam celular em loja

Metrópoles visitou bairros afetados pela falta de luz na zona sul da cidade e conversou com moradores sobre apagão em São Paulo

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APAGAO EM SP (8)
1 de 1 APAGAO EM SP (8) - Foto: Jessica Bernardo / Metrópoles

São Paulo — Gelo para preservar as comidas, vela para iluminar a casa e amizade com o comerciante do bairro para recarregar o celular nas tomadas abastecidas por gerador. Além de, claro, muita paciência para esperar o trabalho dos funcionários da Enel para a retomada da luz elétrica.

É assim, em meio ao improviso e contando com a solidariedade alheia, que os paulistanos têm enfrentado os dois dias seguidos sem energia elétrica nos bairros da zona sul da cidade.

No Jardim Alfredo, região do Guarapiranga, a caixa de um mercado avisava os clientes sobre um item zerado no estoque do comércio: “Vela acabou”.

Com o bairro às escuras desde sexta-feira (11/10), não sobrou nenhum exemplar para contar história. “Teve gente que veio de outros lugares para comprar”, diz a funcionária. Atrás dela, a prateleira onde o item costumava ficar exposto deu lugar a embalagens de isqueiros. Não muitos, diga-se de passagem.

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Moradora mostra geladeira cheia com produtos estragados por causa do apagão
Moradora reclama dos prejuízos causados pelo apagão
Família usa bateria do carro para carregar aparelhos e ligar caixa de som
Morador observa caminhão da Enel trabalhando na região do Guarapiranga, zona sul de São Paulo
Com carregador de celular em mãos, Joyce Regina aproveitou ida a padaria para carregar aparelho
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Estoque de velas acaba em mercadinho no Guarapiranga

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Moradora mostra geladeira cheia com produtos estragados por causa do apagão

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Moradora reclama dos prejuízos causados pelo apagão

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Família usa bateria do carro para carregar aparelhos e ligar caixa de som

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Morador observa caminhão da Enel trabalhando na região do Guarapiranga, zona sul de São Paulo

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Com carregador de celular em mãos, Joyce Regina aproveitou ida a padaria para carregar aparelho

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Em padaria de Santo Amaro, clientes dividem extensão para carregar celulares

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Ventania durante tempestade rompeu fio, que ficou exposto dentro de casa na zona sul

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Ao lado do caixa, algumas pessoas conversavam sobre o apagão, enquanto carregavam os celulares nas tomadas do estabelecimento. No bairro, houve quem recebesse a previsão de que a luz voltaria até 19h de sábado (12/10). Não aconteceu. Depois, até 19h de domingo. A ver.

Enquanto espera a energia ser restabelecida, Lucas Santos conta que tem usado o gelo comprado no comércio vizinho para armazenar a insulina do avô, que tem diabetes e não pode ficar sem as aplicações.

“A insulina tava esquentando já. Aí a gente tá colocando no gelo”, conta Lucas. Na geladeira da casa dele, quilos de alimentos e polpas de suco já descongelaram. Uma vizinha diz que o mesmo aconteceu com ela: “Joguei um saco de comida fora”.

Nas ruas, as pessoas contam umas para as outras as táticas para preservar os alimentos, aproveitando gelo e coolers para conservar tudo que é possível.

Para Magali Fracalossi, de 63 anos, o que mais incomoda é saber que, quando o apagão terminar, a família não terá ressarcimento pelos alimentos perdidos.

“O rico pode repor os alimentos a hora que for possível, mas nós compramos comida no início do mês quando cai o salário. Como que a gente vai repor agora?”.

A dona de casa Rubia Milani, de 49 anos, diz que outra preocupação começa a atingir a família do sogra: “A água da rua tá fraquinha, não tá vindo quase nada”. Até a tarde deste domingo (13/10), o bairro ainda não aparecia na lista divulgada pela Sabesp com os endereços com abastecimento de água prejudicado pela falta de energia.

Sem luz, vários estabelecimentos ficaram fechados neste fim de semana. Cícero Saldoval até abriu sua barbearia, mas atendeu apenas alguns clientes. “A sorte é que eu tenho máquina recarregável. Só atendi quem já tinha marcado horário. Determinados cortes não dá para fazer”, conta.

Ele diz que o apagão dificultou até quem queria abastecer o carro. Alguns postos da região estavam fechados por falta de energia. Houve quem fosse até a cidade vizinha, Itapecerica da Serra, para conseguir gasolina.

No Jardim Prudência, em Santo Amaro, Gabriela Conrado, de 30 anos, conta que os “aprendizados” com o apagão anterior a deixaram mais preparada para o de agora.

“A gente ficou três dias sem luz da outra vez. Aí agora a gente já comprou gelo, se preparou. Não ficamos tão desesperados”.

A paulistana conversou com a reportagem do Metrópoles dentro de uma padaria, onde dividia uma extensão com outras cinco pessoas para recarregar a bateria do celular.

No sábado, a padaria registrou fila de vizinhos que chegavam ao local com o mesmo plano. Com parte da energia retomada no bairro, a espera para usar a tomada diminuiu: “Esperei só 10 minutos”, conta Gabriela.

A empresária Joyce Regina também chegou à padaria neste domingo com o carregador do celular em mãos. Acompanhada da família, ela contou que ia recarregar os aparelhos eletrônicos e aproveitar para tomar café no local.

“Até para tomar café da manhã eu tive que vir para a padaria. Praticamente tudo o que estava congelado, refrigerado, agora já era”.

Desde sexta, a empresária recebeu três previsões de restabelecimento da energia: 14h de sábado, 16h de sábado e, a mais recente, 9h de domingo. Nenhuma se cumpriu.

Na hora da ventania no sábado, ela tinha acabado de chegar em casa. Por sorte: “Na rua debaixo teve muito prejuízo, queda de árvore, banner saiu voando…”. Em toda a cidade, 165 semáforos seguem apagados e centenas de galhos de árvores continuam espalhados pelo chão mais de 40 horas depois da tempestade.

A Prefeitura de São Paulo afirma desde sábado que equipes de zeladoria, da Defesa Civil e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) trabalham nas regiões impactadas. Em balanço divulgado às 17h26 deste domingo, a Prefeitura afirmou que 386 ocorrências de queda de árvores, das quais 142 aguardam a atuação da Enel para que as equipes municipais iniciem o trabalho de remoção.

Já a Enel afirma que reforçou suas equipes e segue trabalhando para restabelecer o fornecimento para 760 mil clientes ainda impactados na região metropolitana.

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