Sem acordo na Justiça, Metrô é multado e sindicato avalia manter greve
Audiência de conciliação na Justiça do Trabalho terminou sem acordo e sindicato dos metroviários avalia manter a greve nesta sexta (24/3)
atualizado
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São Paulo – Terminou sem acordo a audiência de conciliação entre o Sindicato dos Metroviários e o Metrô de São Paulo no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT), na noite desta quinta-feira (23/3), para pôr fim à greve que paralisou quatro linhas de metrô desde o início do dia, afetando mais de 2,5 milhões de passageiros.
A juíza relatora Eliane Aparecida da Silva Pedroso destacou que o Metrô não aceitou as propostas feitas pelo sindicato e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e “se negou a apresentar qualquer proposta de solução” para a greve.
Por fim, a magistrada multou a companhia em R$ 100 mil por “conduta antissindical” depois que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que retomaria a operação com catraca livre, mas acionou a Justiça comum para obrigar o restabelecimento do serviço com tarifa.
“As partes até esta quadra não se conciliaram, em que pesem as tentativas engendradas, inclusive com minha participação, em duas audiências, além da incisiva e reiterada proposta do Ministério Público do Trabalho (MPT). O Requerente (Metrô) se negou a apresentar qualquer proposta de solução ou mesmo de firmar uma cláusula de paz para levar a proposta do MPT à discussão”, afirmou a juíza Eliane Pedroso.
Os metroviários cobram pagamentos referentes a um abono salarial, cancelamento de punições e de descontos no salário de grevistas. O MPT sugeriu um valor que foi aceito pela categoria, mas recusado pela estatal. Segundo o sindicato, a companhia manteve a posição de que não atenderá a reivindicação de pagamento de abono salarial nem de revogação de demissões.
“O Metrô continuou intransigente. Não apresentou proposta nenhuma, enquanto o MPT apresentou uma proposta de abono para os metroviários e também uma proposta que segue negociações sobre outros itens”, afirmou a presidente do sindicato, Camila Lisboa. A entidade deu prazo até o fim da noite desta quinta-feira para o Metrô ceder. Caso contrário, deve manter a greve nesta sexta-feira (24/3).
Troca de acusações
No meio da tarde, o sindicato acusou o governador Tarcísio de Freitas de descumprir um acordo que teria sido feito com a categoria e decidiu manter a greve que paralisa a operação das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô desde a madrugada desta quinta-feira.
O Metrô anunciou pela manhã que os trens voltariam a circular com catraca livre, o que não ocorreu. A medida seria tomada após um acordo da companhia com os metroviários.
Pouco depois, no entanto, uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) suspendeu a abertura das catracas e determinou a retomada de 80% da operação nos horários de pico e de 60% no restante do dia.
A decisão de manter a greve foi definida em assembleia realizada no início da tarde desta quinta. Segundo o sindicato, 81% de 2 mil trabalhadores votaram a favor da manutenção da paralisação,
O Metrô, por outro lado, afirma que acionou a Justiça “diante da continuidade da paralisação por parte do Sindicato dos Metroviários mesmo com a liberação das catracas”, conforme havia sido acordado.
A decisão do desembargador Ricardo Apostólico Silva determinou a cobrança de uma multa de R$ 500 mil por dia ao sindicato em caso de descumprimento da medida.