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Pela 1ª vez, Theatro Municipal abre ao público segredos dos bastidores

Theatro Municipal de São Paulo abre centro técnico para visitação gratuita. Cenários e figurinos guardam história e segredos dos espetáculos

atualizado

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central técnica theatro municipal sp
1 de 1 central técnica theatro municipal sp - Foto: Valentina Moreira/Metrópoles

São Paulo — Palco dos principais acontecimentos artísticos da história brasileira, o Theatro Municipal de São Paulo ocupa um lugar mítico no imaginário nacional. Localizado no centro da capital, o teatro foi onde o maestro Heitor Villa-Lobos enfrentou vaias ao reger um concerto de chinelos, e Anita Malfatti apresentou pinturas que tirariam noites de sono de Monteiro Lobato – eventos da Semana de Arte Moderna de 1922, que mudariam os rumos da cultura brasileira.

Em seus 113 anos de existência, o Theatro Municipal de São Paulo é uma das principais instituições nacionais de produção cultural.

No entanto, o que por muito tempo foi desconhecido do público é que o sucesso de seus espetáculos depende do trabalho realizado a pouco mais de cinco quilômetros de distância da sede do teatro, na Central Técnica de Produções Artísticas Chico Giacchieri.  

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Central Técnica de Produções Artísticas Chico Giacchieri é aberta para visitação do público
Figurino usado na ópera Carmen
Exposição tem figurinos de 8 montagens da temporada lírica de 1951
Exposição permite conhecer cenário usado na montagem apresentada no Theatro Municipal
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Fachada do Theatro Municipal de São Paulo

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Central Técnica de Produções Artísticas Chico Giacchieri é aberta para visitação do público

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Figurino usado na ópera Carmen

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Exposição tem figurinos de 8 montagens da temporada lírica de 1951

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Exposição permite conhecer cenário usado na montagem apresentada no Theatro Municipal

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Escultura de Atlas foi usado na ópera Rigoletto

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Elemento cênicos ocupam a central técnica

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Exposição busca explicar história das óperas já apresentadas

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Figurinos expostos na central técnica

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Segmento de Artes Cênicas foi o maior beneficiados pelas verbas da Lei Rouanet em 2024

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Nomeado em homenagem ao cenotécnico que comandou a produção cenográfica do Municipal durante as décadas de 1970 e 1980, a central fica na zona leste da cidade, logo atrás do Estádio do Canindé, e é um espaço muito diferente da casa de espetáculo: em vez do lustre de bronze e ouro e das pilastras de mármore, sua estrutura é composta por tubos de luz fluorescente pendurados no teto de quatro galpões de estilo industrial.

Lá, profissionais formulam mecanismos e estruturas gigantes para conseguir transformar um palco de 21,5 metros de largura por 20,5 metros de comprimento no Egito Antigo, em uma caverna, ou na cidade de Veneza, a depender da ambientação exigida por cada espetáculo.

O local, que também abriga grande parte do acervo de cenários e figurinos da história do Theatro Municipal, está aberto para visitas gratuitas desde o final de julho.

Como os espetáculos são feitos

Para cada vez que as cortinas se abrem no Theatro Municipal, uma equipe de cenógrafos precisa definir como o veludo vermelho e as cordas serão posicionados. Se as cordas forem presas ao longo do tecido, a cortina se abrirá de baixo para cima. Se forem fixadas apenas na parte superior, o movimento será como o de uma cortina de chuveiro, deslizando horizontalmente.

Esses detalhes, quase imperceptíveis para quem assiste, podem ser determinantes para a consagração de um espetáculo. Por isso, entendê-los é um dos objetivos da visita ao centro técnico: “Queremos que o público possa ver como é o outro lado, a mecânica, a construção cenográfica, que as pessoas descubram como é o processo de produção de um espetáculo”, explica a diretora do Theatro Municipal Andrea Caruso Saturnino.

Para a diretora, que idealizou o projeto de abertura do espaço ao público, conhecer o centro ajuda as pessoas a entender o sentido de uma história. Ela menciona, por exemplo, o caso da ópera Carmen, de Georges Bizet, que esteve em cartaz no início de 2024 e agora está com seus cenários e figurinos expostos no centro. Na exposição, Carmen, a protagonista da ópera, é apresentada como “A primeira diva pop” e comparada com figuras como Anitta e Madonna.  

“A gente vai colocando todas essas perspectivas de quem é a Carmen em um arco do tempo que você contextualiza o que ela representa. Então, em vez de a gente pensar ‘eu não conecto, é uma obra elitista, é uma ópera’, eu penso, ‘o que é isso? Que história é essa?’ e conecto com o que está acontecendo hoje”, completa a diretora.  

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Movimento das cortinas do teatro depende da forma de amarração do tecido
Andrea Caruso Saturnino, diretora do Theatro Municipal, mostra figurinos da ópera Carmen
Acervo de figurinos do Theatro Municipal não é aberto ao público, mas alguns exemplares estão expostos no Centro Técnico
Etiqueta marcada com "criados negros"
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Visita ao Centro Técnico mostra formas de montagem cenográficas

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Movimento das cortinas do teatro depende da forma de amarração do tecido

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Andrea Caruso Saturnino, diretora do Theatro Municipal, mostra figurinos da ópera Carmen

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Acervo de figurinos do Theatro Municipal não é aberto ao público, mas alguns exemplares estão expostos no Centro Técnico

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Etiqueta marcada com "criados negros"

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Trajes usados pelos sambistas Toniquinho Batuqueiro e Seu Carlão do Peruche quando foram figurantes

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Figurino assinado pelo sambista Heitor dos Prazeres

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Acervo guarda figurinos do espetáculo de Ballet IV Centenário

Os segredos que a central técnica guarda

Além de dar sentido aos espetáculos, o acervo do centro também guarda a face menos glamourosa da história do Theatro Municipal. O coordenador do acervo de pesquisa, Rafael Domingos Oliveira da Silva, conta que durante uma pesquisa sobre os figurinos feitos em uma montagem do espetáculo de “Aida” de 1951, a equipe descobriu que roupas etiquetadas como “criados negros” tinham sido usadas por referências do samba paulista como Toniquinho Batuqueiro e Seu Carlão do Peruche.

“Nessa época, o Municipal tinha o hábito de pegar crianças que trabalhavam no centro para trabalhar como figurantes. Se você olhar a etiqueta dos figurinos dos personagens protagonistas, os nomes dos atores sempre estão registrados, já essas pessoas ficaram invisibilizadas no acervo”, Rafael descreve.

Curiosamente, a Semana de Arte Moderna de 1922 não está representada no acervo – um indicativo, segundo Rafael, de como o movimento foi recebido na época. “ A importância de 22 foi construída depois. A ausência de figurinos e cenários preservados mostra que, na época, o evento não era visto como um grande marco; o mito em torno da semana surgiu mais tarde”, finaliza. 

O prédio onde são armazenados os mais de 25 mil figurinos do acervo do Theatro não é aberto ao público devido ao trabalho delicado de conservação necessário. No entanto, alguns desses figurinos estão exibidos pelas exposições temporárias do centro técnico.

Cada um dessas exposições conta a história de um espetáculo específico, e os temas são alternados conforme a programação do Theatro. A próxima mostra será sobre “Nabucco”, de Giuseppe Verdi, em cartaz na casa de espetáculos. Para visitar o centro, é necessário fazer um agendamento prévio pelo e-mail educacao@theatromunicipal.org.br. 

Visita à Central Técnica Chico Giacchieri

Onde: Central Técnica Chico Giacchieri
Endereço: Rua Paschoal Ranieri, 75 – Canindé, região central
Horário: sessões às 10h e às 14h nas quartas, quintas (para grupos de até 50 pessoas) e sextas-feiras
Preço: grátis
Ingressos: agende por e-mail

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