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“Se eu não sair, vou falir”, diz comerciante sitiada pela Cracolândia

Com dívida de R$ 25 mil, comerciante fecha lojas no centro de SP após 20 anos na região, por causa dos usuários de drogas da Cracolândia

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Usuários de drogas em rua na região da Cracolândia - Metrópoles
1 de 1 Usuários de drogas em rua na região da Cracolândia - Metrópoles - Foto: Renan Porto/Metrópoles

São Paulo — Os três comércios tocados pela empresária Marlize Sorge na República, centro de São Paulo, estão com os dias contados. Depois de 20 anos na região, ela desistiu dos pontos e vai se mudar para o litoral paulista.

“Se eu não sair, vou falir”, afirma Marlize. A empresária acumulou uma dívida de R$ 25 mil de aluguel desde que usuários de drogas da Cracolândia se dispersaram pelo centro da capital paulista.

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Polícias Civil e Militar, a Guarda Civil Metropolitana e funcionários da Prefeitura de São Paulo fazem operação na cracolândia
Objetivo da operação é combater o tráfico de drogas na Praça Princesa Isabel, no centro da capital paulista, nova localização da  cracolândia
Prefeitura de SP cercou em 2022 usuários na Praça Princesa Isabel após Cracolândia migrar para o local
Tentativa da polícia de limpar a Cracolândia em outubro de 2020
Cracolândia: "fluxo" é visto em região do bairro Campos Elíseos, em São Paulo
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Dependentes químicos se concentram em fluxo, perto da Rua Guaianases, no centro de SP

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Polícias Civil e Militar, a Guarda Civil Metropolitana e funcionários da Prefeitura de São Paulo fazem operação na cracolândia

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Objetivo da operação é combater o tráfico de drogas na Praça Princesa Isabel, no centro da capital paulista, nova localização da cracolândia

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Prefeitura de SP cercou em 2022 usuários na Praça Princesa Isabel após Cracolândia migrar para o local

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Tentativa da polícia de limpar a Cracolândia em outubro de 2020

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Cracolândia: "fluxo" é visto em região do bairro Campos Elíseos, em São Paulo

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A presença dos dependentes químicos na região afastou os clientes e derrubou as vendas nos três comércios tocados por ela.

“O centro de São Paulo está sendo destruído”, afirma Marlize. A lojista conta que o proprietário dos pontos tem sido compreensivo com a dívida do aluguel porque entende a complexidade da situação.

Desde que os usuários saíram da Praça Princesa Isabel, no ano passado, os tumultos envolvendo dependentes químicos têm se tornado cada vez mais comuns. Nessa terça-feira (12/7), usuários de drogas atacaram pelo menos seis ônibus e um caminhão na altura da Rua Aurora (veja vídeo).

“Minha funcionária teve que abaixar a porta da loja três vezes ontem [terça]”, afirma a empresária.

Os casos de assaltos e furtos na região também aumentaram. Entre janeiro e maio deste ano, o 3º Distrito Policial, que atende os bairros atingidos pela Cracolândia, registrou 3.438 roubos. Um aumento de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.

O crescimento dos furtos foi ainda maior, quase 23%. Os casos saltaram de 4.209 nos quatro primeiros meses de 2022, para 5.173 em 2023.

Moradora da República há 35 anos, Marlize diz que tem vivido uma rotina de cansaço e medo nos últimos meses tanto no trabalho quanto em casa.

No prédio em que mora, na Rua Vitória, apenas 8 dos 40 apartamentos estão ocupados. Os outros ficaram vazios depois que um grupo de usuários passou 90 dias instalado em frente à fachada. “Tinha que pedir licença para os usuários”, conta a empresária.

Agora, ela alugou uma casa em Bertioga, no litoral paulista, e está em contato com imobiliárias para abrir as três lojas na cidade litorânea.

Comércio prejudicado

O prejuízo enfrentado por Marlize é relatado também por outros comerciantes do bairro. Dono de uma autopeças na Santa Ifigênia há 36 anos, Tiago Garcia diz que o fluxo de usuários tem atrapalhado todas as lojas.

O comércio dele teve uma queda de 50% no movimento no último ano por causa da violência. “O pessoal vem para comprar e é roubado”, afirma o empresário.

Tiago diz que tenta negociar uma redução no aluguel, mas até agora não teve sucesso.

Um comerciante da Rua Conselheiro Nébias que preferiu não se identificar conta que a proprietária do ponto interrompeu a cobrança do aluguel por causa da Cracolândia.

“Ela mesma já falou: ‘nem paga enquanto não resolver o problema aí’”, afirma o lojista. Ele diz que outros proprietários têm feito acordos do mesmo tipo com seus locatários por medo de não conseguir novos lojistas para os pontos.

“Se fechar a loja não aluga. Aí fica com a loja fechada, tem que fiscalizar para ninguém roubar, para não entrar”, diz o comerciante.

O Metrópoles questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre a segurança na região. A pasta afirma que desde o início do ano, tem atuado para combater a criminalidade na área central da capital.

“O policiamento ostensivo foi ampliado, com o incremento de 120 militares a mais diariamente, além do trabalho de investigação por meio das operações, que permitiram o aumento do número de prisões na área”, diz a nota.

Segundo a SSP, a área da 1ª Seccional, responsável pelo centro, teve aumento de 46,79% no número de prisões nos cinco primeiros meses do ano (2.933), quando comparado ao mesmo período do ano passado (1.998).

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