SP: cobertura vacinal de sarampo é 72%; “baixíssima”, diz especialista
OMS emitiu um relatório classificando sarampo como “ameaça global iminente” e alertou que cobertura vacinal contra a doença deve ser de 95%
atualizado
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São Paulo – A cobertura vacinal no estado de São Paulo da tríplice viral, que previne sarampo, caxumba e rubéola, está em 72,4%, para a faixa etária de um ano, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina deveria ter sido tomada por 95% desse público prioritário.
“Extremamente preocupante aqui no estado de São Paulo uma cobertura baixíssima em torno de 70% de uma população pediátrica, que é o alvo principal do sarampo”, avaliou Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Durante a pandemia chegou em 85, 87% e já nos preocupava. Agora esse desastre total”, disse.
Inclusive, o sarampo foi classificado como uma “ameaça global iminente” em um relatório divulgado, nessa quarta-feira (22/11), pela OMS e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Alta transmissão e gravidade
Erradicação
O especialista em infectologia relembrou que o Brasil já teve o certificado de erradicação da doença, mas perdeu a condição devido as baixas coberturas vacinais.
Na avaliação de Alexandre Naime, caso o sarampo se instale novamente de forma sustentada, a doença pode chegar a causar a “morte de centenas a milhares de crianças, idosos e imunosuprimidos”.
Imunidade de rebanho
O vice-presidente da SBI explicou que o conceito de imunidade de rebanho se aplica ao sarampo, porque a vacina tríplice viral evita que a pessoa imunizada volte a ser contaminada pelo vírus.
Diferentemente, das vacinas de Covid que previnem apenas complicações da infecção, mas não impedem que o paciente seja infectado novamente.
“Quem é vacinado contra a Covid pode pegar a Covid, transmite Covid. Assim, a o benefício maior é não ter Covid grave. Contra o sarampo é diferente. As vacinas contra sarampo, rubéola, caxumba conseguem impedir a transmissão”, explicou.
O infectologista esclareceu que a cobertura vacinal acima de 95% permite criar um “cinturão de proteção inclusive para pessoas que não foram vacinadas”, a chamada imunidade de rebanho.
Secretaria de Saúde
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirmou que a campanha de multivacinação segue até quarta-feira (30/11) com o “objetivo de atualizar a caderneta de vacina de crianças e adolescentes até 15 anos”.
De acordo com o órgão, desde o início da campanha, em agosto, mais de 1,3 milhão de doses da vacina tríplice viral foram aplicadas. O imunizante, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está disponível continuamente nas unidades de saúde.
“Para ampliar a imunização da população, a pasta estadual acaba de repassar para os municípios R$ 93 milhões. Parte destes recursos serão utilizados para que as prefeituras de todo o estado realizem busca ativa pelos casos de sarampo”, disse a pasta em nota.
A SES não explicou no comunicado, contudo o governo de São Paulo anunciou em 11/11 que R$ 46,5 milhões seriam usados pelos municípios no combate à dengue e R$ 46,5 milhões para ampliar a vacinação contra Covid-19, sarampo e poliomelite.