São Sebastião: chuva alaga área que terá casas para desabrigados em tragédia
Chuva desta terça-feira alagou terreno onde serão construídas moradias para quem perdeu a casa na tragédia de São Sebastião, no Carnaval
atualizado
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São Paulo — As chuvas que atingiram São Sebastião (SP) nesta terça-feira (13/6) alagaram até mesmo o terreno onde serão construídas as casas para as famílias que perderam tudo com a tragédia ocorrida no litoral norte no Carnaval deste ano, que deixou 65 mortos.
Moradores contam que estão apavorados com a situação e criticam a demora das autoridades para apontar uma solução para a região. Nesta terça, encostas próximas à praia da Barra do Sahy, epicentro da tragédia de fevereiro, voltou a registrar deslizamentos de terra por causa da chuva.
Epicentro da tragédia em SP, Vila e Barra do Sahy escancaram os extremos do Brasil
“Aí, ó, R$ 93 milhões investidos. Se for CDHU [conjunto habitacional], beleza. Mas está mais para piscinão, viu”, afirmou, em vídeo, um homem enquanto caminhava com a água na altura do joelho, na tarde desta terça, em terreno onde serão construídas as moradias na região do bairro Baleia Verde.
Líder comunitário na Vila do Sahy, Moisés Teixeira, de 37 anos, conta que as obras pioraram a situação em um local que já era afetado por alagamentos anteriormente. “Tinha que fazer uma espécie de viaduto, com drenagem grande por baixo da pista [Rodovia Rio-Santos]. Já alagava e está pior agora. Não tem vazão de água, não tem projeto. A gente fica sem entender nada”, afirma.
Segundo Teixeira, o único ponto por onde a água pode passar é insuficiente para drenar todo o terreno. “Até uma criança sabe que não tinha a condição de fazer ali. Ou, antes de fazer a obra, deveriam ter providenciado um sistema de escoamento”, afirma.
Na Rodovia Rio-Santos, que corta o litoral norte, a situação também é de risco iminente. Já houve deslizamentos de terra em Toque-Toque Pequeno, na serra de Juquehy e no trevo de Barra do Sahy e Vila do Sahy, segundo a defesa civil de São Sebastião.
Presidente da Associação dos Moradores da Vila do Sahy, Evanildes Andrade, a dona Ildes, afirma que todos estão em situação de alagamento no bairro. “Estou me sentindo apreensiva, ligando e conversando com moradores em áreas de risco”, disse.
Segundo dona Ildes, até o início da noite, entretanto, ninguém havia deixado a própria casa para se abrigar na escola da região.
Drenagem
A Prefeitura de São Sebastião afirmou que a área alagada é na entrada do bairro e, junto com a chuva, houve o fenômeno de maré alta. “Em relação ao local onde são construídas as moradias habitacionais, é importante destacar que 50% do investimento de infraestrutura serão para obras de drenagem e macrodrenagem, sendo realizadas também pelo governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU)”, disse, em nota.
Já o governo estadual, por meio da CDHU, disse que o alagamento desta terça é reflexo das chuvas acentuadas em toda região. “Cabe esclarecer que o terreno do empreendimento no bairro Baleia Verde, em São Sebastião, é um local seguro e plano”, afirmou, em nota.
Segundo a CDHU, o projeto em execução já prevê a elevação da cota de implantação das edificações do empreendimento, que segue o cronograma normal. “A CDHU reafirma a segurança e vem trabalhando em conjunto com os órgãos envolvidos nas obras para resolução desta questão, especifica, de macrodrenagem”, disse.