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Sangue nas fezes: Cupertino afirma ter sido vítima de “envenenamento”

Paulo Cupertino enviou carta à presidência do TJSP na qual alega inocência pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem

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Homem com máscara cirúrgica preta abaixo do nariz, ladeado por policiais - Metrópoles
1 de 1 Homem com máscara cirúrgica preta abaixo do nariz, ladeado por policiais - Metrópoles - Foto: Reprodução/Band

São Paulo – Em uma carta encaminhada ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Paulo Cupertino Matias afirma que teria sido vítima de tentativa de “envenenamento” com uma suposta introdução de vidro moído em sua comida (veja galeria abaixo).

Isso, de acordo com ele, que está preso pelo assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem — crime que aconteceu em 2019 na zona sul paulistana — teria acontecido quando o acusado estava encarcerado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Belém, na zona leste da capital paulista.

“Sofri uma tentativa de envenenamento. Minha comida vinha com vidro moído e depois de alguns dias comecei a vomitar e defecar sangue. Pedi socorro médico e relatei ao agente, na época, pelo codinome Carvalho, e nada foi feito e assim optei em não comer mas [sic] o que era me dado”, escreveu Cupertino.

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Ele foi acusado há três anos de triplo homicídio qualificado
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Paulo Cupertino em sítio em Mato Grosso do Sul

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Como mostrado pelo Metrópoles, ele remeteu uma carta de nove páginas à presidência do TJSP, em 30 de junho de 2023, na qual alega ser inocente e, por isso, solicita para acompanhar o desenrolar do processo em liberdade.

Cupertino segue atrás das grades e será submetido a um júri popular, no próximo dia 10, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

A carta foi escrita na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, para onde ele foi transferido em 7 de junho de 2022.

Transferência para Penitenciária

No manuscrito, ele ainda explica como supostamente teria ocorrido sua transferência. Em decorrência da negativa em comer, Cupertino alega que começou a perder peso e foi levado à administração do CPD.

No local, ele diz que foi interpelado por uma mulher, a qual seria advogada da unidade, e também pela diretoria reclamando da concentração de jornalistas na entrada do CDP — decorrente da presença do acusado no local, cujo crime repercutiu nacionalmente.

Ele diz que, por isso, teria sido obrigado a assinar transferência para Presidente Venceslau. Antes, Cupertino afirma que conversou por vídeo com um defensor público o qual teria dito que “tomaria providências” sobre a situação.

“Dias depois veio a surpresa. Fui retirado cedo da cela onde estava, sem nenhuma explicação, e algemado [nos] pés e mãos e ameaçado dentro de uma caminhonete de transporte de presos.”

Ele acrescenta que viajou por cerca de 10 horas, sem parada, e “sem saber para onde [era levado]”.

“Quando cheguei ao destino veio a pergunta já lá [presídio], se eu sabia onde estava. Veio a resposta, junta com xingamentos e piadas: Presidente Venceslau. Nada entendi e nem falei, só segui os procedimentos e tudo o que me mandavam.”

O preso diz, ainda, que foi colocado em uma cela “suja e fria” na qual ficou por 26 dias isolado. “Além da minha inocência no que me acusam, esse é um dos motivos a que clamo por minha liberdade e o pedido de habeas corpus”, argumenta ele.

Cupertino, então, solicitou para que o juiz viabilizasse a instauração de uma investigação sobre “todas as barbarias [barbaridades]” que teriam ocorrido com ele dentro do sistema prisional.

Administração Penitenciária

Ao Metrópoles a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) afirmou, em nota, que Paulo Cupertino não relatou à direção do CPD de Belém sobre a suposta introdução de vidro em sua comida.

“Também não solicitou atendimento à enfermaria, o que se mostra incompatível com alguém que diz ter engolido vidro moído. Ele, no período de sua custódia no CDP, teve sua integridade física e psicológica preservadas, sem qualquer queixa de saúde”.

Ele permaneceu no local entre 17 de maio e 7 de junho de 2022, quando foi transferido para o Presídio de Presidente Venceslau, no interior paulista.

O crime

De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, que na época tinha 22 anos, o pai dele João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, 50, porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos.

Os assassinatos ocorreram em Pedreira, zona sul paulista. Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas.

Paulo Cupertino foi acusado de triplo homicídio qualificado. Depois do crime, fugiu para o Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai. Ele foi preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel.

Filha de Cupertino

Isabela Tibcherani, filha de Paulo Cupertino, estava com o então namorado no momento do crime. Na época, a jovem revelou que o pai era possessivo e odiava mulheres. Além disso, Isabela se disse surpresa por não ter sido também atingida pelos tiros.

“Ainda não consigo acreditar, mas estou me esforçando. Juro que o máximo que pensei que fosse possível era meu pai sair na mão [briga de socos]. Mas quando eles [Rafael e os pais] chegaram, ele me mandou entrar e começou a atirar”, declarou a namorada de Rafael em entrevista em 2019.

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