Sangue e arma: as suspeitas de homicídio no caso da secretária da Apae
Presidente da Apae foi preso nessa quinta-feira (15). A Deic de Bauru trata o caso como homicídio e procura pelo corpo de Claudia Lobo
atualizado
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São Paulo — A Polícia Civil encontrou vestígios de sangue humano e o estojo de uma pistola calibre 380 no carro em que o presidente da Apae de Bauru, Roberto Franceschetti Filho, de 36 anos, esteve com Claudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, secretária-executiva da entidade no interior de São Paulo. Ela está desaparecida há 10 dias.
Franceschetti foi preso temporariamente nessa quinta-feira (15/8). A Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Bauru trata o caso como homicídio e procura pelo corpo de Claudia, que é funcionária da Apae há 20 anos.
Segundo documento policial obtido pelo Metrópoles, os policiais localizaram imagens de Claudia ao volante de uma GM Spin estacionando ao lado de um terreno na Rua Maestro Oscar Mendes, no Jardim Pagani, um bairro afastado de Bauru.
Nas imagens investigadas pela polícia, Roberto Franceschetti Filho sai do banco do passageiro e passa para o do motorista, e logo depois Claudia entra no banco de trás. Foi exatamente no banco traseiro que estavam os maiores vestígios de sangue, de acordo com laudo pericial.
Além disso, a polícia encontrou no veículo o estojo de uma pistola calibre 380, que posteriormente foi apreendida na residência de Franceschetti. A arma estava em um cofre sem munição, com três carregadores, uma cartela nova de munições e três projéteis.
Na análise do histórico de chamadas do telefone de Roberto, existem movimentações “em locais ermos e na Rodovia Bauru-Arealva”, além da presença do presidente da Apae na mesma região em que o veículo foi abandonado, na Vila Dutra, minutos após o carro ser abandonado.
Foram apreendidos, ainda, o telefone celular, Apple Watch e o veículo do investigado, para análise de rota na data do crime e de vestígios internos.
Entenda o caso
Em 6 de agosto, imagens de câmera de segurança flagraram a funcionária deixando o prédio onde fica o escritório administrativo da entidade, com um envelope na mão, em direção ao mesmo carro, uma Spin branca (veja abaixo). Esse foi o dia em que Claudia foi vista pela última vez.
Ela saiu, sozinha, sem os documentos e o aparelho celular, e teria dito a outra funcionária da Apae que resolveria questões relacionadas ao trabalho. De acordo com o delegado Cledson Nascimento, provavelmente o telefone ficou lá para que Claudia não pudesse ser rastreada.
“Nós conseguimos imagens em que verifica-se que ele [Roberto Franceschetti] também está no veículo com ela. Provavelmente ela o pegou numa outra região da cidade”, afirma o delegado Cledson Nascimento.
Como as investigações seguem em sigilo, as hipóteses da polícia sobre as motivações do crime não puderam ser divulgadas.
O que diz a Apae
Em nota divulgada nessa quinta-feira (15), a Apae de Bauru informou que “se surpreendeu com a notícia do envolvimento de Roberto Franceschetti Filho no desaparecimento de Claudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, funcionária da entidade”.
“A diretoria executiva vem a público esclarecer que o fato não tem relação com os serviços prestados”, diz o comunicado assinado pela nova presidente da entidade, Maria Amélia Moura Pini Ferro.
Em 8 de agosto, dois dias após o desaparecimento de Claudia Lobo, o próprio Roberto Franceschetti Filho, então presidente da Apae, assinou uma nota em que lamenta o desaparecimento da funcionária. “Todo o corpo diretivo tem se empenhado em prestar o máximo auxílio necessário às autoridades competentes, que seguem empenhadas nas buscas por sua localização”, escreveu.
“A associação também está prestando apoio à família da funcionária na esperança de seu encontro”, diz o comunicado, que disponibilizou um número de telefone da polícia para quem tivesse informações.
O que diz a defesa
Procurada pelo Metrópoles, a defesa de Roberto Franceschetti Filho informou que o presidente da Apae “não prestou depoimento até o presente momento” e que não teve ainda “acesso ao conteúdo da investigação”.
Como o inquérito policial está em segredo de Justiça, o advogado afirmou que não pode se manifestar sobre as investigações.