Samara Felippo sobre episódio com filha: “Não existe racismo reverso”
Filha mais velha da atriz foi vítima de racismo na escola onde estuda, em São Paulo; Samara Felippo falou nas redes sociais sobre agressão
atualizado
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São Paulo — A atriz e produtora Samara Felippo publicou em uma rede social neste domingo (28/4), uma mensagem de agradecimento ao apoio e carinho que vem recebendo após revelar que a filha mais velha é vítima de racismo no colégio onde estuda, a Escola Vera Cruz, na zona oeste de São Paulo.
O estabelecimento de ensino é um dos mais tradicionais da capital paulista. De acordo com o site da escola, as mensalidades para alunos do 6º ao 9º ano custavam R$4.928,00 em 2023.
No texto do Story no Instagram, Samara alerta que crianças e adolescentes brancos não sofrem racismo.
“Podem sim ser excluídas, sofrerem bullying entre outras violências mas NÃO EXISTE RACISMO REVERSO”, escreveu.
Ela também postou um trecho da participação do ator negro Diogo Almeida no programa Sem Censura, da TV Brasil. No recorte publicado por Samara, Diogo fala sobre a importância de ações e de profissionais capacitados para incluir crianças negras nas escolas. “A escola que se diz inclusiva, que ela seja genuinamente inclusiva”, diz o ator.
No vídeo, Diogo faz uma analogia: “Se você pega uma orquídea e coloca no seu jardim, e tem uma árvore, você vai escolher o lugar para colocar essa orquídea. Se você colocar essa orquídea ali no chão, junto com a margarida, ela vai morrer”.
Ofensa em caderno
A filha mais velha de Samara Felippo – que é negra, tem 14 anos e estuda no 9º ano – foi vítima de racismo na última segunda-feira (22/4). Segundo relato da mãe, duas alunas da mesma série roubaram o caderno da sua filha, arrancaram todas as páginas de um trabalho de pesquisa e escreveram a frase “c* preto”. O caderno foi devolvido para o Achados e Perdidos em seguida.
De acordo com a atriz, os “atos hostis e excludentes” contra a sua filha “vêm sendo cada vez mais violentos e reincidentes” na escola. Ela relata que a estudante já era “excluída de trabalhos, grupos, passeios”, mas “aceitava qualquer migalha e deboche” porque “queria fazer parte de uma turma”.
Ela pediu à escola a expulsão das alunas acusadas de racismo.
Escola confirma racismo
Em comunicado interno, o Vera Cruz confirma a agressão racista e diz que tem se comunicado “muito intensamente com as famílias das alunas envolvidas”.
Segundo a escola, ao recuperar o caderno, a filha de Samara Felippo procurou a professora e a orientadora da série. “Imediatamente foram realizadas ações de acolhimento à aluna, de comunicação a todos os alunos da série, bem como a suas famílias”, afirma.
“Nos dias seguintes, outras ações foram empreendidas, sempre no sentido de acolher a aluna que foi vítima dessa agressão, bem como no sentido de garantir que as alunas agressoras entendessem a dimensão do que haviam feito”, registra.
De acordo com a mensagem, as alunas agressoras foram proibidas de participar de uma viagem do colégio e estão suspensas desde a quinta-feira (26/4). A sanção é por tempo indeterminado.
“A suspensão se encerrará quando entendermos que concluímos nossas reflexões sobre sanções e reparações, que ainda seguimos fazendo – fato também comunicado a todas as famílias diretamente envolvidas”, diz.
“Ressaltamos que outras medidas punitivas poderão ser tomadas, se assim julgarmos necessárias após nosso intenso debate educacional, considerando também o combate inequívoco ao racismo”, afirma. “A escola nunca havia tomado conhecimento de qualquer atitude racista de ambas as alunas. Ações de reparação ainda serão definidas.”