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Saidinha de metrô: passageiros relatam rotina de assaltos em estações

Publicitário foi três vezes abordado violentamente em frente à estação Sumaré do metrô; universitário foi roubado na escadaria das Clínicas

atualizado

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1 de 1 clinicas-metro-roubos - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – O publicitário Felipe Alcantara Ferro, de 22 anos, colocou em prática as técnicas de jiu-jitsu treinadas durante cinco anos, ao ser abordado por dois criminosos no momento em que saía da estação Sumaré, da Linha 2-Verde do Metrô, no último dia 14 de março.

A área de acesso à estação, próxima a um ponto de táxi na zona oeste paulistana, virou ponto de assaltos praticamente diários, segundo passageiros que pegam o metrô com frequência na região. Uma prática criminosa semelhante às conhecidas saidinhas de banco.

Felipe conta ter sido abordado três vezes por uma dupla de bandidos apenas entre o fim de dezembro de 2022 e o início da semana passada. Só não teve nenhum pertence roubado porque reagiu em todas as ocasiões, para se desvencilhar dos criminosos.

No caso da semana passada, ele já havia guardado o celular quando foi abordado por um ladrão, assim que terminou de subir uma escadaria que dá acesso a um ponto de táxi.

“Um cara grudou em mim e falou que era um assalto. Sem [mostrar] arma nem nada diretamente, só grudou e tentou enfiar a mão no meu bolso. Nesse momento, dei uma desligada. Fiz cinco anos de jiu-jitsu e, quando vi, já tinha puxado ele pra minha guarda. Caímos no chão. Aí vi a arma dele caindo pro outro lado”, relembra o publicitário.

Outro criminoso tentou dar um chute nas costelas de Felipe, que afirmou ter segurado a perna dele, mantendo os dois bandidos imobilizados. “A dinâmica de tudo foi muito rápida. Entre eu esconder o celular, ser abordado, reagir e os caras fugirem, foi coisa de segundos.”

A dupla saiu correndo assim que percebeu o pai do jovem chegando de carro. O homem também já foi alvo de bandidos, que levaram sua aliança quando ia buscar o filho na estação, no início deste ano.

Felipe costuma sair do trabalho no período noturno, chegando na estação Sumaré por volta das 22h. Antes das tentativas de roubo, ele caminhava cerca de 15 minutos até a sua casa.

“Mas agora, sabendo do perigo de assaltos na Sumaré, não volto mais a pé. Meu pai vem me buscar”, afirmou.

O pai do jovem decidiu dar caronas para o filho depois de ouvir, por telefone, a segunda tentativa de roubo sofrida por Felipe. O publicitário falava com o pai quando subia as mesmas escadarias da estação e foi abordado por um ladrão. O jovem conseguiu descer as escadas e frustrou a ação do bandido.

Na primeira abordagem sofrida por ele na Sumaré, também subindo as escadarias, o assalto não deu certo porque um segurança da estação apareceu de repente.

Felipe não registrou boletim de ocorrência em nenhuma das ocasiões, o que causa uma subnotificação dos crimes. Mesmo assim, os casos de roubos subiram 89% na região em janeiro deste ano, em relação ao mesmo mês de 2019 — período pré-pandemia — segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Depois de tantas abordagens, o jovem conta que não usa mais a estação Sumaré como ponto de destino do trabalho.

Criminosos costumam abordar vítimas em escadaria da estação Sumaré, na zona oeste de SP

Escadaria das Clínicas

Ainda na Linha 2-Verde, um estudante da Pontifícia Universidade Católica (PUC) foi assaltado nas escadarias da estação Clínicas, no último dia 16, de acordo com testemunhas.

Ele foi abordado por três criminosos, por volta das 17h, que levaram tudo o que ele carregava.

Os bandidos, segundo moradores da região, costumam abordar passageiros do metrô no momento em que eles saem das estações, entre o fim da tarde e o início da noite. Durante o dia, os criminosos circulam pelo bairro, provocando insegurança na região de Perdizes.

Ainda no dia 16, um jovem de 17 anos foi alvo de sete criminosos, quando a vítima voltava da academia. A abordagem ocorreu na esquina das Ruas Piracuama e Aimberê.

Segundo os pais do rapaz, ele foi jogado no chão e espancado pelo grupo, que tentou pegar sua bolsa, onde havia celular, carteira, tênis e tablet. A vítima conseguiu se desvencilhar dos bandidos e fugir correndo.

Ele também ficou com marcas da violência sofrida no corpo (veja abaixo).

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Jovem de 17 anos ficou ferido após ser abordado por criminosos na região de Perdizes, na zona oeste de SP
Jovem de 17 anos ficou ferido após ser abordado por criminosos na região de Perdizes, na zona oeste de SP
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Jovem de 17 anos ficou ferido após ser abordado por criminosos na região de Perdizes, na zona oeste de SP

Arquivo Pessoal
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Jovem de 17 anos ficou ferido após ser abordado por criminosos na região de Perdizes, na zona oeste de SP

Pai e filha traumatizados

Uma tentativa de roubo no último dia 9 traumatizou pai e filha, que foram perseguidos por dois criminosos armados na saída da estação Sumaré. Segundo as vítimas, os roubos de passageiros são diários e falta policiamento ostensivo na região.

Antes da abordagem criminosa, a secretária Juliana Ponciano da Silva, de 27 anos, era levada de carro de segunda à sexta-feira pelo pai, o zelador Jefferson Mansano da Silva, de 49 anos, à estação Sumaré, de onde partia para a Ana Rosa, na mesma linha. No fim do dia, ela retornava pelo mesmo trajeto e se encontrava com o pai ao lado da estação da zona oeste.

Depois da tentativa de roubo, ela passou a desembarcar uma estação adiante, na Vila Madalena.

“Disseram [polícias Civil e Militar] que não podiam fazer nada sobre a violência e tiveram a audácia de falar que não tinha praticamente roubo na região. Quando falei que tinha sido vítima, cobraram o boletim de ocorrência e eu falei que tinha feito. Aí eles não souberam o que falar. É mentira atrás de mentira, gente que não resolve nada e continua a impunidade, não é?”, desabafou Juliana.

Um roubo a cada quatro horas

Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram registrados 210 roubos na região de Perdizes em janeiro deste ano. Isso representa um crime a cada quatro horas. Comparando com os 111 assaltos no mesmo mês de 2019, ano pré-pandemia, houve um aumento de 89%.

Em 2022, foram registrados 3.162 roubos na área, alta de 52,3% em relação aos 2.075 casos de 2019, e de 73,3% ante os 1.824 de 2021.

A tentativa de assalto sofrida por Juliana e seu pai foi registrado por meio da delegacia eletrônica e está sendo investigada pelo 23º DP (Perdizes).

Polícia Militar

Procurada pelo Metrópoles, a Polícia Militar afirmou que “para inibir as ações citadas” na região das estações Sumaré e Clínicas realiza “pontos de estacionamento”, além de patrulhamento com carros e motos, e Base Comunitária de Segurança Móvel (BCM).

A PM ainda destaca a importância de as pessoas registrem boletins de ocorrência caso sejam vítimas de crimes.

“A Polícia Militar trabalha pautada nos indicadores criminais para programar as medidas de controle da criminalidade nos locais que apresentam maior incidência criminal.”

Metrô

Já o Metrô de São Paulo, responsável pela operação das linhas, afirmou que, após tratativas com o Conselho de Segurança do bairro, instalou, “recentemente”, uma câmera de monitoramento no entorno da estação Sumaré.

A companhia acrescentou que “não há registros recentes” de roubo “na área interna desta estação.”

“Os agentes de segurança do Metrô realizam rondas em todas as áreas das estações e atuam de imediato após serem acionados”, diz trecho de nota.

Denúncias podem ser feitas por SMS pelo número (11) 97333-2252 ou pelo aplicativo Metrô Conecta.

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