Sabesp encontra pinos de cocaína em poço que acessa esgoto em Santos
Vereador de Santos publicou fotos de acesso a esgoto repleto de pinos de cocaína e sujeira. Droga chega a impactar ecossistema local
atualizado
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São Paulo — O vereador de Santos, Benedito Furtado (PSB), publicou fotos em seu Instagram de poços de visitação, que permitem acesso à rede de esgoto da cidade litorânea, repletos de pinos de cocaína. A sujeira foi encontrada pela Sabesp durante serviço de manutenção na manhã de sexta-feira (3/1).
“Ontem, fomos (o poder público) acionados para resolver um problema de vazamento em um poço de visitação da Sabesp, no cruzamento das avenidas Waldemar Leão com Rangel Pestana. Aproxime as fotos e vejam o que a equipe encontrou: centenas, senão milhares de pinos de cocaína”, disse o vereador.
Em nota ao Metrópoles, a Sabesp alertou que o descarte incorreto de materiais – como embalagens plásticas, lenços, cotonetes, preservativos, gordura, entre outros – por meio de vasos sanitários, pias ou tanques, prejudica o funcionamento da redes coletoras. “Lugar de lixo é no lixo”, destacou a companhia.
Cocaína em Santos
A Baixada Santista é a principal região de escoamento da cocaína que passa pelo Brasil e é comercializada em outros continentes, como Europa, África e Ásia. O Primeiro Comando da Capital (PCC) é o grupo responsável pela venda da droga no local — negócio que rende bilhões para a facção criminosa.
Por isso, a presença de cocaína no litoral sul de São Paulo é bastante significativa. Um balanço inédito da Receita Federal (RF) revelou que, em um período de cinco anos, 48% da cocaína apreendida pelo órgão em todo o território nacional estava no Porto de Santos.
A quantidade de droga na região é tamanha que passou a impactar o ecossistema local.
Um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou a presença de cocaína na água do mar, na areia da praia e em organismos marinhos de todo o litoral paulista. Mexilhões e ostras, por exemplo, sofreram alterações no DNA por conta contaminação.
Outra pesquisa, dessa vez da Universidade de São Paulo (USP) e publicada em 2024, identificou 15 componentes químicos de diferentes concentrações no mar do litoral norte paulista — dentre eles, cocaína.
Assinado pela doutora em ciências Luciana Frazão, do Instituto de Oceanografia, o estudo analisou amostras da água marítima. A principal suspeita acadêmica é de que as substâncias tenham chegado ao oceano pelo esgoto, por meio de urina e fezes humanas.