Veja onde e quando mais ocorrem os roubos e furtos a residências em SP
Ladrões entraram em 2.600 residências em SP de janeiro a agosto deste ano; bairros nobres da zona oeste lideram ranking de roubos e furtos
atualizado
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São Paulo — A publicitária Marina (nome ficctício), de 54 anos, foi surpreendida neste ano com a invasão à casa onde mora há mais de 15 anos, na zona oeste de São Paulo. A família acordou durante a madrugada com cinco homens dentro da residência. Eles roubaram aparelhos eletrônicos, joias e roupas.
“Foi um susto gigante. Tentei entender o que estava acontecendo, ficar calma e atender a tudo o que estavam pedindo, apesar de ter muito medo”, diz. “Eles queriam cofre, dinheiro, coisas que não tínhamos para oferecer. A gente sabe que isso, inclusive, é um risco”, lembra.
A publicitária conta que não houve violência física, mas não faltaram ameaças por parte dos ladrões, sempre com arma na mão. A família percebeu que a quadrilha era profissional e que conhecia bem sistemas de segurança. “Tinha um chaveiro entre eles, que abriu portas sem arrombar. Eram bem especializados”, diz.
O receio de assalto sempre existiu, mas Marina conta que após uma década e meia vivendo no mesmo lugar houve um relaxamento natural em relação à segurança.
“À medida que os anos foram se passando, nos sentimos mais seguros. Moramos em um lugar que não é deserto, tem uma guarita na porta de casa”, diz. “Apesar de temer e saber que existe esse tipo de crime, fomos relaxando com o tempo, estamos aqui há 15, 16 anos, e nunca tinha acontecido, como se isso fosse uma validação para nunca acontecer”.
O roubo fez a família reformar e reativar todo o sistema de segurança da casa para evitar novos assaltos. Nos dias seguintes, outras duas casas vizinhas também foram invadidas por ladrões. Os crimes na região ajudaram a engrossar a estatística.
Entre janeiro e agosto, foram ao menos 2.600 furtos e roubos a residências na capital paulista, segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Até mesmo a casa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na zona sul, foi alvo de uma tentativa de assalto no mês passado, enquanto ele dormia.
O Metrópoles analisou os dados da estatística oficial na cidade de São Paulo e constatou os bairros e os horários mais visados pelos assaltantes.
Horários
Segundo os dados criminais da SSP, o período da tarde (31,3%) é aquele que desponta com a maior incidência de roubos e furtos a residências, seguido pela madrugada (27,5%).
O levantamento aponta também que domingo é o dia da semana com maior número de ocorrências (17,3%).
Os dois distritos policiais que lideram o ranking de roubos e furtos a residências são responsáveis por bairros nobres da zona oeste de São Paulo. O primeiro colocado é o 34º DP (Morumbi) e o segundo é o 14º DP (Pinheiros).
O terceiro lugar fica com o 16º DP (Vila Clementino), onde está a casa do ministro da Fazenda Fernando Haddad, alvo de criminosos em setembro.
Veja os bairros com mais casos:
- 34º DP (Morumbi) – 83
- 14º DP (Pinheiros) – 69
- 16º DP (Vila Clementino) – 65
- 6º DP (Cambuci) – 63
- 10º DP (Penha de França) – 62
- 51º DP (Rio Pequeno) – 62
- 64º DP (Cidade A.E. Carvalho) – 55
- 27º DP (Campo Belo) – 52
- 73º DP (Jaçanã) – 50
- 39º DP (Vila Gustavo) – 49
A reportagem usou como base a planilha de dados criminais da SSP, tendo como descrição de conduta exclusivamente os roubos e furtos a residências.
O que dizem as autoridades
A SSP afirma que houve queda tanto na Capital (24%) quanto na região da Grande SP (13%) nos casos de roubos a residência, consequência de um fortalecimento das ações policiais implementadas desde o começo do ano.
A pasta diz que a Polícia Civil, por meio da 4ª Delegacia de Roubos e Furtos a Residências e Condomínios, da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio do Deic, realiza ações constantes visando a identificação de quadrilhas especializadas em roubos e furtos a residências e condomínios.
“De janeiro a setembro de 2023, 110 Inquéritos Policiais foram instaurados, com 79 prisões preventivas, 75 prisões temporárias, 30 presos em flagrante. Além disso, em 34 casos esclarecidos por reconhecimento das vítimas houve 71 inquéritos concluídos com autoria conhecida. A especializada também apura a ação de receptadores dos objetos subtraídos, principalmente joias de alto valor, relógios e bolsas de alto valor comercial, com o objetivo de desmantelar a cadeia ilícita que motiva esses crimes”, afirma, em nota.